Após a cura do pai, Gislene constrói santuário para Nossa Senhora de Lourdes

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo

A religiosidade é um tema muito presente na cultura latina, que tem na tradição cristã um ponto de partida para compreender mais sobre a vida e a morte. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, cristãos representam 86,8% da população brasileira, divididos entre católicos e protestantes. Entre os milhões de brasileiros cristãos está Gislene Karlla Duarte Oliveiraaluna do primeiro ano do curso de Teologia Católica da Uninter.

Graduada em Ciências Contábeis e pós-graduada em Administração e Marketing, ela mudou completamente o rumo de sua vida depois de ter uma experiência de cunho espiritual, vivida em 2012, durante uma celebração da santa missa na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Campina Grande (PB).

A experiência resultou em uma graça familiar. Seu pai, acometido por uma doença grave, apresentou o que os médicos classificam como remissão espontânea, um tipo de cura ainda não explicado pela medicina moderna.

Após o acontecimento, Gislene se voltou à fé e buscou agradecer a graça recebida, iniciando a construção de um santuário no Distrito de Marinho, na cidade de Boqueirão, na Paraíba. O local, que fica a 45 quilômetros de Campina Grande, abriga uma instalação, que ainda está em processo de desenvolvimento, em homenagem à Nossa Senhora de Lourdes, uma das invocações atribuídas à Virgem Maria.

Gislene conta que antes da pandemia o Santuário Gruta de Loudes recebia em torno de 350 a 500 pessoas em dias de eventos, muitos em peregrinação e busca por unção de cura. “Durante três anos, executei os trabalhos de criação do santuário, onde realizávamos eventos mensais”, diz.

A acadêmica da Uninter explica que não recebeu nenhuma ajuda financeira para a construção do santuário. O terreno em foi uma doação de seu pai, que também ajudou com materiais de construção e providenciou a mão de obra. Além disso, Gislene bateu de porta em porta no comércio de Campina Grande, onde morava.

Assim, comerciantes disponibilizaram materiais elétricos e doações de alimentos para os eventos no santuário. O nivelamento do terreno e estacionamento para a construção do santuário foi realizado utilizando o maquinário da prefeitura de Boqueirão. “É através das doações que quero estruturar melhor o local para abrigar as pessoas e fazer encontros maiores”diz.

Relato de fé

Gislene conta sobre a experiência que mudou sua vida. Antes do acontecido, por mais que tivesse realizado os sacramentos da Igreja, ela não era uma religiosa assídua. Durante um ano, frequentou uma igreja protestante. Por causa disso, não tinha afeição por imagens de santos católicos.

Naquela época, a situação de vida e de saúde de seu pai já era considerada crítica, fazendo com que muitas vezes ela se voltasse para a fé pedindo sua conversão e cura. Pensando nisso, Gislene levou o pai já debilitado e desenganado para participar de uma missa por Cura e Libertação que ouvira falar, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, localizada em Campina Grande.

Ainda na Celebração, com a exposição do Santíssimo (Ostensório com Jesus eucarístico), no momento em que o padre passeava em meio à assembleia com o Santíssimo e a música entoava em adoração, uma das intercessoras da paróquia proclamava sobre a situação que Gislene e seu pai viveram até chegar ali e dizia que, por suas orações e Intercessão de Nossa Senhora, Jesus estaria concedendo um sangue novo e um coração novo a seu pai. Gislene sentiu o seu sangue aquecer e imediatamente abraçou seu pai e notou todo o seu semblante mudar subitamente.

Ainda dentro da igreja, Gislene sentiu um toque na região de seu ombro e percebeu que se tratava de uma mulher de meia idade, com vestes simples. “Assim que me virei, essa mulher me perguntou: ‘Onde você estava? Procurei pela igreja toda e não encontrei você’. Eu realmente não a conhecia”, conta Gislene. Relutante e sem entender o que estava acontecendo, Gislene se retirou para fora da igreja junto da desconhecida, deixando o pai aos cuidados de pessoas da paróquia que dava sequência com a Unção dos Enfermos.

