Não há boa saúde sem um bom saneamento ambiental
Autor: Poliana Almeida - Estagiária de JornalismoO tema ambiental também entrou na pauta da 2° Maratona de Saúde da Uninter. A live intitulada “Desafios e possibilidades para o Saneamento Ambiental no contexto da pandemia” foi apresentada em palestra online pelo professor de Gestão em Vigilância em Saúde Augusto Lima da Silveira.
Silveira explica que saneamento ambiental nada mais é que um conjunto de ações desenvolvidas para tentar minimizar os impactos ambientais causados pelos seres humanos. Entretanto, para que isso aconteça de fato, “a gente precisa de infraestrutura”. E o Brasil é deficiente nesse ponto.
Na tentativa de melhorar esse cenário, o assunto entrou em debate novamente no ano de 2020 com a promulgação do Novo Marco Legal do Saneamento Básico, descrito na Lei nº 14.026/2020. A diferença para a antiga norma que regia o saneamento básico, Lei nº 11.445/2007, é sobre a universalização da água e do esgoto. “A universalização é tentar levar ao máximo possível desses itens para toda a população”, descreve o professor.
Falar sobre o acesso a esses serviços tornou-se urgente, afinal, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água de qualidade, e cerca de 100 milhões não possuem coleta de esgoto. Considerando que vivemos um momento pandêmico, a água é essencial, pois lavar as mãos com sabão evita o contágio pelo novo coronavírus. Já o saneamento, quando feito da maneira correta, evita diversas doenças e, consequentemente, diminui a lotação em hospitais.
Outro fator preocupante em relação à pandemia é a alta produção de máscaras que irá se tornar um novo desafio para o saneamento ambiental. Segundo o professor, foram produzidas 52 bilhões de máscaras no mundo, e cerca de 1,26 bilhão vai chegar aos oceanos. “A gente tem que pensar que quando joga um material fora, ele não vai magicamente desaparecer. Ele vai para algum lugar. E, normalmente, os plásticos vão para o oceano”, complementa.
Ainda discutindo sobre o cenário atual, o palestrante destaca que o alto número de mortes por Covid-19 também pode afetar no saneamento e na saúde ambiental daqui a alguns anos. “Nós não estávamos preparados para sepultar tantas pessoas. E quando enterrado, o corpo volta a fazer parte do ciclo natural, e na pandemia nós aumentamos isso”, declara. De acordo com o exposto, o Brasil não tinha solo adequado, nem uma gestão de efluentes considerável. Logo, se isso não for pensado nesse pós-pandemia, veremos áreas contaminadas por metais pesados e com alta geração de matéria orgânica.
Pode parecer que questões de saneamento são apenas ambientais, mas Silveira garante que também impactam na economia. “Para cada um real gasto em infraestrutura de saneamento, há uma economia de quatro reais na saúde pública. Por isso que é preciso pensar a economia do país de forma integrada com as questões ambientais”, pontua.
O órgão competente por fiscalizar essa área é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Entretanto, como descreve o docente, a instituição está completamente abandonada. Como consequência, não tem como “fazer a devida regulamentação e fiscalização de perto”.
Vale ressaltar que nem todas essas situações são culpa das autoridades, os cidadãos também precisam fazer a sua parte. Pensando nisso, o professor Silveira finaliza recordando a importância de separarmos resíduos em casa, bem como a higienização de materiais possivelmente contaminados pelo coronavírus. “Lembre-se que outras pessoas vão ter contato com isso”.
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Autor: Poliana Almeida - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
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