História e cultura afro-indígena, temas urgentes na educação brasileira
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoOcorrida em 1885, a Conferência de Berlim foi responsável por reunir as principais potências europeias da época, juntamente com os Estados Unidos, na busca por um acordo na divisão de todo o território do continente africano. O interesse era, naturalmente, o de explorar os recursos disponíveis.
Para muitos pesquisadores, os reflexos do colonialismo ocidental na África são sentidos até hoje. Grande parte das populações locais sofrem com a pobreza e a falta de condições mínimas de vida, resultado do subdesenvolvimento do continente. Também são constantes os conflitos armados, que geram uma perda cultural enorme, além de impedirem a organização dos estados para o desenvolvimento econômico.
No Brasil, o legado do colonialismo europeu se manifesta muito claramente na escravidão. Foram 3 séculos de atividade econômica sustentada pela mão de obra escrava no país, e ainda estamos apenas começando a reparar as perdas causadas pela violência racial.
O ensino da temática no Brasil
As leis 10.639, de 2003, e 11.465, de 2008, tornaram obrigatório o ensino da história e cultura afro-indígena nas escolas de todo o país. A partir daí, datas como o dia da consciência negra e o dia do índio passaram a ser comemoradas todos os anos em escolas. Mas a conscientização e o ensino ultrapassam essas datas.
“Esse debate em sala de aula não cabe somente ao professor de artes, geografia ou história, deve ser abordado amplamente pelas escolas, e não trabalhar isso como um folclore, somente em datas comemorativas”, afirma Gladisson Silva, professor do curso de História da Uninter, em Curitiba (PR).
“Estudar a história africana é crucial para nós termos o enfrentamento ao racismo e o combate ao eurocentrismo”, complementa. A visão europeia de mundo, que atribuía a característica de selvagens a outros povos, também foi defendida pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Além da escravidão
O continente africano possui atualmente 54 países legitimados e uma multiplicidade cultural oriunda de povos que habitavam a região antes da exploração estrangeira. Desde línguas e cultos religiosos até danças e estilos musicais, a África vai muito além do conhecimentos que temos sobre a escravidão.
Os indígenas brasileiros também sofreram nas mãos dos europeus. Genocídios físicos e culturais, a exclusão de crenças e línguas e a escravidão foram impostas aos povos nativos pelos colonizadores do território brasileiro. Hoje, são poucas as tribos remanescentes. Mesmo com muita dificuldade, buscam manter as tradições vindas de seus antepassados e as raízes fincadas na natureza.
“A necessidade de identificação do passado do ser humano, de ter uma relação com o passado do lugar em que ele vive e entender as raízes que constituem a realidade está para todas as pessoas, e não só para historiadores”, diz Eduardo Valli, também professor do curso de História da Uninter.
Entender a história a partir de outras perspectivas é de extrema importância para entender a história que nos cerca e o impacto das ações humanas. A compreensão do diverso e o afastamento de estereótipos pode ser o primeiro passo para a compreensão da sociedade acerca da temática.
O ensino da história e cultura afro-indígena foi tema do programa Chave Interdisciplinar, no dia 1º de outubro de 2021. Com transmissão do canal da Rádio Uninter, Gladisson Silva e Eduardo Valli conversaram sobre a importância da temática no ensino escolar. Assista ao programa completo clicando aqui.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: pretodigital.com.br