Fevereiro Roxo e a conscientização sobre a fibromialgia
Autor: Fernanda M. Cercal Eduardo e Thayse Zerger G. Dias*A fibromialgia comumente conhecida como uma patologia de dor generalizada, é conceituada pela Sociedade Brasileira de Reumatologia como “uma condição que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor”. Esse conceito demonstra a dificuldade de diagnóstico, visto que não existem, atualmente, marcadores laboratoriais que confirmem a doença.
Os diagnósticos são feitos a partir do conjunto de sinais e sintomas que caracterizam a síndrome, conforme critérios do Colégio Americano de Reumatologia (ACR). Em torno de 2,5% da população mundial experimenta situações de dores inespecíficas que iniciam lentamente de forma localizada e vão se espalhando pelo corpo, perdurando por meses, classificando-se dessa forma como dor crônica.
A Fibromialgia no Brasil já representa um problema de saúde pública com custos econômicos elevados e impacto social tão grande quanto. Do ponto de vista biopsicossocial relacionam-se à esta síndrome, déficits tanto funcionais quanto emocionais gerando desgaste e comprometimento nas atividades de vida diária, lazer, convívio e trabalho desses pacientes.
Um diagnóstico preciso e um acompanhamento multidisciplinar da condição de saúde faz total diferença nos resultados que beneficiam os pacientes em todos os aspectos de suas vidas.
A Nutrição, Fisioterapia, Psicologia dentre outras profissões da saúde, fazem parte do atendimento especializado, a fim de ajustar as condições fisiológicas do organismo, lidando de maneira concomitante com as dificuldades apresentadas e também em relação aos anseios do portador da síndrome.
Tanto o aspecto nutricional quanto o aspecto físico, assim como o psicológico/emocional constituem os pilares de equilíbrio do corpo humano. Dessa forma, o tratamento da Fibromialgia atualmente, deve ser pensado como um trabalho em conjunto, visando o equilíbrio dinâmico entre o organismo e o ambiente que o cerca, considerando todas as atividades exercidas pelo paciente em sociedade e também a forma que este indivíduo encara esta realidade, a fim de atingir o objetivo principal que é melhorar o aspecto de saúde como um todo, considerando todas as fases do ciclo vital.
O tratamento não é simples, e só há de obter resultados partindo da colaboração entre paciente e profissionais envolvidos, mas também, o auxílio da família é muito importante, ao se obter entendimento da síndrome e aspectos a serem trabalhados, aspectos esses que pouco a pouco evidenciam melhoras cotidianas.
Muitos estudos sobre o tema têm surgido nos últimos anos e, por meio de pesquisas da comunidade científica já é possível perceber que é o conjunto de ações que proporciona os melhores resultados. Trabalhar com suplementação, atividades físicas, terapias manuais, analgesias, psicoterapia, métodos para alívio de estresse e melhora do sono é essencial para o sucesso no tratamento.
Ainda não podemos falar em cura, mas o prognóstico é bom e melhora a cada dia, ao surgimento das evidências de tratamento que, com comprometimento entre os pares, tem grande efetividade no controle dos sintomas. Seguindo um tratamento adequado e bem conduzido por uma equipe multiprofissional, os sintomas tendem a melhorar, resgatando a capacidade funcional e o convívio social saudável.
O papel do Fisioterapeuta nesse sentido, é conduzir terapias físicas de suporte, como eletroterapia para analgesia, massoterapia e outras terapias manuais relaxantes e analgésicas, orientação e prescrição de exercícios e atividades físicas personalizadas além da orientação terapêutica no nível primário de atenção em saúde. Os objetivos traçados por este profissional devem ser realistas, comuns e complementares a outros objetivos da equipe multiprofissional e do seu paciente.
Outro recurso que vem sendo adicionado às terapias físicas é a hidroterapia, obtendo ótimos resultados pelos seus efeitos fisiológicos globais ao organismo. Metodologias de exercícios como Pilates e Yoga têm evidenciado progressos.
Fibromialgia dói mais quando não está sendo administrada. Fibromialgia tem jeito sim!
* Fernanda M. Cercal Eduardo é fisioterapeuta, mestre em Tecnologia em Saúde e coordenadora do curso de Fisioterapia da Uninter. Thayse Zerger G. Dias é fisioterapeuta, especialista em Terapia Intensiva e tutora do curso de Fisioterapia da Uninter.
Créditos do Fotógrafo: Karolina Grabowska/Pexels