Hortas urbanas: seu alimento pode estar na esquina de casa

Autor: Diego Alesson Alves - Estagiário de Jornalismo

Curitiba já tem 99 hortas urbanas com apoio da Prefeitura. - Na imagem, Olívio Dias Chagas Neto, 56 anos, coordenador da Horta Marumbi 2. Foto: Andre Prokofiev

Para enfrentar o problema da fome, é preciso lançar mão de todas as estratégias possíveis para facilitar a produção e distribuição de alimentos. A terceira noite do Global Meeting, evento realizado pela Uninter, trouxe para o debate no dia 27 de outubro o tema “Bancos alimentares e hortas sustentáveis”, em duas mesas que contaram com a participação de especialistas no assunto.

Uma das convidadas foi Claudia Visoni, jornalista e deputada estadual em São Paulo, fundadora do grupo hortelões urbanos, com 10 anos de atuação e mais de 80 mil membros no Brasil, que se dedica à causa das hortas comunitárias. Outro convidado foi Rayden Sorock, que mora em Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA), e trabalha numa iniciativa agrícola sem fins lucrativos que se dedica a cuidar de 120 hortas comunitárias.

Rayden explica que as hortas urbanas, além de divulgarem a cultura do plantio, trazem o alimento para perto das pessoas. Um dos efeitos é o fortalecimento da comunidade local, podendo ser a porta de entrada para a troca de ideias e para ajudar a solucionar outras questões sociais.

Claudia ressalta a importância de a horta ser aberta a todos. Porém, deve ser ensinado como plantar e como colher. “A gente está ali criando comunidade, criando questionamento, sobre estilo de vida, abrindo os olhos e falando ‘nossa, o alimento vem da terra’. Porque quem está muito costumado a ir no supermercado acha que o alimento vem daquele pacotinho”. Rayden complementa afirmado que esses espaços trazem melhor qualidade de vida para a comunidade, com melhorias no ar e na água.

A professora Dayse Mendes, mediadora da primeira mesa de conversa, lembra da luta que foi para que moradores de um bairro de Curitiba pudessem utilizar um espaço vazio para o cultivo de uma horta comunitária, porque a legislação municipal não permitia. E após muitas reinvindicações, a lei foi alterada, possibilitando aos moradores a utilização do espaço para aquele fim.

Durante a conversa, que pode ser assistida na íntegra clicando aqui, os debatedores responderam a dúvidas do público sobre como iniciar uma horta, quais as dificuldades enfrentadas e de quais materiais se necessita. A abertura da mesa foi realizada pelo coordenador do curso de Engenharia Elétrica, Juliano de Mello Pedroso, com mediação de Dayse Mendes.

Brasil: potência agrícola onde milhões passam fome

O convidado da segunda mesa de debates foi Hans Christian Temp, economista que desde 2018 integra o conselho de administração da ONG “Cidades sem Fome”, responsável por supervisionar a execução de diversos projetos voltados à questão do combate à fome no Brasil. A ONG utiliza grandes áreas nas periferias das cidades para a construção de fazendas urbanas.

Hans iniciou sua fala destacando que a imagem do Brasil no exterior é dúbia: por um lado, uma grande potência agrícola; por outro, um país onde milhões passam fome. “É importante que haja essas discussões para que as pessoas comecem a entender que há opção pra isso. Há opção para você combater o desmatamento, há opção para você combater o desperdício de recurso hídrico, tem formas de você conseguir fazer essa produção dentro ou perto da cidade, gerando renda para quem trabalha.”

O economista também destacou que outro dos fatores que agravam a questão da fome é a perda do poder aquisitivo da população, causada pela inflação, o que levou a cesta básica para um dos valores mais altos dos últimos tempos. Diante desse problema social, o trabalho das fazendas urbanas visa levar alimentos a essa camada mais pobre e incentivar o trabalho agrícola.

Hans entende que a ideia de hortas ou fazendas urbanas precisa ser cada dia mais incentivada, e que essa é uma forma de amenizar o problema de falta de acesso aos alimentos pelas famílias mais pobres. “A longo prazo, essa questão da agricultura urbana vai gerar muito emprego, e ela vai ajudar muito na questão da redução da desigualdade social brasileira. Tem muito espaço para fazer isso, então assim é só continuar incentivando as ideias, eu acho que a longo prazo a gente vai gerar mais empregos e ter menos desigualdade”, completa Hans.

A segunda mesa do evento contou com a mediação de Gisele Cordeiro, coordenadora do curso de Pedagogia, e com a participação da professora Nicole Witt, do curso de Ciências Biológicas. A transmissão completa da sua fala pode ser conferida clicando aqui.

O evento Global Meeting faz parte da programação de aulas magnas dos cursos da Uninter, sendo uma atividade de extensão universitária oferecida gratuitamente a todos os estudantes, e também aberta à comunidade, com transmissão ao vivo pelo canal da Uninter no YouTube.

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Autor: Diego Alesson Alves - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Andre Prokofiev/SMCS


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