Fumar cotonete revela como adolescentes estão queimando a inteligência

Autor: Viviane Oliveira de Melo (*)

Um dos recentes desafios nas redes sociais, ao qual os adolescentes estão aderindo, é de “fumar cotonete”. Prática perigosa que não produz nenhum efeito mental, como “dar barato”, apenas a sensação falsa de aceitação por um grupo de desconhecidos, sensação de prazer por likes. Fumar cotonete pode levar a óbito pela inalação de gases tóxicos produzidos durante a queima de plásticos e algodão, além dos riscos de queimaduras graves.

Mas o grande choque é a observação dos padrões de comportamento das gerações ditas “Z” e a mais recente “α” (Alfa). A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 24 de abril de 2021, lançou diretrizes com a finalidade de orientar pais, responsáveis, cuidadores de crianças menores de cinco anos a respeito do uso de aparelhos digitais, atividade física e horas de sono. Segundo a OMS, crianças entre dois e quatro anos não devem passar mais do que uma hora por dia na frente de telas. E o mais importante, os pais responsáveis não devem deixar menores de idade sem supervisão na internet.

Esses desafios mostram como nossos adolescentes estão deficientes em inteligência, seja lógico/matemático (QI), seja Inteligência Emocional (IE). A Base Nacional Comum Curricular aponta quatro competências a serem desenvolvidas ao longo do currículo escolar, da educação infantil ao ensino médio, diretamente relacionadas com as habilidades socioemocionais.

Dentro dessa realidade de adolescentes colocando sua integridade física em risco apenas por likes, observa-se como o desenvolvimento integral do indivíduo é urgente. Entre as habilidades relacionadas, estão: relação com o cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta; respeito próprio; tomada de decisão responsável. Habilidades que claramente os jovens que praticam esse tipo de atividade não possuem, além de saúde emocional debilitada.

Lembramos ainda que no livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, do neurocientista francês Michel Desmurget, são apresentados dados de pesquisas apontando que os dispositivos digitais estão afetando negativamente o sistema nervoso, reduzindo o córtex cerebral. Entre as áreas prejudicadas, está o córtex pré-frontal, responsável por funções como tomada de decisão e a capacidade de resolver problemas, fazer cálculos.

As pesquisas relacionadas no livro mostram que o QI das novas gerações está menor em comparação às gerações anteriores, isso demonstrado em resultados compilados de centros como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts e da Universidade da Califórnia, ambos nos Estados Unidos. Por isso, temos que colocar como prioridade o desenvolvimento integral de nossos membros para podermos continuarmos existindo enquanto espécie.

*Viviane Oliveira de Melo é especialista em Neuroaprendizagem, Psicomotricidade e tutora dos cursos de pós-graduação da Uninter na área de Neurociência.

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Autor: Viviane Oliveira de Melo (*)
Créditos do Fotógrafo: Freepik


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