Maio Amarelo ressalta a união para um trânsito mais seguro
Autor: Sandy Lylia da Silva - Estagiária de JornalismoPelo terceiro ano consecutivo, a Uninter realiza o Seminário Maio Amarelo. Promovido pelo curso de Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana e pela Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança (ESGPPJS), com coordenação dos professores Gerson Luiz Buczenko e Valdilson Aparecido Lopes, o evento reúne profissionais especializados em segurança viária para debater o tema anual da campanha. Definida pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a temática deste ano foi “Juntos Salvamos Vidas”.
A importância da parceria das instituições de ensino superior em torno do tema fomenta reflexões e divulga conhecimentos para a construção de um trânsito mais seguro, em função das complexas estatísticas ainda vivenciadas no país quanto a acidentes envolvendo pedestres e veículos. “O seminário é uma iniciativa brilhante, que contribui com a sociedade do ponto de vista educacional, trazendo exemplos e vivências de questões relacionadas ao trânsito e promovendo o senso de pertencimento e união em prol do objetivo estabelecido para este Maio Amarelo”, salientou a diretora da ESGPPJS, Débora Veneral.
Para o pró-reitor de graduação do centro universitário, Rodrigo Berté, a iniciativa ganha destaque na divulgação dos conhecimentos para a sensibilização da população por meio da interdisciplinaridade entre os acadêmicos, os cursos e cada escola superior da Uninter. O vice-reitor Jorge Bernardi afirma que um dos compromissos da instituição é justamente de oferecer soluções à sociedade, destacando também o alcance mundial do movimento Maio Amarelo, instituído em 2014 pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), com base em uma resolução da Assembleia-Geral das Nações Unidas. A resolução traça estratégias para chamar a atenção da população brasileira para o alto índice de mortos e feridos no trânsito anualmente.
Legislação e políticas públicas
O primeiro dia do evento trouxe a visão jurídica do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O professor e advogado Paulo Silas Filho explicou aspectos específicos dos crimes de trânsito, que vão além das infrações administrativas. Doutor em educação, especializado em Segurança no Trânsito e membro do ONSV, Francisco Garonce destacou a relevância da educação desde o período escolar para o processo de transformação do trânsito brasileiro. A ideia é de criar a percepção de risco e perigo desde a tenra idade, e não somente preparando futuros bons condutores.
O vice-presidente do ONSV, Mauro Gil Merger, abordou a análise socioeconômica dos sinistros ocorridos nas vias urbanas e seus impactos na sociedade civil. “No Brasil, desperdiçamos 50 bilhões [de reais] em acidente por ano, deixando investimentos como saúde e educação sem esse importante recurso. Estratificando para o Paraná, são desperdiçados 3 bilhões [de reais], representando 0,57% do PIB (Produto Interno Bruto) paranaense”, aponta.
No segundo dia de evento, a psicóloga e observadora certificada do ONSV Bianca Cruz trouxe dados que apontam que 90% dos sinistros de trânsito ocorrem devido a falhas humanas e comportamentos inseguros, o que também justifica a mudança do termo “acidente” para “sinistro”, em virtude do poder de escolha dos condutores em praticarem ou não atitudes seguras.
A administradora do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas, Edira Soares, comentou sobre a falta de priorização e continuidade da educação para o trânsito nos currículos escolares e, em contrapartida, a importância do Programa EDUCA para contrapor essa realidade. O objetivo é de incluir no ensino fundamental das escolas brasileiras temas de mobilidade humana, com destaque à educação para o trânsito.
“O EDUCA vem mostrar que é possível implantar a educação para o trânsito de forma transversal à grade curricular, sem ser uma matéria, desde que se tenha uma metodologia adequada e acompanhamento dos educadores”, cita a especialista.
A docente de Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana, advogada e mestre em Educação Luiza Simonelli reforçou que o tema trânsito precisa estar presente nas agendas dos gestores públicos, pois as ações públicas são tímidas, necessitando maior avanço das políticas públicas e legislações para a melhora efetiva da mobilidade humana e do trânsito como um todo.
Opinião e experiência dos alunos
O terceiro e último dia do seminário contou com a presença de três alunos e um egresso do curso de Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana, promovendo debates e troca de experiências. O egresso Cristiano Ditzmann trouxe o tema da municipalização do trânsito, falando sobre a importância dos municípios se integrarem ao Sistema Nacional de Trânsito. O aluno Rodrigo Araújo, do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária do Estado de Minas Gerais, levantou a questão da segurança pública e trânsito na garantia de um trânsito seguro e com qualidade para todos. O aluno Israel Nunes Pereira apresentou aspectos da direção defensiva tanto para condutores quanto para pedestres, e Gilvan Xavier, também discente do curso, tratou sobre a educação para o trânsito, direito e deveres.
“Que possamos, enquanto sociedade, realmente construir algo e fazer a diferença. A legislação já trouxe várias mudanças, mas ainda estamos longe da perfeição. Somos totalmente dependentes uns dos outros. Isso nos foi mostrado pela pandemia, não podemos trabalhar com o egoísmo, e sim com a unidade em relação à proteção uns dos outros”, conclui Débora.
Impacto do evento
Os três dias de transmissão alcançaram alunos de Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana e demais cursos da instituição, entusiastas do tema e público em geral. Com audiência no Brasil e no exterior, até 25 de maio o evento havia registrado 2.219 inscritos e 5.090 participações.
Buczenko ressalta a importância da exposição do Maio Amarelo e das boas práticas no trânsito para além da graduação e de seus estudantes, especialmente diante das trágicas estatísticas de trânsito no Brasil.
“O sucesso do evento vem da conexão com quem está na ponta, ou seja, pessoas que operam diariamente o trânsito em treinamentos, consultorias, assessoramentos, formação de condutores, educação e na operação propriamente dita, como a atuação de agentes públicos na educação, prevenção e fiscalização do trânsito. Dessa forma, em sua terceira edição, o Maio Amarelo já faz parte do calendário de eventos anuais da Escola Jurídica e do Curso de Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana, bem como insere a Uninter entre as instituições de ensino superior que efetivamente fazem educação para o trânsito”, comenta o coordenador.
O seminário foi transmitido pelo canal no YouTube da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança, nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2022. É possível acompanhar as transmissões na íntegra neste link.
Autor: Sandy Lylia da Silva - Estagiária de JornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Kaique Rocha/Pexels e reprodução YouTube