Ao sair da igreja, prosseguiu sua conversa com a mulher. “Você sabe o que tem pedido a Deus”, disse a mulher. Ainda confusa, Gislene recebeu uma sacola que aparentava ter algo dentro. Nas palavras da figura misteriosa, Gislene saberia o que fazer com aquilo. Ao tentar tocar a figura com quem conversava, ela subitamente desapareceu de sua frente em um espectro de luz e, por um breve momento, Gislene pôde ver a nuance da veste branca com a uma fita azul na cintura.

“Naquele momento, não entendi muito o que havia acontecido. Voltei para dentro da igreja e fiquei um tempo extasiada”. Ao chegar em casa, decidiu verificar o que havia recebido. Dentro da sacola, encontrou uma vela, que acendeu e passou a rezar e agradecer pela vida de seu pai.

Na mesma semana, ao passar por novos exames, seu pai não apresentava mais sinal algum da doença. A partir daí, ela reconheceu a graça e se voltou para a fé. Naquele mesmo ano, Gislene conduziu seu pai em uma caminhada de fé, frequentando missas e grupos de oração.

Algum tempo depois ele retorna para a cidade onde residia, Bacabal (MA). Ela relata que viveu mais uma experiência mística em que recebeu a Ordem do Senhor, um chamado de fé para deixar tudo e seguir para onde Ele ordenava. O que a fez se dirigir para Curitiba (PR), onde se encontra atualmente. Em menos de um ano, retorna com a missão da construção do santuário, e fez seu pai retornar à Paraíba.

Nossa Senhora de Lourdes

A experiência com a figura de uma das invocações marianas aconteceu durante o seu período em Curitiba. Na capital paranaense, passou por dificuldades financeiras enquanto tentava se estabelecer na cidade. Alicerçada na fé, assim que desembarcou em Curitiba perguntou qual era a igreja mais próxima do hotel.

Prontamente, ela se dirigiu ao Santuário Bom Jesus dos Perdões, na Praça Rui Barbosa, no centro da cidade. Ao entrar na igreja, Gislene percebeu uma gruta com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, muito parecida com a aparição que havia presenciado em sua terra natal.

De acordo com a crença católica, a figura de Nossa Senhora de Lourdes surgiu com base nos relatos das aparições que foram presenciadas por Bernadette Soubirous, uma camponesa francesa. A aparição haveria ocorrido em uma gruta na cidade de Lourdes, na França, em 11 de fevereiro de 1858, quando Bernadette tinha 14 anos.

Ao ver a imagem, Gislene caiu no choro e entendeu tudo o que havia acontecido com ela e seu pai durante a cerimônia em Campina Grande. A partir disso, decidiu construir o santuário como forma de agradecimento e devoção.

Trabalho missionário

Além de cuidar do Santuário Gruta Nossa Senhora de Lourdes, na Paraíba, Gislene realiza trabalhos sociais e missionários em ambos estados: Paraíba e Paraná. Mas sua missão alcança pessoas em diversos estados por meio de conferências e orações, além de socorro financeiro em situações adversas. “Espero que Deus envie providência para estender a missão aos quatro cantos do mundo”, relata Gislene.

Por meio do projeto Missão Amor & Fé, ela promove a arrecadação de doações variadas e auxilia famílias em situação de vulnerabilidade social, levando a elas também os ensinamentos cristãos. Ela também organiza o movimento das Mil Ave-Marias, em que junto a grupos de fiéis são apresentadas intenções comuns e particulares para meditação religiosa.

São rezadas em torno de 70 mil ave-marias pelo movimento todos os sábados. As iniciativas são divulgadas através das redes sociais e grupos de WhatsApp, assim como o trabalho realizada no Santuário, na busca por atrair fiéis e promover a mudança e o bem-estar para aqueles que necessitam.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Revisão Textual: Jeferson Ferro


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *