Líbano, a explosão de uma crise anunciada
Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
O Líbano enfrenta uma severa crise econômica e política que se estende há anos, gerando grande descontentamento da população com as gestões de governo, situação que tem produzido protestos violentos no país. Após o evento catastrófico no porto da capital Beirute, no dia 4.ago.2020, quando uma explosão destruiu diversos prédios, deixando mais de 300 mil pessoas desabrigadas, o primeiro-ministro renunciou.
Para falar sobre a situação do país, o curso de Relações Internacionais (RI) da Uninter realizou em sua página do Facebook, no último dia 10.ago.2020, a live intitulada A crise no Líbano, que contou com a presença dos professores de RI André Frota e Rafael Pons Reis, que é especialista em assuntos do Oriente Médio.
Rafael ofereceu uma perspectiva histórica dos conflitos étnicos, políticos e econômicos que ocorrem na região desde a Guerra Civil Libanesa (1975 – 1990), que envolveu cristãos e muçulmanos. “O país surgiu de um pacto político muito incisivo, o que vem causando um esgotamento desse modelo nos últimos anos”, diz.
Além disso, segundo ele, essa explosão no porto serviu como deflagradora de uma crise anunciada. Já há muito tempo os partidos políticos do país se dividem de acordo com sua afiliação religiosa, o que torna muito difícil fazer o governo trabalhar a favor de uma melhor qualidade de vida para a população como um todo, baseando-se em premissas do estado de direito.
Para exemplificar, o professor resgata um termo utilizado na teoria política, chamado de “jogo de soma zero”. Decisões políticas sempre levam em consideração a acomodação de interesses sectários do eleitorado para que não exista um perdedor ao final do jogo político.
“O presidente do país, desde o acordo assinado nos anos 40 que resultou nesse sectarismo político, é um cargo que só pode ser ocupado por um cristão; já o de Primeiro Ministro só pode ser ocupado por um muçulmano”, esclarece. Essa dinâmica, se por um lado mantém certo equilíbrio de forças, por outro se mostra ineficaz para o enfrentamento dos problemas que assolam o país.
Confira o conteúdo da live na íntegra clicando aqui.
Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Mehr News Agency/Wikimedia Commons
