Movimento Sleeping Giants desperta as gigantes no combate às fake news

Autor: Ariadne Körber - Estagiária de Jornalismo

No último dia 17.mai.2020, a organização estadunidense Sleeping Giants (gigantes adormecidos, em inglês) anunciou o início de suas operações no Brasil. Nos Estados Unidos há 4 anos, a iniciativa tem como objetivo monitorar anúncios em sites que propagam discursos de ódio e fake news, questionando publicamente as empresas sobre seu envolvimento com esses provedores de conteúdo.

Segundo Mônica Fort, professora de Jornalismo da Uninter que tem um grupo de pesquisa dedicado ao estudo das fake news e a cultura do medo, todo combate à propagação de informações falsas merece apoio. No caso da Sleeping Giants, a organização busca tirar o apoio financeiro dado a sites que disseminam o ódio e a desinformação, entrando em contato com as empresas que tenham seus anúncios nestes sites.

A professora ainda destaca o fato de que essa prática restringe os recursos financeiros dos sites de conteúdo questionável, fazendo com que sua atuação fique limitada. Diversas empresas sequer têm conhecimento de que parte de sua publicidade está vinculada a esses meios.

Isso acontece porque os logaritmos das gigantes da rede, como Google e Facebook, distribuem anúncios aos sites de forma automatizada em “publicidade programática”, como se convencionou chamar. “Por meio da mídia programática, empresas podem acabar vinculando sua imagem a valores negativos. Além disso, contribuem financeiramente para isso, mesmo que eventualmente seja sem intenção”, comenta Mônica.

Patrícia Lourenço Silva, estudante do terceiro ano de Jornalismo que participa do grupo de pesquisa da professora Mônica, explica que no trabalho desenvolvido até agora foram estudados os processos de construção das informações falsas. “Trouxemos a pesquisa e análise para o momento atual, a pandemia e sua crescente onda de fake news envolvendo o coronavírus e a proliferação do medo”, explica a pesquisadora.

Na análise do processo de produção de informações falsas é importante fazer uma distinção entre mídia alternativa e mídia “laranja”. Apesar de os veículos alternativos tratarem de assuntos que não costumam ganhar muito destaque na mídia hegemônica, ainda se atém à ética jornalística e ao método jornalístico de produção de notícias. Já os sites “laranjas” não têm compromisso com o jornalismo de verdade, explica Mônica.

“Convém destacar, existe a mídia alternativa, e são muitos bons exemplos de destaque nesta área, mas também existem veículos ‘laranjas’, criados apenas para aparentarem ser noticiosos, porém têm a intenção de distorcer informações e influenciar parte do público suscetível a esse tipo de conteúdo”.

Esses veículos são justamente os alvos da Sleeping Giants, cujo idealizador nos Estados Unidos, Matt Rivitz, passou recentemente a sofrer diversas ameaças. Questionada sobre a possibilidade de acontecer algo semelhante no Brasil, Mônica afirma que o risco existe. “O responsável pela Sleeping Giants no Brasil, até o momento, prefere se manter no anonimato. Ameaças têm sido frequentes (aos jornalistas). Mas eu prefiro engrossar o coro de nossas entidades representantes da classe: ‘Sou jornalista e não me calo’”, enfatiza.

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Autor: Ariadne Körber - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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