Estudantes de São José do Cedro fazem a diferença na comunidade local
Autor: Evandro Tosin - jornalistaReunir a teoria com a prática é fundamental na formação profissional. No dia 18 de abril de 2023, acadêmicos dos cursos de Ciências Biológicas e de História da Uninter do polo de São José do Cedro, em Santa Catarina, apresentaram suas pesquisas sobre diferentes aspectos econômicos e sociais da realidade local e regional para alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Cedrense.
A atividade prática locorregional é uma metodologia de pesquisa e prática que busca o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes e da comunidade ao seu entorno. Ou seja, alinhar a teoria com a prática e relacionar com as características e demandas locais e regionais
Para a orientadora pedagógica do polo no extremo oeste catarinense, Eli Maria Pagnussatti Bariviera, a prática é uma ferramenta importante não somente para o aprendizado acadêmico. A iniciativa permite o desenvolvimento de outras potencialidades dos alunos, porque através da realização destas atividades, os formandos compreendem quais as características e as habilidades afloram ao longo das tarefas, além do compartilhamento de suas pesquisas e autoconhecimento.
“A atividade tem o papel de desenvolver habilidades como a liderança, porque geralmente os alunos vão fazer essas atividades em grupo. Aspectos que podem ser considerados benéficos são a colaboração e a socialização dessas pesquisas sobre os estudos da nossa realidade. É importante tornar essas atividades como motivadoras e incentivadoras, que inovam as práticas educativas e com o objetivo de um melhor aprendizado”, explica Eli Maria.
De acordo com a docente da Escola de Educação da Uninter e da área de Geociências, Julia Bertoti, o objetivo das atividades é que o estudante de Licenciatura e do Bacharelado em Ciências Biológicas adquira uma sólida formação nas diversas áreas de atuação conforme determinam as diretrizes curriculares dos cursos, buscando refletir sobre os temas indicados e trocar experiências enriquecedoras para o seu processo formativo de modo a garantir o desenvolvimento das competências e habilidades.
“As propostas locorregionais apresentadas para os estudantes dos cursos de Ciências Biológicas perpassam as mais diferentes áreas de atuação do futuro profissional biólogo, criando no seu entorno domiciliar um campo de pesquisa de diferentes processos biológicos. Como exemplo podemos citar que, na disciplina de Ecologia foi proposta uma atividade de busca por bioindicadores na região de domicílio do estudante. Com essa atividade o estudante foi a campo, objetivando conhecer, além do seu ambiente, os impactos ambientais observados na sua própria região, identificando diferentes espécies de bioindicadores e as relacionando e ao significado da presença da espécie no local”, explica Julia.
Outros exemplos podem ser citados. Em Zoologia de Invertebrados e Botânica Criptógama foram propostos trabalhos de inventário de fauna. Nessas atividades, foram solicitados levantamentos de espécies de animais invertebrados e espécies vegetais que ocorrem em sua região. Para o desenvolvimento da atividade, habilidades como o uso de chaves taxonômicas e cálculos de bioestatística foram utilizados como ferramentas para o resultado proposto ser atingido. Já na disciplina de Elaboração de Relatórios Ambientais, a proposta de levantamento biológico estava vinculada à criação de uma matriz de impactos ambientais em margens de rios. Com essa atividade, a capacidade de observação e identificação dos valores biológicos da região do estudante foram desenvolvidas.
Ainda de acordo com a professora Julia, é necessário destacar que importantes resultados das atividades desenvolvidas pelos estudantes dos cursos de Ciências Biológicas da Uninter, já podem ser conhecidos através de publicações, como no E-book sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). O livro em formato digital foi organizado através de textos enviados pelos estudantes em uma atividade prática em que era necessário reconhecer e identificar PANCs em seu entorno domiciliar.
Além disto, em outra atividade de levantamento e inventário da flora local, os estudantes foram instigados a desenvolver e apresentar ilustrações botânicas como forma de consolidação da proposta de aprendizagem. O resultado deste trabalho pode ser visto na exposição virtual “Ilustrações Botânicas: Estudos de uma prática artística”, clique aqui.
Biologia na sala de aula
Iniciativas semelhantes também acontecem com frequência nos polos de apoio presencial da Uninter, um deles é o exemplo de Vitória Maggioni, aluna do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da Uninter, vinculada ao polo de São José do Cedro (SC). Ela apresentou dados e resultados de pesquisas na aula de Biologia para os estudantes do Ensino Médio da rede pública. Durante o encontro, foram utilizados materiais como o Laboratório Portátil Individual (LPI) para observações microscópicas.
