O biólogo é, antes de tudo, um cientista
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoA pesquisa é a base das Ciências Biológicas. Afinal, o profissional dessa área estuda a vida nas mais variadas formas e suas descobertas são fundamentais para a sociedade, pois permitem compreender o meio ambiente, as plantas, os animais e o planeta como um todo. Por isso, para quem deseja seguir carreira nessa área é importante ingressar na pesquisa científica desde a graduação.
Pensando nisso, um dos temas da I Semana da Biologia da Uninter foi a importância da pesquisa científica para o profissional de Ciências Biológicas. A palestra online, realizada no dia 02.09.20 no Facebook, foi mediada pelas professoras Maria Tereza Xavier Cordeiro e Thaissa Maria Nadal, e contou com a presença do convidado Mario Barletta, biólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Barletta falou como foi sua trajetória na pesquisa científica desde a graduação ao pós-doutorado. O professor se especializou na biologia marinha e acumula 28 anos de carreira na ciência. Segundo ele, o fascínio pelo ecossistema aquático começou desde muito novo, quando costumava visitar seu tio nas férias de verão na Baía de Paranaguá, no Paraná. Lá, Barletta desenvolveu apreço pela pesca já na infância. “Na pesca fui criando carinho especial pela vida marinha, acredito que isso influenciou muito na minha escolha acadêmica”, afirma o professor.
A primeira contribuição de Barletta na pesquisa científica foi ainda como graduando na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1992. Junto com seu orientador, o professor Marco Fábio Maia Corrêa, escreveu o livro “Guia para Identificação de Peixes da costa do Brasil”. A obra serviu para mostrar o comportamento das famílias de peixes, já que na época não existia nenhum estudo sobre o assunto na região.
Depois disso, já no mestrado, o biólogo recebeu uma proposta para pesquisar no Amazonas. O professor ficou três anos no estado para estudar a distribuição de peixes bentônicos nas águas do Rio Negro. “A fauna do Rio Negro era desconhecida. Ninguém sabia direito como era a reprodução e migração dos peixes dessa região. Com esse meu estudo foi possível desvendar como acontece a reprodução, já que o nível de profundidade do rio não era favorável e os peixes migravam do interior do Amazonas até a divisa com a Colômbia e o Peru. Com a descoberta, fui aprovado no mestrado com a nota de distinção e louvor”, relembra o pesquisador.
A descoberta de Barletta ganhou reconhecimento internacional. Logo, o biólogo recebeu uma bolsa de doutorado para estudar na Alemanha. Seus estudos foram ao lado do renomado pesquisador alemão Dr. Ulrich Saint- Paul, na Universidade de Bremen. “A Alemanha valoriza muito quem trabalha na ciência e eu fui muito valorizado. Eles pagam por hora, ao perceber isso, eu não parei mais de trabalhar e pesquisar. Era todo o estímulo que eu precisava para iniciar a minha carreira como cientista”, destaca Barletta.
O reconhecimento e incentivo científico do pesquisador não ficou apenas na Alemanha. Barletta relembra que ao longo de sua carreira teve seus artigos publicados nas mais importantes revistas científicas de biologia, como no Journal of Fish Biology. Essa divulgação serviu como base de estudo para outros pesquisadores. Mais de 500 cientistas de vários lugares do mundo mencionaram as descobertas de Barletta em seus trabalhos.
A professora Maria Tereza comentou a trajetória do biólogo, enfatizando para os alunos que a ciência não deve ficar em apenas um local: “É importante perceber que a ciência não pode ficar restrita. A pesquisa tem que ser global”.
Ao final, Barletta mostrou um gráfico com todos os seus artigos que receberam citações desde 1998 até os dias atuais. “Quando a gente publica, publicamos para o mundo. Além disso, com essas publicações eu divulgo a minha universidade, o laboratório e meu departamento. Isso é importante para a instituição”, ressalta o cientista.
Para conferir a palestra na íntegra clique aqui.
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução