Mercado da logística e o grande potencial no Brasil
Autor: Roberto Pansonato (*)Comemoramos em 6 de junho o Dia Nacional do Profissional de Logística. Trata-se de uma justa homenagem aos profissionais que atuam nos processos logísticos, sejam eles gestores de logística, gestores de supply chain (cadeia de suprimentos), analistas de logística, analistas de estoques, conferentes, separadores, faturistas, analistas de materiais, analistas de compras, analistas de transportes, sem contar os motoristas de caminhões, maquinistas de trem, comandantes e demais membros da tripulação de um navio, pilotos e demais membros da tripulação de um avião. Se algum profissional não foi mencionado, peço desculpas, pois a quantidade de profissionais envolvidos nos processos logísticos é enorme.
Mas por que foi escolhida a data de 6 de junho? Conforme a Agência Câmara de Notícias, o dia escolhido relembra a data do desembarque dos Aliados na Normandia (França) durante a Segunda Guerra Mundial, também conhecida como o “Dia D”. A operação é considerada um dos maiores e mais importantes movimentos logísticos da história.
Embora não seja um acontecimento nobre, pois estamos nos referindo a uma guerra, não se pode negar as grandes contribuições de alguns eventos de guerra no desenvolvimento logístico, no sentido de prover as tropas com armamentos, munições, alimentos e outros tantos itens necessários ao alcance dos objetivos estabelecidos nas estratégias de cada país ou grupo envolvido na disputa.
Usando um jargão da logística, os itens necessários ao combate tinham que estar, de forma resumida, na quantidade certa, no momento certo e no local certo. Arbache refere-se à logística militar com a seguinte frase, sem precisar sua autoria: “Amadores discutem tática e estratégia, profissionais discutem logística”, referindo-se à logística militar.
Quanto à logística “civil” no Brasil, ela começa a esboçar algumas atividades integradas, tais como suprimento, transporte e distribuição, na década de 1960. A partir da década de 70, ocorre a fase de integração interna, com premissa a integração da logística às funções internas da empresa. Na década de 80, a logística passou a ter um papel importante com relação à vantagem competitiva junto aos clientes.
A gestão integrada da logística é um marco dos anos 90, principalmente proporcionada pela abertura do mercado brasileiro ao mundo globalizado. Nos anos 2000, a estratégia empresarial se orientou por meio da cadeia de suprimentos, e o termo supply chain se tornou algo comum nos negócios. Tecnologias provenientes da chamada indústria 4.0, prontamente foram introduzidas aos processos logísticos, tais como sistemas automáticos para gestão de armazéns, veículos autoguiados para alimentação de linhas de montagem, transelevadores, rastreamento de cargas por satélite e tecnologia RFID, para citar algumas.
Do ponto de vista de infraestrutura, a logística no Brasil ainda precisa de muito investimento para que se torne mais competitiva. Segundo uma estimativa do Instituto de Logística e Supply Chain Ilos, o custo logístico deve consumir em torno de 13% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Para se ter uma ideia, conforme a Associação Brasileira de Operadores Logísticos, em um país desenvolvido como os Estados Unidos esse custo gira em torno de 6% a 7%.
Mas nem tudo está perdido. Projetos como a Rodovia do Mar, que incentiva o transporte por cabotagem, e o Marco Legal Ferroviário, que busca facilitar investimentos privados na construção de ferrovias no aproveitamento de trechos ociosos e na prestação do serviço de transporte ferroviário, são dois bons exemplos contemporâneos. Sem contar com o e-commerce, que impôs à logística grandes desafios nas entregas de last mile (última milha). Também não pode deixar de ser citada a importância da logística reversa para a sustentabilidade ambiental, suportada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
No ranking Logistics Performance Index (LPI) do Banco Mundial, o Brasil ocupa apenas a 56ª posição. Conclui-se que há muito espaço para investir no mercado de logística no país. Especialistas do ramo apontam que as 10 maiores empresas do Brasil representam menos de 2% do potencial do mercado de logística do mercado brasileiro. Em termos comparativos, nos Estados Unidos esse número é de 15% e na Europa, 24%.
Nesse sentido, fica claro o quanto o profissional de logística é importante para a economia nacional e quanto ele pode crescer. O profissional de logística tem que ter uma visão além da logística e do mercado local. Deve ter a visão da cadeia de suprimentos e de como se utilizar das tecnologias disponíveis para otimizar os processos logísticos baseados no desenvolvimento sustentável.
Parabéns aos profissionais de logística!
* Roberto Pansonato é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, graduado em Design de Produto, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos.
Autor: Roberto Pansonato (*)Créditos do Fotógrafo: Pixabay e Rodrigo Leal