Mamografia: um olhar para o invisível
Autor: *Evelyn Rosa de OliveiraMundialmente, no mês de outubro é celebrado o mês de conscientização contra o câncer de mama, também chamado de Outubro Rosa. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA1, são esperados 73 mil casos novos de câncer de mama para o triênio 2023-2025. Embora esse número seja alarmante, quando o câncer de mama é diagnosticado em estágios iniciais, possui ótimo prognóstico, ou seja, aumenta a taxa de sobrevivência e o tratamento bem-sucedido do câncer de mama.
Mas como podemos diagnosticar um câncer de mama em estágios iniciais?
As melhores maneiras de obtermos um diagnóstico precoce é conhecendo o nosso corpo e realizando exames de rastreamento. Todas as pessoas devem conhecer seus corpos para estarem atentas a quaisquer mudanças eo autoexame das mamas é uma ferramenta essencial nesse processo.
Já os exames de rastreamento são aqueles realizados em pessoas que não possuem nenhum sinal ou sintomas do câncer de mama, ou seja, procuramos o câncer em seu estágio inicial, ainda assintomático, para que seja mais facilmente tratável. Em algumas situações ideais, a lesão detectada é tão pequena que é possível de ser retirada através de uma biópsia, evitando que a paciente passe por procedimentos mais invasivos.
Apesar de existirem muitas campanhas sobre o exame de mamografia, principalmente em outubro, várias mulheres se apresentam resistentes ao exame, seja por medo do diagnóstico ou de enfrentar um exame desconhecido. Afinal, uma das primeiras palavras que vem a mente, quando pensamos em mamografia é compressão, bem como desconforto ou dor.
Realmente, a mamografia, por mais tecnológico que seja o mamógrafo, ainda é um exame desconfortável para algumas pacientes. Essa sensibilidade mamária se deve à densidade da mama da mulher: pacientes com mamas mais densas (com maior quantidade de tecido fibroglandular, geralmente mais jovens) sentem maior desconforto do que pacientes com mamas menos densas (com maior quantidade de tecido adiposo, predominante na pós-menopausa). Porém, não existe mamografia sem compressão, ela é responsável por evitar que a imagem fique borrada, reduzindo o movimento da paciente durante a exposição; espalha o tecido mamário, evitando sobreposição de estruturas; e ainda reduz a dose absorvida pela paciente, uma vez que diminui a espessura da mama.
Para evitar um desconforto maior, a paciente pode ainda agendar seu exame no período pós menstrual, onde a mama fica menos sensível, e tentar deixar sua musculatura relaxada durante o exame, afinal, quanto mais solta essa musculatura estiver, menor será o desconforto. Deve-se ter em mente todos esses benefícios da compressão ao realizar o exame de mamografia, além de que a compressão dura apenas alguns segundos e o resultado tem um valor fundamental.
Mas o que alguém que nunca fez uma mamografia pode esperar ao chegar na sala de exames? Rotineiramente, são realizadas 04 incidências (02 em cada mama), onde serão visualizadas as estruturas da mama em dois ângulos diferentes; pacientes com prótese de silicone podem realizar incidências adicionais, para visualizar a mama com e sem a prótese. Após realizar as incidências de rotina, as imagens serão avaliadas pelo médico radiologista, que irá determinar a necessidade de incidências complementares, onde serão realizados posicionamentos diferentes para visualizar a mama de outra maneira. É comum que o médico solicite esses complementos em pacientes que já realizaram cirurgias na mama, ou que tenham alguma região da mama mais densa, a solicitação da realização de complementos não significa que tenha algum achado no exame.
É importante falarmos que a ultrassonografia de mamas não substitui a mamografia, pois cada método de diagnóstico por imagem possui objetivos diferentes, complementando um ao outro. Por exemplo: cistos são melhores visualizados nas ultrassonografias, porém calcificações são visualizadas somente na mamografia.
A mamografia é uma ferramenta poderosa na luta contra o câncer de mama e que, com detecção precoce e tratamento adequado, muitas vidas conseguem ser salvas. Cuide da sua saúde, ela é o seu bem mais precioso.
*Evelyn Rosa de Oliveira é Tecnóloga em Radiologia, Mestre em Engenharia Biomédica e Tutora do Curso de Tecnologia em Radiologia na UNINTER
Autor: *Evelyn Rosa de OliveiraCréditos do Fotógrafo: Pexels