O Brasil com necessidades educacionais especiais se encontra na Uninter

Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo

O Censo 2010 do IBGE revela que 24% da população brasileira têm alguma deficiência. Mas nem todos têm o direito à educação assegurado em escolas e instituições de ensino superior. A julgar pela estrutura que criou e pelo número de alunos com deficiência que atende, a Uninter tem desempenhado bem a sua política de inclusão.

Dois mil alunos de todos os estados brasileiros já estudaram ou estão estudando na Uninter nas modalidades semipresencial, presencial e educação a distância (EAD). Atualmente, estão matriculados 908 alunos com surdez, deficiências física, visual e intelectual, transtorno global de desenvolvimento e deficiência múltipla (veja no mapa abaixo de quais estados eles são).

Na Uninter essas pessoas encontraram uma estrutura que oferece a eles todo o apoio necessário para estudar e ter uma profissão. A instituição dispõe desde 2006 do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (SIANEE). Não fosse um setor especializado como este, muitas pessoas nem sonhariam com a possibilidade de ingressar no ensino superior por falta de apoio.

Com uma história e tanto para contar, Maurício Dumbo é um exemplo de como o SIANEE foi e continua sendo decisivo na vida dessas pessoas. Ele se formou em Direito na Uninter em 2015 e foi medalhista de ouro nos jogos Paralímpicos de 2016 no Futebol de 5 para cegos. Em 2017, concluiu a pós-graduação em Direito Processual Civil na instituição.

A cidadania de Maurício

Nascido em Angola, teve sarampo na infância e chegou a passar fome. Mas, no Brasil, com apoio da coordenadora técnica do SIANEE, Leomar Marchesini, conseguiu a cidadania brasileira e pôde terminar o curso. “Graças à Leomar, conheci a Uninter. Ela foi a grande interventora ao fazer essa ponte”, reconhece.

São histórias como essa que mostram a importância do SIANEE na vida dos alunos. “Para eles, o nosso apoio é essencial. Eles sabem que têm toda a proteção e recursos necessários com profissionais especializados para atendê-los”, explica Leomar.

Ela também conta como foi a chegada de Maurício na Uninter e o apoio dado ao aluno. “Ele vivia junto com os demais angolanos no Instituto Paranaense de Cegos e veio para a Uninter para realizar seu sonho, começando a cursar Direito”.

Mas o SIANEE ainda tinha a tarefa de auxiliar Maurício para que concluísse o curso, por causa da sua deficiência visual total. “Adaptamos todo o material para ele e orientamos os professores na sala de aula, que trabalhavam com um software leitor de tela no notebook, para facilitar o aprendizado”, diz Leomar.

No meio dessa jornada, surgiu um problema. O Consulado angolano solicitou que ele voltasse ao país de origem. Porém, ele queria continuar estudando no Brasil e tinha apoio de sua mãe. Nesse momento, Leomar e o técnico administrativo do SIANEE, Carlos Eduardo da Silva, entraram em ação.

“Nós lutamos, fomos até a Polícia Federal e Defensoria Pública para que eles pudessem continuar no Brasil”, diz Carlos. A cidadania foi conquista que se deu graças a um esforço coletivo dessas instituições e do SIANNE, ao qual se juntou o chanceler e fundador da Uninter, Wilson Picler.

Nasce o SIANEE

Tudo começou há 13 anos, quando Leomar trabalhava como tutora do curso normal superior. Nessa época a Uninter era dividida em Fatec e Facinter e Osvaldo Nascimento era um dos coordenadores. Na volta de uma viagem para Brasília, o coordenador viu que faltava inclusão em Curitiba, enquanto em Brasília existia uma enorme preocupação com isso. Vendo a experiência de Leomar, chamou-a para um projeto.

Durante a idealização do projeto, surgiu o nome SIANEE e a ideia de um setor inclusivo. “Era apenas eu e uma pequena sala com poucos recursos”, conta Leomar. No começo, o setor era pouco conhecido e alguns até duvidavam que poderia dar certo.

“As pessoas não acreditavam muito no setor, até davam risada quando eu falava”, recorda. E foi com muita persistência e trabalho árduo que a “maré boa” chegou. Com o passar dos anos, o fluxo de alunos com algum tipo de deficiência só aumentava na Uninter. “O SIANEE se tornou como uma segunda casa para eles”, completa.

Além disso, alguns projetos de inclusão puderam tomar forma durante esse tempo e uma das conquistas mais atuais foi em 2018. Em julho, o SIANEE completava mil horas de aulas gravadas em libras e em dezembro recebeu dois prêmios municipais, em reconhecimento aos projetos Professor Inclusivo e Glossário Jurídico.

O primeiro se refere ao prêmio dado ao professor escolhido por votação pelos alunos com deficiência. A cada semestre um professor novo é escolhido. O segundo se refere a uma criação de sinais da área de Direito, que antes não eram convencionados em Libras. A palavra jurisprudência, por exemplo, que significa conjunto das decisões, aplicações e interpretações das leis, antes não possuía sinal. Com o glossário, passou a existir.

Alunos especiais pelo Brasil

Veja no quadro abaixo a distribuição geográfica dos alunos com necessidades educacionais especiais. Eles estão espalhados por todos os estados (à exceção de Roraima) e em sua maioria estão matriculados na modalidade EAD. O estado que possui o maior número de pessoas com deficiência matriculadas é o Paraná.

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Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo Sianee / Arte: Bárbara Possiede


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