Logística sustentável: reduzindo impactos ambientais na cadeia de suprimentos

Autor: *Roberto Pansonato

Os efeitos dos impactos ambientais em nossas vidas têm sido cada vez mais percebidos pela população de uma forma geral. Deixando o alarmismo de lado, é fato que os impactos ambientais causados pelas atividades humanas influenciam vários aspectos das nossas vidas, desde a qualidade do ar que respiramos até a disponibilidade de água potável. Nesse sentido, a ciência é uma ferramenta crucial para compreendermos a complexa relação entre as ações humanas e o meio ambiente, seja por meio de pesquisas rigorosas, análises aprofundadas e utilização massiva de tecnologia. 

Ao compreender os impactos ambientais e as possibilidades tecnológicas disponíveis, temos aí uma grande oportunidade para redução dos impactos na cadeia de suprimentos. É fato que não há como desenvolver qualquer forma de negócio na atualidade sem que haja uma preocupação com a sustentabilidade. Nas cadeias de suprimentos é onde, de alguma forma, tudo começa.  

Desde o desenvolvimento de um novo produto, o projeto já deve conter cuidados especiais referentes aos impactos ambientais entre seus requisitos. Para que se possa produzi-lo, é necessária uma ampla quantidade de fornecedores que deverão trabalhar em rede. Departamentos como o de compras, por exemplo, devem elaborar critérios sustentáveis para a seleção de fornecedores, tais como fontes de energias utilizadas, aplicação de recursos naturais, geração de resíduos sólidos e químicos, emissão de gases poluentes, contaminação do solo e utilização da análise do ciclo de vida na mensuração de impactos negativos, entre outros. 

Dentro desse contexto, melhorias ambientais podem ser exigidas dos potenciais fornecedores, como a utilização de insumos e adoção de embalagens ecologicamente corretas. Ademais, a avaliação socioambiental de fornecedores deve considerar os fornecedores de primeiro, segundo e terceiro níveis (tiers 1, 2 e 3).  

Além disso, pressupondo que o produto foi entregue, consumido e, de alguma forma, foi gerado algum resíduo, seja por meio de embalagens a serem descartadas ou até pelo fim de vida útil do produto, nesse momento entra em cena a logística reversa, que tem alta relevância nesse processo de redução de impactos ambientais. No entanto, o caminho para uma vida ambientalmente sustentável ainda tem muitos percalços e desafios.  

Conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o Brasil só reciclou 4% dos quase 82 milhões de toneladas de resíduos geradas em 2022. Todo o resto foi parar em aterros controlados, lixões a céu aberto ou nas ruas e praças do país. E não para por aí. O plástico, material que revolucionou a indústria e o cotidiano do ser humano, passou de herói a vilão e é frequentemente associado à poluição dos oceanos. De acordo com um levantamento da USP, no Brasil, apenas 1,3% do plástico passa pelo processo de reciclagem, o que é algo quase insignificante. De uma forma geral, o plástico foi crescendo gradativamente em diversos setores da economia e a humanidade, por um longo período, não teve tanta preocupação com a sustentabilidade e o descarte correto.  

E isso acontece com outros resíduos também. A logística reversa, por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem um papel preponderante na redução de impactos ambientais na cadeia de suprimentos, pois o “fim” do ciclo de um produto não termina quando o consumidor recebe a sua mercadoria. 

Por fim, vale ressaltar, que além da sustentabilidade ambiental, a cadeia de suprimentos também pode contribuir para a redução de impactos negativos nos outros dois pilares do Tripé da Sustentabilidade, que são a sustentabilidade social e a sustentabilidade econômica. 

 * Roberto Pansonato é Mestre em Educação e Novas Tecnologias, graduado Bacharel em Desenho Industrial, com atuação em Gestão de Engenharia de Processos e Produção. É professor do Centro Universitário Internacional – Uninter, onde atua na tutoria dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos. 

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Autor: *Roberto Pansonato
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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