Fortalecendo a Reserva Cognitiva com exercícios simples
Autor: Viviane Oliveira de Melo (*)A Reserva Cognitiva (RC) é um termo teórico, que surgiu para explicar a diferença clínica e de sintomas entre pessoas com a mesma idade e com os mesmos danos anatômicos cerebrais. Ela é a capacidade do cérebro de tolerar danos anatômicos e fisiológicos, conservando o seu funcionamento dentro dos padrões de normalidade. É um fator protetor, retardando os efeitos patológicos das doenças neurodegenerativas.
Em 2017, a revista Lancet publicou resultados de estudos a respeito de RC, trazendo fortes indícios de que 35% das demências poderiam ser evitadas com mudança de nove aspectos: educação formal em todos os níveis; não desenvolver hipertensão, obesidade e diabetes (quando desenvolvidas, buscar manter sob controle); não ter depressão após a meia idade; não fumar; prevenir a perda auditiva antes da meia idade; realizar atividades físicas; e não se isolar socialmente.
Quando se fala em exercícios físicos, fazer atividades como caminhada e dança contam significativamente. É importante mesclar atividade física, ainda que leve mas com frequência, as atividades cognitivas. Essas orientações são o que apontam as pesquisas, como a publicada em 2016 por Sheung-Tak Cheng na revista Current Psychiatry Reports.
O nosso cérebro trabalha sempre no sentido de máxima economia. É um órgão que gasta muita da energia do organismo, por isso tudo que ele pode automatizar, criar atalhos, estabelecer padrões imediatos de resposta, ele o faz. Mas essa economia tem um preço futuro alto, o famoso “barato sai caro”. Ao manter o mesmo padrão, as mesmas rotinas, a mesma dieta, os mesmos livros, o cérebro não fortalece, não desenvolve mais sua rede de comunicação entre os neurônios, diminuindo a RC.
Na direção oposta, medidas simples podem favorecer a RC, tirando o cérebro da sua zona de conforto, experimentando alimentos novos, fazendo novas receitas, aprendendo atividades novas (tocar um instrumento musical, fazer crochê, tricô, sempre mudando, elevando a dificuldade das atividades). Mudar todos os objetos das gavetas, depois tentar fazer esforço para lembrar onde estão, mudar a mão dominante em atividades rotineiras como escovar os dentes, aprender músicas novas, novas danças. Ler, e ler muito, mas não encerrar a leitura nela mesma, fazer pausas, tentando lembrar o que acabou de ler, o que está entendo, como pensa, julga a respeito do que lê, e os motivos que faz com que pense desta maneira, e por que não fortalecer em discussões saudáveis em um clube do livro? E assim conhecer novas pessoas, fortalecer vínculos.
O importante é não deixar para amanhã e buscar todos os dias algo para motivar, para criar novas experiências, novos aprendizados, e assim garantir uma vida com longevidade e qualidade.
* Viviane Oliveira de Melo é especialista em Neuroaprendizagem, Piscomotricidade, Biotecnologia e tutora dos cursos de Pós-Graduação da Uninter na área de Neurociência.
Autor: Viviane Oliveira de Melo (*)Créditos do Fotógrafo: TheDigitalArtist/Pixabay e Rodrigo Leal
Ótima matéria!
Ótima matéria. Ual !!!