Jovem cria telescópio artesanal com material reciclável para crianças que querem enxergar longe

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

O diretor da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter, Rodrigo Berté, recebeu um presente inusitado de um jovem morador do município de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba: um telescópio refletor. O criador do instrumento ótico é Ualan Kendi Matsumoto, de 29 anos, que produz telescópios de maneira artesanal, utilizando material reciclado.

De origem humilde, Kendi nasceu na vizinha Mandirituba e foi criado em Fazenda Rio Grande. “Todo o meu estudo foi no sistema público. Parei de estudar 3 vezes e conclui via supletivo devido ao trabalho, pois não conseguia conciliar com os estudos por causa do horário. Atualmente trabalho com meu sogro, com carpintaria”, afirma.

Fascinado por astronomia, usou a criatividade para produzir telescópios que lhe possibilitassem admirar o céu, a lua e outros planetas. Como esse instrumento é muito caro, o jeito foi recorrer a materiais que estavam disponíveis. “Na produção do meu primeiro telescópio, utilizei uma porta de um guarda roupa velho e alguns parafusos. Sempre procuro utilizar material reciclado”, ressalta.

Kendi conta como funciona o telescópio refletor: “O telescópio é composto por 2 espelhos e uma lente ocular. O conjunto de espelhos é formado por um espelho côncavo, responsável por captar a luz, e um plano. O plano é responsável por desviar a luz para a lente ocular”, explica. “O processo de produção se inicia na fabricação da ótica primária (espelho côncavo), visto que sua tolerância é extremamente baixa, na ordem de 56 nanômetros. O legal é que muitas dessas peças podem ser feitas com criatividade, com materiais reciclados e diversos, como a madeira, o aro de uma bicicleta, entre outros”, afirma.

Nanômetro (nm) é uma unidade de medida que tem grande relevância na indústria de semicondutores, já que é a escala usada para medir dimensões no interior de qualquer microchip: módulos de memória, SSDs, processadores e GPUs. Um nanômetro equivale a um bilionésimo de 1 metro. Para compreendermos o quanto essa escala é pequena, uma folha de papel tem, normalmente, 100 nanômetros de espessura.

Kendi, que tem apenas o ensino médio completo, quer fazer da astronomia uma atividade mais acessível para a população. “Um dos objetivos é levar esse equipamento principalmente às escolas, para todos, especialmente as crianças, e oferecer o acesso aos equipamentos de forma gratuita para a população”, afirma.

Rodrigo Berté destaca que é muito importante para a Uninter, como centro universitário, estimular o conhecimento científico. “O trabalho do Kendi é totalmente desenvolvido por ele, utilizando uma impressora 3D e desenvolvendo essas práticas com materiais reciclados. Ele leva essa informação muitas vezes até as escolas públicas e municipais. As crianças gostam muito desse tipo de ação e de projeto”.

Berté diz que pretende futuramente desenvolver projetos em parceria com Kendi, para disponibilizar telescópios em algumas escolas para que os professores possam trabalhar com temas transversais. “É um projeto artesanal desenvolvido por ele, e nós temos que estimular essa criatividade. O conhecimento da astronomia é muito importante, principalmente para as escolas e para as crianças”, conclui.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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