Impactos da relação entre família e escola na aprendizagem dos jovens

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

A participação dos pais na vida escolar das crianças e adolescentes é crucial para seu bom desempenho nos processos de aprendizagem. Os profissionais da área observam que a grande maioria dos alunos que têm a família presente, acompanhando as atividades, dialogando com a escola e estimulando o conhecimento, apresentam melhores resultados.

“É muito visível naqueles alunos que não conseguem acompanhar, que às vezes têm mais dificuldades, que não têm hábitos de estudo, que não fazem as tarefas da escola: quando você vai fazer uma análise, se aproxima dessas crianças e dessas famílias, percebe a falta deste acompanhamento”, afirma a professora Kátia Soares, do curso de Pedagogia da Uninter.

Adriana Campos, aluna de Pedagogia no polo de Belo Horizonte (MG), ressalta que essa aproximação é importante em qualquer etapa dos estudos, mas principalmente na educação infantil, quando se tem o primeiro contato com a escola e as metodologias. “Principalmente para a parte emocional da criança, não só pedagógica. Gera um cidadão que vai ter uma visão crítica e um controle emocional muito maior para poder ter uma profissão quando adulto”.

Assim como na infância, essas relações também carregam uma grande importância no período da adolescência, quando os estudantes passam para o fundamental II e, na sequência, o ensino médio. A professora Viviane Stacheski, que atua da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter, conta que, muitas vezes, os pais acreditam já terem feito o seu papel ao acompanhar até o quinto ano, e após isso acham que os filhos devem ser autônomos. Ela atenta que os pedagogos e futuros profissionais do ensino devem olhar para os pais e promover essa ligação família-escola em todos os níveis escolares.

Entretanto, Viviane aponta a importância de pensar que não é só do professor a responsabilidade de como essa relação se dá. Apesar do fato de que muitos pais depositam toda essa carga no docente, em muitas situações ele apenas age como a escola determina. Por exemplo, no caso dos diálogos, que em algumas instituições os responsáveis têm total liberdade de entrar a qualquer momento e falar com os professores na porta da sala de aula e, em outras, é necessário um agendamento e a presença de outro profissional durante a conversa.

Diante disso, Kátia também lembra do compromisso que os gestores precisam ter ao abrir caminhos para os diálogos e a participação dos pais. Ela diz que muitos só solicitam a presença dos responsáveis para reclamações, e que precisam inverter essa situação, chamando para elogios, atividades e eventos, para que se sintam “parte constituinte daquela escola”.

“Uma gestão verdadeiramente democrática não esquece que esse trabalho tem que ser sempre coletivo, um coletivo que englobe todos os profissionais da escola para além dos professores, também as merendeiras, o pessoal da secretaria, todos aqueles que trabalham nessa escola. E coletiva também no sentido de incorporar os pais nas decisões em respeito à vida escolar dos seus filhos. A gestão coletiva, as decisões tomadas juntas, não podem nunca ser perdidas de vista, seja no processo presencial ou em uma educação remota”, salienta.

O ensino em meio à pandemia

Durante a pandemia do novo coronavírus, as escolas fecharam e os alunos passaram a ter aulas virtuais. Devido a isso, os pais tiveram que atuar de forma muito mais ativa na educação dos filhos, mediando o contato com os professores e colaborando com a realização das atividades. Roseane Folmer, do último período de Pedagogia no polo de Arroio do Tigre (RS), acredita que a relação entre família e escola tem se tornado cada vez mais forte, pois uma precisa do outra.

“Eu acredito que, havendo essa troca, se a gente trabalha em equipe, vai ser uma vantagem e tanto para as crianças. Falando por mim, eu sempre estou disponível para as famílias, nunca trabalhei, mesmo antes da pandemia, sem ter esse contato com as famílias, porque para o meu trabalho ser um trabalho prazeroso, um trabalho que traz resultados, eu preciso contar com a família. O aluno que sente que a família dele tem esse contato com o seu professor, já vai aprender muito mais feliz e vai adquirir amizade mais fácil”, explica.

“Eu recebi alguns relatos de familiares que têm sido bem difícil enfrentar as aulas em casa com os filhos, que está sendo bem desafiador. É uma situação difícil, que já traz o contexto da pandemia, de estresse, e ter que se envolver de um jeito total na educação dos filhos, até os que não gostam, que nunca se importaram de se envolver, estão tendo agora que ajudar os filhos”, ressalta Rafaela Ramos, aluna do segundo período de Pedagogia na modalidade semipresencial.

Charlise Fernandes, que cursa último período de Pedagogia no polo de Santiago (RS), conta que viveu esses obstáculos dentro da própria casa, com o filho que está no ensino fundamental. A estudante lembra que no começo foi bem difícil conciliar as atividades de casa, os trabalhos da faculdade e a função como mãe, auxiliando o filho. Charlise diz que se colocou no lugar dele, que passou por uma grande mudança da rotina, assim como no da professora, que precisou se reinventar. A solução foi criar uma nova rotina e reorganizar as atividades. Apesar da dificuldade, foi mais um incentivo para a futura profissional da educação.

“Eu quero trabalhar com os pequenos, é muito gratificante. Ver ele passar por esse momento de evoluir e ir aprendendo conforme vai se desenvolvendo, pra mim é gratificante. Eu acho muito importante, apesar do que a gente está vivenciando”, afirma.

A professora Kátia destaca que, principalmente durante esse período, é importante ter claro qual é a função dos pais e a função dos educadores. Apesar de estarem sendo mais solicitados, na maioria das vezes os responsáveis não possuem uma formação pedagógica e não têm preparo para fazer esse trabalho. Por isso, segundo ela, os profissionais têm que ter cuidado a respeito do quanto é solicitado deles.

“Nós temos diferentes situações sociais em que, muitas vezes, o pai não vai conseguir acompanhar a criança. Ele não vai ter estrutura, muitas vezes, para apoiar. Tem atividades de casa que devem ser evitadas, porque o ensino é responsabilidade da escola. Evidentemente que a família complementa isso. Às vezes, dependendo do nível da tarefa de casa, o pai começa a pegar uma ‘birra’ da escola. Então, tem que ser muito ponderado em relação a isso, a gente tem que sempre achar um meio termo”, completa Viviane.

A estudante Adriana diz que os gestores das instituições tiveram e continuam tendo um papel muito importante nesse processo de adaptação dos estudos em casa. Segundo ela, tanto a tecnologia quanto a educação caminhavam, mas não tão juntas quanto está acontecendo atualmente. Um avanço que aconteceu de forma muito rápida e inesperada. Daí, a importância desses profissionais.

“Eu acho que o papel do pedagogo e dos diretores na escola foi dar um norte para os professores, mostrar qual é a ferramenta correta, qual caminho deve ser seguido, metodologias eficientes para o trabalho de educação remota que está acontecendo hoje. Eu acho que esse papel vai abrilhantar mais ainda após a pandemia, depois do retorno as aulas”, finaliza.

As profissionais e estudantes debateram sobre o assunto no programa Dialogando com a Educação, sobre A relação da família e escola no contexto educacional. O bate-papo foi transmitido ao vivo, através da página de Educação da Uninter no Facebook, e continua disponível para acesso.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay e reprodução Facebook


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