Libras nos palcos e a acessibilidade da arte

Autor: Thiago Dias - Estagiário de Jornalismo

Você já deve ter visto alguém usando língua de sinais. Talvez você estivesse assistindo a um programa na TV que tinha aquela caixinha onde uma pessoa está traduzindo em tempo real o que está sendo dito para a língua de sinais. Essa organização linguística por gestos é única em cada país, e, de acordo com dados da Federação Mundial dos Surdos (WDF, na sigla original), existem mais de 200 línguas de sinais no mundo.

A WDF ainda estima que existam 70 milhões de surdos no mundo. O órgão trabalha lado a lado com a Organização das Nações Unidas (ONU) e com as instituições de cada nação para apoiar os direitos dos surdos, bem como dar relevância à linguagem de sinais de cada território. Seus principais valores são o respeito, a igualdade, a diversidade, a imparcialidade e o profissionalismo, que se somam aos seguintes princípios: direitos humanos, respeito à diversidade linguística, sociedade inclusiva e acessível, liderança de surdos, confiança e cooperação.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais de 10 milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva no Brasil. O desenvolvimento de políticas de inclusão para a comunidade surda fez com que, em 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) fosse reconhecida como língua oficial pela lei nº 10.436.

No entanto, ainda pouco se vê essa inclusão no campo das artes. Jonatas Medeiros é doutorando em Estudos da Tradução, ator, diretor e tutor do curso de Letras Libras da Uninter. Ele diz que a falta de espaço já vem da formação dos tradutores. “O tradutor que trabalha no campo educacional ou com literatura é muito diferente do tradutor que trabalha com tradução artística”, explica.

A formação de tradutores, segundo ele, ainda é muito generalista. Se para ouvintes as áreas da medicina e do direito, por exemplo, têm seus termos técnicos, para os surdos não é diferente. As formas de tradução mudam. “Um tradutor artístico é muito mais performático, o que faz com que ele consiga interpretar os personagens”, completa.

Nos anos 1990, ainda sem legislação, as igrejas foram os primeiros espaços a instituírem a língua de sinais. Por uma perspectiva de assistencialismo e necessidade de cooperar com o público surdo, foram onde surgiram os primeiros tradutores. Medeiros começou a interpretar cultos com 11 anos de idade e na faculdade de Letras Libras teve mais contato com a tradução. Com muitos amigos artistas, viu a necessidade de uso da língua de sinais no teatro e vem trabalhando com acessibilidade nos palcos há doze anos.

Recentemente, Medeiros fez parte da coordenação da equipe de Libras, na tradução da edição 2023 do Festival de Teatro de Curitiba. No palco, as interpretações foram dos mais variados estilos, como drama, comédia, infantil e até stand-up comedy. O professor também foi tradutor e ator da montagem de Ilíada, de Homero, na capital paranaense.

O tema foi debatido no programa Art& Cultura, apresentado por Barbara Carvalho e Arthur Salles na Rádio Uninter. O programa está disponível em vídeo e com tradução em Libras por meio deste link.

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Autor: Thiago Dias - Estagiário de Jornalismo
Edição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Lil Artsy/Pexels


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