Minimalismo gera menor impacto ambiental e maior bem-estar pessoal

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O minimalismo surgiu no início do século 20 como um movimento artístico, com poucos elementos visuais e questionamentos sobre o campo social. Nos últimos anos, o termo se tornou mais relevante como um estilo de vida, questão tratada em documentários, livros, filmes e até por influenciadores digitais, que adotaram o modo de viver e disseminam a ideia com a criação de conteúdos para a internet.

O designer e youtuber Paulo Vinícius Schröer, mais conhecido como Pinho, decidiu abandonar o trabalho convencional, em uma empresa de calçados, para empreender, pois percebeu que “só assim conseguiria levar uma vida mais tranquila e descomplicada”.

Aos 21 anos, Pinho morava com os pais, recebia um bom salário, que costumava gastar com “coisas aleatórias”, e percebeu a tendência de desperdiçar este dinheiro cada vez mais em um consumo exagerado e sem sentido. Hoje, aos 28 anos, o empreendedor tenta não trabalhar mais do que 5 ou 6 horas por dia, para aproveitar a vida e os momentos em família.

“Percebi que a gente não precisa ganhar tanto dinheiro, porque não precisa ter tanto. Tudo o que eu ganhava, eu gastava em coisas que não usava. Todo o sistema de moda, consumo, objetos de desejos, é em cima de não consumir para nós mesmos, não é uma necessidade. A gente consome por vaidade e por tentar se encaixar em um mundo, uma moda, ou nas redes sociais. Muitas coisas que a gente faz, quando viaja, sai, é relativo a querer mostrar para os outros. Dificilmente a gente aproveita os momentos, experiências, de uma forma pessoal. Sempre está pensando nos outros, em como vai contar essa história”, explica.

Ao contrário do que se pensa, Pinho diz que este estilo de vida “nunca foi sobre não comprar coisas” ou “não ter nada”. Na verdade, as pessoas que aderem ao minimalismo compram o que precisam, que será útil, dentro do orçamento disponível. “A gente não dá um passo maior do que a pena, porque normalmente é assim que as pessoas quebram na vida”, salienta.

O professor Rodrigo Silva, que atua na Escola Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter, diz que “o minimalismo prega viver com intencionalidade”. Mas pontua que é muito mais fácil compreender isso quando a pessoa já alcançou a condição de poder comprar tudo o que deseja e percebe que, na verdade, não era aquilo que precisava para viver bem. Neste sentido, Pinho afirma que a ideia dele, como criador de conteúdo, é justamente mostrar para as pessoas que elas não precisam perder esse tempo.

Para Pinho, é sempre importante se questionar o porquê de uma compra, se é por vontade ou necessidade. Pois muitos hábitos são inseridos na realidade das pessoas por influência de criadores de conteúdo na internet. Segundo o youtuber, muitos acreditam que por comprar um determinado produto, exposto por um influenciador, poderão se tornar alguém ao menos parecido com o que veem na tela. “Essa ostentação, quem ganha dinheiro é o cara da ponta que está influenciando, provavelmente tem um retorno por trás. A gente tem que ter noção dessa influência como criador, porque gera um consumo gigantesco”.

Rodrigo comenta que as novas gerações parecem não ter o mesmo apego a questões que eram muito importantes para as gerações passadas, como por exemplo a compra e uso do carro, visto como algo que agrega status. O professor acredita que os jovens de hoje conseguem se desfazer com mais facilidade de alguns hábitos. E muitas pessoas procuram por empecilhos ou argumentos que mantenham o consumo, como se, em algum momento, determinada compra fosse ser muito importante, em uma situação hipotética, que não é real e talvez não chegue a ser um dia.

O mindfulness, que busca a prática de estar presente no momento de maneira mais consciente possível, é algo que caminha junto com o minimalismo. “É uma prática muito importante para a nossa vida, nosso dia a dia, porque muda muito a nossa mentalidade”, ressalta Pinho. Rodrigo lembra ainda que hoje há muito o costume de registrar cada segundo vivido, ao invés de realmente viver determinado momento, com presença plena.

“É bacana registrar, mas você vai estar se preocupando com a coisa e não com o ato em si. Essa reflexão é importante o tempo inteiro”, afirma o docente.

Esse pensamento também vai de encontro com as ações realizadas por impulso, como uma compra que pode causar satisfação momentânea. “Acho que 99% do que a gente faz, compra, é por impulso. Tudo pode ser reduzido, são pequenas mudanças que a gente faz e que fazem muita diferença”, comenta Pinho. “A felicidade em si é uma atitude, não é uma expressão. É um conjunto de escolhas, um hábito. É o que a gente faz todo dia para se sentir bem”, conclui.

Rodrigo e Pinho indicam dois livros para quem gosta e quer entender mais sobre o assunto: O poder do agora, de Eckhart Tolle, e O poder do hábito, de Charles Duhigg. Os profissionais debateram mais sobre o tema Minimalismo: uma saída para a sustentabilidade na 2ª Maratona da Sustentabilidade da Uninter, transmitida pela página Maratonas para Desenvolvimento Sustentável Uninter e pelo canal do Grupo Uninter.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Lucarthb/Pixabay


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