Ela abordou a temática de apicultura e e o valor da meliponicultura. A apicultura caracteriza-se pelo manejo de abelhas exóticas para produzir mel, própolis, geleia real, pólen e cera de abelha. Já a meliponicultura é a criação de abelhas sem ferrão para o lazer ou fonte de renda.
As abelhas fazem a polinização, recolhem o pólen e levam para outras flores. Vitória fez a observação de plantas angiospermas, nesse caso, especificamente com a flor pata-de-vaca (Bauhinia forficata). O procedimento consistiu em cortar o óvulo da flor para analisar no microscópio óptico. E também coletou o pólen para mostrar aos jovens e exemplificou como é realizado o processo.
A estudante de Ciências Biológicas também abordou a importância da produção de mel para sobrevivência dos apicultores e renda familiar. De acordo com o Ministério da Agricultura do estado de Santa Catarina, são cerca de 16 mil criadores de abelha catarinenses, com produção de mais de 100 tipos de méis silvestres – cada um com a sua cor, sabor e espessura. O mel tem papel imprescindível economia catarinense, gerando receita de 100 milhões por ano, segundo informações da Epagri e da Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC).
A oportunidade contribuiu para a sua evolução profissional. “A turma do segundo ano do Ensino Médio foi muito colaborativa conosco. Estavam interessados. É uma questão que valoriza o estado de Santa Catarina. A apicultura é uma forma de preservar o meio ambiente sem destruir. Eles adoraram o laboratório da Uninter. Esse trabalho me ajudou a evoluir e aprender mais. Você descobre um mundo tão vasto, que você acha que não era importante. A ciência faz ampliar o mundo”, explica.
Compartilhar o estudo do passado e refletir o presente
A estudante do curso de Licenciatura em História da Uninter vinculada ao polo de São José do Cedro (SC), Kamilli Meneghel, também participou da aula prática. Ela divulgou para os alunos dois trabalhos: um sobre a Lei Maria da Penha e outro acerca dos índices de desemprego no Brasil e em Santa Catarina. Com objetivo da prática docente, apropriou-se de recursos pedagógicos, utilizando materiais como folders e jornais para abordar os assuntos com os adolescentes.
A taxa de desemprego no estado catarinense é menor do que muitos países que estão entre as maiores potências industriais e econômicas, o chamado G7. Em dezembro de 2022, a taxa média de desemprego em países como a Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França Itália, Japão e Reino Unido foi de 3,9%. De acordo com IBGE, Rondônia obteve índice o menor índice de desocupação (3,1%) e Santa Catarina (3,2%). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua Trimestral) ainda apresenta que no 2º trimestre de 2022, (87,4%) dos trabalhadores do setor privado tiveram a carteira assinada em Santa Catarina. Números que estão diretamente atrelados com a formação e capacitação.
“Foi uma experiência muito positiva poder partilhar os nossos conhecimentos com os alunos. A gente debateu muito sobre os assuntos. Apresentei dados, diferentes pontos de vista, o que os jornais falam, mas os estudantes também emitiram opinião. Aprendi muita coisa para ser uma ótima profissional e professora. A Uninter me abriu muitas portas”, relata Kamilli.
Segundo a professora do curso de História da Uninter e da área de Linguagens e Sociedade, Deisily de Quadros, as atividades práticas realizadas no curso vão muito além do cumprimento da legislação: proporcionam a relação entre a teoria e a prática, fomentam a pesquisa, ampliam o olhar sobre o global e o conhecimento e a atuação local.
“O corpo docente do curso, junto aos órgãos colegiados e à direção da nossa escola, elabora as atividades práticas objetivando a reflexão prática sobre as teorias apreendidas, bem como sobre a sociedade atual, de modo que nossos estudantes possam compreender a sua região como parte de um cenário global, tendo possibilidades de transformar o seu entorno, o seu micromundo. Dessa forma, ficamos imensamente felizes com ações desenvolvidas pelos alunos e com a parceria dos polos”.
A gestora do polo da Uninter de São José do Cedro (SC), Andreia Perin, reforça que o objetivo desta ação na escola foi aplicar o conhecimento produzido em seu contexto individual, social e profissional, bem como, demonstrar a preocupação com a formação dos acadêmicos, para que sejam profissionais de sucesso, já que com a realização destas atividades o acadêmico será protagonista de sua transformação.
Autor: Evandro Tosin - jornalistaEdição: Larissa Drabeski