Mestrado aborda a polêmica Belo Monte
O deslocamento forçado dos povos indígenas para a construção da usina de Belo Monte, na bacia do Rio Xingu, no Pará, e a desatenção do Poder Judiciário para essa questão foram abordados na dissertação apresentada por Kellyana Veloso à banca do Mestrado Acadêmico em Direito da Uninter. A banca, realizada no dia 23 de fevereiro, foi composta pelos professores Doacir Gonçalves de Quadros, Celso Luiz Ludwig, José Antonio Peres Gediel e André Peixoto de Souza.
A dissertação tratou de diversas questões, como o impacto que a usina causou na população indígena que vive no entorno da usina. Parte desses povos ainda não tinha tido contato com a civilização. Segundo Kellyana, além de questões ambientais perceptíveis no rio Madeira existe uma outra lógica. “O nível do Rio Madeira subiu e a obra já está impactando em toda a cultura indígena. Ela está morrendo”.
Kellyana tratou ainda da falta de atenção do Poder Judiciário brasileiro sobre a situação dos indígenas, além de apresentar fotografias do Rio Xingu, onde a obra foi construída. Para a mestranda, a questão mais complicada do processo de Belo Monte é o deslocamento forçado dos povos indígenas para outras áreas, deixando para trás importantes aspectos culturais, como seus cemitérios, já que essas terras estão diretamente ligadas às suas origens.
Os estudos iniciais para a construção da hidrelétrica tiveram início em 1975, e desde então as polêmicas em torno da obra não acabaram. Entre protestos de indígenas e ambientalistas, a Eletronorte, estatal que liderou um pool de empreiteiras para erguer a obra, foi vencendo as barreiras judiciais e adaptando o projeto para torná-lo mais maleável.
No início de 2016 a hidrelétrica entrou em operação. Em dezembro de 2017, entrou em operação a primeira linha de transmissão para levar à Região Sudeste a energia produzida pela usina.
Autor: Victor Corradini - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König