Global Meet discute os problemas do mundo em busca de soluções
Autor: Maurício Geronasso - Estagiário de JornalismoA Uninter tem como missão desenvolver e transformar pessoas por meio da educação, pois entende que esse é o caminho para enfrentar muitos de nossos problemas sociais. O evento Global Meet, que teve sua primeira edição entre os dias 19 e 21.jul.2021, busca inserir essa discussão no âmbito global, para além das fronteiras de nosso país, trazendo palestrantes internacionais.
A ideia do evento surge do projeto de aulas magnas que acontecem na Escola Superior de Educação da Uninter, como explica a diretora Dinamara Pereira Machado: “Foi na discussão dos objetivos do milênio que surgiu o desenvolvimento deste projeto lá atrás, e hoje ele vira o Global Meet. Foi na intenção de que é possível criar uma nova sociedade, e é possível para a humanidade se reinventar”.
No Brasil, a pobreza e a desigualdade se acentuaram nos últimos anos. A pandemia da Covid-19 nos apresentou um cenário ainda mais preocupante e desafiador, com uma população ainda mais carente e muitas vezes invisível às políticas públicas e sociais. Não basta apenas atender às necessidade emergenciais dessas pessoas, é preciso planejar novas ações em busca da equidade social.
“Não se trata apenas de cuidar do planeta enquanto questão biológica, mas também cuidarmos da vida dos seres humanos, das questões econômicas e populacionais e perceber que a nossa vida é sistêmica, que as responsabilidades e ações de um interferem diretamente no outro. Então o nascimento do Global Meet é a partir de uma perspectiva de que é possível uma nova sociedade baseada na educação e no trabalho conjunto em busca da emancipação humana”, afirma Dinamara.
Esta primeira edição do evento, com transmissão através do canal do YouTube da Uninter, contou com três dias de muito debate, com a temática pautada em um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: a redução da desigualdade.
Abertura
O professor Rodrigo Berté, diretor da Escola de Saúde, Meio Ambiente e Humanidades, abriu o evento elogiando o envolvimento de todas as escolas e polos da Uninter. Em sua fala, Berté destacou alguns desafios urgentes de nosso país na luta pela redução das desigualdades: a falta de políticas públicas para a população que fica à margem da sociedade, especialmente os negros, as mulheres e grupos de menor representatividade.
O diretor convidou a todos para “refletir sobre os pontos de desigualdade e de diferenças, na esperança de olharmos as populações vulneráveis e que cada um de nós possa fazer um pouco para amenizar o sofrimento do outro”.
O papel da sociedade
Qual é o papel da sociedade, quando falamos em reduzir problemas de desigualdade e pobreza no meio em que vivemos? Pensar nesses objetivos é primordial, bem como no envolvimento de todos os atores sociais na mudança de postura e nas possibilidades de revermos nossos paradigmas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil encontra-se entre os 10 países mais desiguais do mundo. Pensar em agendas é fundamental para que se possa reduzir as desigualdades.
A mesa de debate contou com a participação das professoras do curso de bacharelado em Serviço Social Denise Erthal de Almeida e Neiva Silvana Hack. “Pobreza e a desigualdade social são tratadas sem um olhar mais atento ao que realmente implicam, e requerem um aprofundamento para que possamos fazer uma reflexão mais crítica sobre os seus determinantes e causas”, explica Denise.
Não devemos tratar pobreza e desigualdade como sendo a mesma coisa. Enquanto pobreza pode ser conceituada como uma situação de carência, uma situação de privação monetária, material e de serviços básicos, que deixam os indivíduos sem condições básicas de dignidade, a desigualdade se mede pela análise das classes sociais. Nota-se a diferença através de uma figura simples como a pirâmide, em que a base tem bem menos condições que o topo. “Podemos dizer que o que determina a pobreza é a desigualdade na distribuição dos recursos da riqueza”, afirma Denise.
O IBGE produziu, em 2019, uma síntese de indicadores sociais que aponta mais de 54 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza. Situação que se agravou ainda mais durante o período da pandemia de Covid-19, com o aumento de moradores de rua e de pessoas morando em áreas de risco, e consequentemente o aumento da violência.
“A situação da pobreza e da desigualdade social está posta nos indicadores apresentados, que denunciam o caminho que a sociedade está seguindo na distribuição de riquezas”, diz a professora Neiva.
Ações dos governos deveriam equilibrar as desigualdades, mas nem sempre isso acontece, cabendo à população se organizar como sociedade civil. Você pode acompanhar o debate desta mesa clicando aqui.
Problematizando as desigualdades
“Desigualdade é um dos grandes problemas que o mundo enfrenta hoje. Apesar de poucos países do mundo terem uma situação privilegiada, até neles a desigualdade pode ser visível”, diz o reverendo Sylvio Estevez.
A hierarquização das necessidades humanas está bem definida na famosa Pirâmide de Maslow, como explica Estevez. Esta análise mostra que devemos atender às necessidades primárias para conseguirmos galgar o topo da pirâmide, que divide-se em necessidades básicas, segurança, social, autoestima, até chegar à autorrealização. Milhões de pessoas em nosso país ainda estão presas aos níveis mais baixos dessa escala e precisam lutar diariamente para atender suas necessidades mais básicas.
“Nossa desigualdade atualmente é econômica e dela derivam vários outros tipos de desigualdade. Nosso problema não é falta de recurso, pois o temos com abundância, mas não sabemos como distribui-los, o que acentua o nosso problema político atualmente”, explica a professora Regina Reinert, do curso de Direito da Uninter.
Cabe-nos perguntar por que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, que fatores de nossa constituição social e política determinam esse nível de desigualdade? É preciso refletir sobre essas perguntas para que possamos mudar essa situação.
Você pode acompanhar o debate desta mesa clicando aqui.
Confira a programação completa do evento:
Redução das Desigualdades (19/07)
Me. Denise Erthal (convidada internacional) e Me. Neiva Hack
Mediadora: Profª Me. Adriane Buhrer Baglioli Brun
Me. Sylvio Estevez (convidado internacional) e Me. Regina Paulista Fernandes Reinert
Mediador: Prof. Dr. Carlos Alberto Simioni
Violência de raça e gênero (20/07)
Me. Candace Hollingsworth (convidada internacional) e Dr. Adilson José de Oliveira
Dr. João Paulo Xavier (convidado internacional) e Dra. Thayz Athayde
Mediadora: Profª Me. Raquel Barcelos de Araújo
Mobilidade Educacional e Social (21/07)
Esp. Rudi Ageu (convidado internacional) e Me. Regiane Moreira da Silva
Priscila Cruz (convidada internacional) e Dra. Luana Priscila Wünsch
Mediador: Jason Matthew Dyett
Autor: Maurício Geronasso - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Francisco Magallon/Wikimedia Commons e reprodução