Instituto IBGPEX promove encontros sobre acessibilidade para colaboradores Uninter

Autor: Nayara Rosolen - jornalista

É importante que a convivência entre todos os colaboradores de uma instituição, com suas diversidades, ocorra de forma natural e respeitosa. Muitas vezes, no entanto, rejeições ao diferente são percebidas pela falta do conhecimento de como conduzir e se relacionar com pessoas em outras condições.

Pensando em um convívio de harmonia e bem-estar, o IBGPEX realizou o Bate papo sobre acessibilidade: teoria e prática, nos dias 13, 19 e 26 de maio, para quase 50 pessoas dos mais diversos setores da Uninter. Os eventos foram organizados com apoio dos departamentos de Gestão de Pessoas e Gestão Predial da instituição.

A princípio, o treinamento seria apenas para os inspetores do campus Garcez, em Curitiba (PR), que ajudam na condução de pessoas com deficiência pelo prédio. No entanto, em conversa com o departamento de Gestão de Pessoas, percebeu-se a importância de ampliar para todos os colaboradores que atuam no atendimento da Uninter.

A gerente de projetos sociais do IBGPEX, Rosemary Suzuki, diz que a ideia é falar “abertamente sobre a melhor forma de conviver com pessoas com deficiência, colegas de trabalho ou que encontramos nos ambientes informais. Lembrar que somos diferentes, mas a humanidade em cada um de nós nos torna iguais”.

O gerente de Gestão de Pessoas, Joel Ziemann Ferruci, garante que é de responsabilidade do setor auxiliar os colaboradores que precisam de qualquer apoio no quesito acessibilidade e sempre oferecem todas as ferramentas e condições necessárias para que os colaboradores possam exercer suas funções.

“Diversidade e inclusão são temas de extrema relevância para a Uninter, portanto, discuti-los com o intuito de pleno conhecimento é necessário. Este conhecimento adquirido será incorporado nas nossas atitudes diariamente. Demonstrar que as diferenças somadas agregam valor ao todo. As relações humanas seriam enfadonhas se todos fossemos iguais. As nossas diferenças devem ser respeitadas e valorizadas. A complementariedade de perfis torna o time mais forte e capaz”, salienta o gerente.

Durante algumas horas, a assistente social do IBGPEX, Fernanda Milane, e a pedagoga do IBGPEX, Débora Klassen, abordaram as terminologias e os símbolos internacionais para pessoas com deficiência. Apresentando as formas corretas de condução, tratamento e relacionamento.

Para Débora, os encontros significam “reforçar junto aos colaboradores a cultura de um ambiente incluso e respeitoso de forma igualitária”. A pedagoga acredita ainda ser necessário “empatia, se colocar no lugar do outro”, para que as pessoas com deficiência sejam efetivamente incluídas.

Para além da apresentação teórica, Fernanda e Débora realizaram atividades práticas de condução de pessoas com deficiência visual e usuários de cadeira de rodas. Os colaboradores participaram e também puderam compartilhar experiências com colegas no dia a dia.

Terminologia e Símbolos

Fernanda lembra que “aprender a respeitar e a conviver com as diferenças é um princípio básico”. No entanto, a assistente social pontua que muitas vezes o desconhecido nos leva a situações delicadas e constrangedoras.

“É o que pode acontecer em nossas relações com Pessoas com Deficiência. Muitas vezes, não saber como falar, qual termo usar ou até mesmo como agir em determinadas situações prejudica o bom relacionamento. O bate papo com os colaboradores das áreas gera um sentimento de ter um time sensível, acolhedor e empático, foi preciso ensinar e relembrar alguns conceitos na prática”, afirma.

Um exemplo é o termo utilizado para se referir às pessoas. Hoje, são obsoletos e inadequados termos como “portadores de necessidades especiais”, “portadores de deficiência” e “deficiente”. O único termo aceito é pessoa com deficiência, registrado pela Portaria nº 2.344/2010, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil.

“Mais do que o cumprimento de uma lei, a inserção de PcDs no mercado de trabalho representa o crescimento profissional mútuo para empresas e colaboradores”, complementa Fernanda.

Além disso, a acessibilidade possui diversos símbolos com significados e utilidades diferentes, que são definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dentro da Norma Brasileira (NBR) de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

A NBR estabelece critérios e parâmetros técnicos. “Visa proporcionar a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção”.

Como conduzir

De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, nº 13.146, “considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.

Para tanto, existem algumas maneiras de conduzir e se relacionar para que sejam efetivamente incluídas na sociedade e se sintam bem acolhidas em todos os espaços.

No caso de pessoas com deficiência visual, por exemplo, é interessante saber que nem sempre precisam de ajuda. Mas ao explicar direções, se torna fundamental ser o mais claro e específico possível, evitar termos como “por aqui” e “por ali”, e informar sobre obstáculos existentes para não ficarem perdidas.

Ao ajudar em escadas, é importante ficar sempre na frente ao descer e atrás ao subir, para apoiar no caso de desequilíbrio. Além do mais, não é necessário elevar o tom de voz ao conversar com uma pessoa cega, embora muitos façam sem perceber. E também não se deve brincar com um cão-guia.

A Assistência de Acessibilidade e Inclusão (AAI) e a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI) da Justiça Eleitoral do Paraná informam as diferenças de significado entre os três tipos de bengalas utilizadas por pessoas com deficiência visual.

Fernanda explica que a cor da bengala utilizada pela pessoa que tem problemas na visão indica o grau de deficiência que sofre. “Por convenção, adota-se a cor branca para as totalmente cegas. Já quem tem baixa visão, porta a bengala verde. Mas há aquelas que, além de deficiente visual, também são surdas. Essas usam a bengala com as cores branca e vermelha”.

Na condução de pessoas com deficiência, não é preciso se intimidar em perguntar como agir, e nem se ofender se a ajuda for recusada. É importante o cuidado ao empurrar uma pessoa em cadeira de roda e perceber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo, por exemplo.

Como se relacionar

Enquanto estiver conversando com pessoas com deficiência auditiva, o indicado é sempre o contato visual. Ao falar, acenar ou tocar levemente o braço e, mesmo que esteja acompanhada de um intérprete, dirigir-se à própria pessoa.

Ao se relacionar com pessoas com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista (TEA), é importante agir com respeito e consideração, não superproteger e deixar com que faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajudar apenas quando for realmente necessário, procurar dar instruções claras e objetivas, ter paciência e explicar quantas vezes forem necessárias para que a pessoa possa entender o que está sendo pedido.

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Autor: Nayara Rosolen - jornalista
Edição: Larissa Drabeski


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