Mamografias no Brasil: desafios e caminhos para ampliação da oferta
Autor: Deisi Cristine Forlin BenedetO câncer de mama, após o câncer de pele não melanoma, é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil. A mamografia é uma ferramenta essencial para sua detecção precoce e pode reduzir significativamente a mortalidade, uma vez que, quando diagnosticado em estágios iniciais, o câncer de mama apresenta até 95% de chances de cura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) destacam que a mamografia pode reduzir em até 30% a mortalidade pela doença, elevando consideravelmente o potencial de cura.
Segundo as recomendações do Ministério da Saúde e da OMS, o exame de rastreamento deve ser realizado entre os 50 e 69 anos. No entanto, conforme relatório recente do Instituto Nacional de Câncer (INCA), lançado em 1º de outubro, a cobertura de mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2022 e 2023 foi alarmantemente baixa, com menos de 35% de cobertura em todos os estados. Roraima registrou a menor taxa, com apenas 6,7%, enquanto o Paraná alcançou 33,6%. Desigualdades regionais, especialmente no Norte e Nordeste, que refletem uma maior vulnerabilidade das mulheres nessas áreas, onde o acesso à mamografia e ao tratamento especializado é ainda mais limitado.
Embora a pandemia de COVID-19 tenha contribuído significativamente para essa baixa cobertura, outros fatores também desempenham um papel importante, como a deficiência de infraestrutura, a escassez de profissionais capacitados, a falta de informação sobre a importância do exame e a ausência de campanhas educativas consistentes. A OMS reforça a necessidade de políticas de saúde que ampliem o acesso ao exame por meio de programas de rastreamento populacional, unidades móveis em áreas de difícil acesso e capacitação de profissionais para aumentar a eficiência na realização do exame.
Parcerias entre o governo, organizações não governamentais e a sociedade civil podem ser fundamentais para expandir o acesso às mamografias. Além disso, o investimento em tecnologia pode ser uma solução estratégica. A telessaúde, por exemplo, pode facilitar consultas prévias, oferecendo orientações sobre a importância do exame e sanando dúvidas das pacientes de forma segura e remota, o que pode aumentar a adesão.
É importante destacar que a ampliação da oferta de mamografias deve ser acompanhada de um sistema eficaz de acompanhamento e tratamento, garantindo que mulheres diagnosticadas recebam o atendimento necessário em tempo oportuno. Investir na modernização dos equipamentos é crucial para melhorar a qualidade dos exames, assim como desenvolver estratégias personalizadas que considerem as barreiras culturais e logísticas. Ao promover um acesso mais equitativo aos exames e fomentar uma cultura de prevenção, será possível não apenas reduzir a mortalidade por câncer de mama, mas também contribuir para uma saúde mais justa e abrangente para todas as mulheres brasileiras.
*Deisi Cristine Forlin Benedet é Coordenadora do curso de Bacharelado em Enfermagem. Bacharel e Licenciada em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Enfermagem Ginecológica e Obstétrica pela Universidade Positivo, e em Formação Docente para EAD (ensino à distância) pelo Centro Universitário Internacional Uninter. Mestre em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Doutora em Enfermagem pela UFPR.
Autor: Deisi Cristine Forlin BenedetCréditos do Fotógrafo: Ministério da Saúde