Força jovem impulsiona economia criativa

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

A economia criativa é um sinal da mudança da sociedade e hoje está consolidada no mundo. O trabalho colaborativo é a característica principal desse tipo de negócio. Você sabe como surgiu a economia criativa e quais suas características?

A economia criativa é um conceito que surgiu em meados de 1990, principalmente na Inglaterra, quando o governo e especialistas começaram a perceber que a proporção da produção da indústria na economia e no PIB do país estava caindo muito rápido. As indústrias estavam se deslocando rapidamente para a Ásia, principalmente para a China, onde os custos de produção eram muito mais baratos.

Este cenário trouxe uma grande preocupação pois poderia gerar uma crise econômica e falta de empregos muito grande. Portanto, foi feito um estudo para saber o que estava acontecendo com a economia britânica. A conclusão com este estudo foi de que apesar da economia estar perdendo muita densidade industrial e empregos na área, havia uma boa notícia.

Começava aparecer e se destacar um conjunto de  setores econômicos que estavam começando a crescer muito rapidamente, e que tinham no seu conjunto algumas coisas em comum.

Essas pesquisas foram aprofundadas, e esses segmentos foram batizados como setores pertencentes à economia criativa, por causa de duas características fundamentais: a criatividade e a alta tecnologia. São essas duas coisas que suportam e sustentam a economia criativa.

Alguns segmentos da economia criativa são: audiovisual, arquitetura, artes cênicas, design, editorial, expressões culturais, música, publicidade, patrimônio e artes , e tecnologia da comunicação e da informação.

A mestre em economia Gina Gulineli Paladino usou como exemplo a própria entrevista concedida por ela à Rádio Uninter: “Nós só podemos estar aqui, neste momento, fazendo esta entrevista, por conta de um suporte tecnológico muito robusto que sustenta essa nossa atividade nesse momento. O audiovisual é um exemplo muito fácil das pessoas perceberem. Também posso destacar toda a área de games e desenho animado, que é um segmento altamente próspero no mundo econômico hoje, nessa nova fase que estamos vivendo”, afirma.

Nesses estudos no final dos anos 1990, descobriu-se que a Grã-Bretanha naquela época já estava ganhando mais no balanço comercial com a licença das suas músicas do que da exportação de todo o setor automotivo. Com isso, percebeu-se que algo profundo estava acontecendo e isso chamou atenção dos economistas e planejadores do governo. Estava na hora de implementar novas políticas para ajudar esses segmentos da economia criativa, que seriam os mais promissores num futuro próximo.

Todos esses segmentos têm e contam com vários fornecedores e vários subsegmentos que fazem parte da cadeia de cada um. “No audiovisual existe uma cadeia enorme de fornecedores. O audiovisual também é a fotografia, os técnicos que consertam e fazem manutenção em todos os produtos, também são pessoas que trabalham para treinar os atores, são os iluminadores, então cada um desses setores é uma cadeia de produção econômica enorme”, ressalta Gina Paladino.

“Há muito espaço para todos, para as pequenas empresas e as empresas nascentes, para os jovens empreendedores, para as startups, que estão cada vez mais nascendo nesse contexto da economia criativa”, complementa.

Em um estudo da Firjan Senai, foi feito um mapeamento da indústria criativa no Brasil, no relatório de 2019. Segundo esse levantamento, de 2015 a 2017 cresceram os profissionais capazes de auxiliar as empresas na compreensão dos consumidores e aqueles voltados para promoção e manutenção da imagem das empresas, como analista de mercado, analista de negócios e relações públicas.

Também houve uma busca por melhorar a experiência do consumidor e gerar inovação no consumo, que são evidenciadas pelo aumento de visual merchandisers, diretores de criação, profissionais de design (moda, produto, gráfico ou de eventos) e até mesmo chefes de cozinha.

Na área de tecnologia, tivemos um aumento nos profissionais de TI, que são os programadores e gerentes deste setor, que demonstraram a necessidade de lidar com um grande volume de dados disponíveis. Segundo o estudo, o mercado de trabalho deu sinais de fortalecimento das mídias digitais, percebendo na contratação de gestores de mídias sociais.

Gina Paladino falou sobre o perfil do empreendedor que trabalha no mercado criativo. “Diferente da economia tradicional, o profissional da economia criativa tem um perfil ou até uma necessidade de trabalhar de uma maneira muito mais colaborativa. Não por acaso, nesse contexto, os modelos de coworking cresceram assustadoramente no mundo inteiro. E isso para gerar negócios ou produtos e serviços criativos de alto valor agregado é muito importante que seja colaborativo, até porque nós precisamos misturar as especialidades, mesclar as competências e conhecimentos. A economia criativa é avessa à especialidade”, pontua.

Outra característica é o perfil dos empreendedores, mais jovem em relação aos empreendedores do passado, começando a empreender mais cedo. Além disso, esses empreendedores são muito resilientes. Vão à falência e começam de novo, voltam com outros produtos e seguem em frente. Esse profissional da economia criativa tem de ter uma boa aceitação do fracasso, até porque é um momento de grande aprendizado.

Gina Paladino destacou o aumento da proporção de mulheres no espaço empreendedor, facilitado pelos negócios criativos. “Na economia criativa de uma forma geral, o volume de capital necessário para abrir um negócio é menor, e isso é um facilitador para as mulheres entrarem no empreendedorismo”, explica.

Por fim, ela deixou uma mensagem e ressaltou um cuidado especial aos jovens: “Nós temos que ajudar muito os jovens, aqueles que ficaram perdidos no meio do caminho, por conta da pandemia, que atrapalhou a vida de todos nós. Nesse pós-pandemia, temos que fazer um grande esforço para ajudar os jovens nessa caminhada”, conclui.

Gina Paladino debateu o assunto na última edição do programa Talento em foco, no dia 20 de setembro de 2021. O programa teve apresentação de Bárbara Carvalho e Evandro Tosin, e mediação de Erika Lotz, mentora de capital humano e idealizadora do projeto. Você pode conferir a gravação do programa clicando aqui.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *