Estudantes de Direito unem educação e voluntariado em atividade extensionista
Autor: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação AcadêmicaDe que forma o Direito atua como regulador da sociedade? Esse foi o questionamento norteador da Atividade Extensionista III, realizada pela turma do 3º período do curso de Direito da Uninter, no dia 8 de junho de 2024. Na ação que visa integrar os acadêmicos com a sociedade, os estudantes proporcionaram atividades de lazer para as crianças e adolescentes acolhidos pelo Lar Hermínia Scheleder.
De acordo com a professora responsável pela atividade, Renata Polichuk Marques, a disciplina Extensionista III propõe a abordagem de temas interdisciplinares, que passam por áreas como psicologia e reflexos do direito na sociedade. Por isso, a docente trabalha com a ideia de que “o Direito só existe, porque existe sociedade”.
“Um ser que interage apenas consigo mesmo não precisa de regras de conduta estabelecidas. Por isso, proponho que o Direito seja visto fora da ‘caixinha’ das leis escritas, mas entendido como um instrumento para pacificação social”, explica.
Participaram da ação 15 estudantes da graduação e cerca de 10 voluntários externos. A escolha da organização se deu por meio do apoio e indicação do IBGPEX, Instituto de responsabilidade socioambiental da Uninter. A turma também contou com apoio da Associação Feminina Acácias de Curitiba e com recurso financeiro da comunidade.
“As universidades têm um papel fundamental no incentivo ao trabalho voluntário e na promoção de atividades extensionistas. Estas são uma grande oportunidade para estimular a participação dos estudantes em projetos que beneficiam a comunidade. O trabalho voluntário é uma experiência enriquecedora, contribui para o desenvolvimento pessoal, profissional e social. Ao se engajarem em causas que acreditam, os universitários se tornam agentes de transformação, construindo um futuro mais justo e solidário para todos”, afirma a gerente de projetos sociais do IBGPEX, Rosemary Suzuki.
A ação foi colocada em prática em uma festa junina. Além de um dia cheio de brincadeiras, como cama elástica, piscina de bolinhas, pintura no rosto, dança com Xbox, futebol, caça ao tesouro, massinha de modelar, desenho para colorir e rabo do burro, a equipe também arrecadou e doou brinquedos, produtos de limpeza e higiene pessoal para o Lar.
Para as atividades, estavam presentes quase 50 crianças e adolescentes, dos dois aos 13 anos de idade, que foram divididos em três grupos, de acordo com a faixa etária. Na hora do lanche não faltaram as comidas típicas da época. Durante a programação, receberam pipoca, bolos de milho e de chocolate, cachorro-quente, canjica, pé-de-moleque, paçoca, cocada, milho cozido, salgados, suco, refrigerante e água, todos providenciados pelos alunos e voluntários.
A pedagoga do Lar Hermínia Scheleder, Lucineide Scarmagnani Bezerra, conta que são as ações de voluntariado que ajudam a manter as estruturas da organização. E é por meio delas também que podem proporcionar aos acolhidos a oportunidade de vivenciarem novas descobertas, assim como acesso a atividades de cultura e lazer.
“Foi um momento bastante prazeroso, de interação e trocas. Todos os envolvidos muito educados, prestativos, respeitosos, dinâmicos e, principalmente, abertos a todas as orientações passadas em relação as regras e trato com as crianças. Gostaria de agradecer por nos acolherem e proporcionarem a nossas crianças esses momentos que, com certeza, ficarão marcados em suas memórias”, declara Lucineide.
O impacto para os voluntários
Os estudantes do 3º período de Direito Nicole Alves, 27 anos, e Lucas Ditiuk, 18 anos, contam que a ideia partiu do colega de turma. “A expectativa era grande na questão de poder levar mais alegria para as crianças. Acho que o objetivo inicial foi concretizado e realizado com grande esforço, direto e indireto, dos colaboradores”, afirma Lucas, que já participou de outras ações de voluntariado na escola e em um grupo de escoteiros.
Nicole, que também já foi voluntária da igreja quando mais nova, salienta o “choque de realidade” que é entrar em contato com estas instituições e os acolhidos em condições de vulnerabilidade.
“A leveza que as crianças têm, a forma como nos acolhem e recebem tudo o que temos para dar, é muito lindo. Eles são realmente muito carentes de carinho, acima de tudo. O que impacta muito no voluntariado, pois frequentemente acreditamos que seja necessário gastar muito dinheiro e tempo, quando a realidade se mostra mais simples que isso”, destaca.
Quatro integrantes do Rotaract Clube Graciosa, de Quatro Barras (PR), se uniram ao time. Os voluntários do clube têm a atuação voltada principalmente para a juventude, e o presidente, Miguel Zanchettin, de 22 anos, ressalta a importância da ação para aqueles que a realizam.
“A situação das crianças que ali residem nos fortalece como seres humanos, pela compaixão e empatia por tudo o que já passaram. Trazer isso para a nossa realidade, tentando de alguma forma ajudá-los, além de garantir que sejam incluídos, nos ensina sobre como a humanidade pode ser boa”, afirma o presidente.
Miguel se surpreendeu com o ambiente e a alegria das crianças e dos adolescentes. “Particularmente, eu esperava um ambiente triste. Prestei atenção na condição e esqueci que são crianças, que sua função é ser feliz, brincar e aprender. É triste quando as crianças mencionam, sem serem questionadas, algo de sua história. De toda forma, o que mais me chamou a atenção foi perceber que elas têm um futuro brilhante pela frente”, conclui.
Além de Miguel, do Rotaract também participaram Matheus Bondezan, Sophia Turqueti e Simone Hevylin.
Sobre o Lar Hermínia Scheleder
O Lar surgiu da necessidade de atender menores em situação de vulnerabilidade, que buscavam auxílio na Igreja Presbiteriana de Curitiba (PR). Em abril de 1964, para responder de maneira eficaz a essa demanda, membros da IPC fundaram a organização, com o objetivo principal de garantir que as necessidades básicas sejam atendidas. Lá, as crianças e adolescentes recebem abrigo, moradia, alimentação, vestuário, educação, assistência médica e odontológica. Assim como apoio psicológico, assistência espiritual e lazer.
As casas de passagem para crianças e adolescentes são instituições temporárias que oferecem acolhimento provisório a menores em situação de risco ou que afastados de suas famílias por determinação judicial. Proporcionam um ambiente seguro e estruturado, enquanto buscam uma solução mais permanente, seja o retorno à família de origem, a colocação em família substituta ou outra medida de proteção adequada.
Além disso, trabalham para reintegrar esses menores à sociedade, promovendo o desenvolvimento pessoal e social, oferecendo atividades de lazer e cultura. Por isso, a pedagoga Lucineide pontua que a contribuição da comunidade é de suma importância. Os voluntários podem colaborar com doações, principalmente de produtos de higiene pessoal, e com ações que promovam momentos de interação.
Autor: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação AcadêmicaEdição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Divulgação