Estrelas Escuras: mais um ponto para James Webb
Autor: *Daniel Guimarães TedescoA astronomia nos presenteia constantemente com descobertas fascinantes e, desta vez, não é diferente. Parece que o universo tem uma predileção pela escuridão, apresentando-nos uma gama de fenômenos misteriosos, como buracos negros, matéria escura, energia escura e, agora, estrelas escuras. Um trio de astrofísicos, Cosmin Ilie, Jillian Paulin e Katherine Freese, encontrou possíveis evidências de estrelas escuras, graças aos dados do Telescópio Espacial James Webb. Em contraste com as estrelas convencionais, que brilham graças à fusão nuclear, as estrelas escuras seriam alimentadas pela misteriosa matéria escura. Acredita-se que essas estrelas tenham surgido nos primórdios do universo, compostas principalmente de hélio e hidrogênio, assim como suas irmãs luminosas. Contudo, a presença da matéria escura forneceria uma fonte de calor alternativa, permitindo que essas estrelas brilhassem de forma única.
Convém ressaltar que hoje, o universo “conhecido” corresponde somente a aproximadamente 5% de matéria bariônica normal (basicamente prótons e nêutrons). O restante fica entre a matéria e energia escura! A matéria escura tem maior parte da matéria no universo, que compreende cerca de 27% da composição total. A matéria escura não emite, absorve ou reflete luz, tornando-se extremamente difícil de ser detectada diretamente. Sua presença é inferida através dos efeitos gravitacionais que exerce sobre a matéria visível. Já a energia escura, que constitui a maior fração do universo, cerca de 68%. A energia escura é responsável por uma misteriosa força de repulsão que está acelerando a expansão do universo. A natureza exata da energia escura ainda é desconhecida, e sua descoberta representou uma grande revolução na compreensão da cosmologia moderna.
Voltando, se as estrelas escuras realmente existirem, conforme indicado pelos pesquisadores do Texas, elas seriam consideravelmente maiores do que as estrelas tradicionais já observadas. Em alguns casos, essas estrelas poderiam ser confundidas com galáxias quando observadas por telescópios terrestres. Essa descoberta abre caminho para uma nova compreensão do universo e nos desafia a repensar o que sabemos sobre as estrelas. Os pesquisadores analisaram três candidatas a estrelas escuras e encontraram uma forte correlação com as características teorizadas para esse tipo de estrela. Além disso, essas candidatas não se encaixam nas características das galáxias tradicionais, o que fortalece a evidência em favor das estrelas escuras.
Uma implicação interessante dessa descoberta é a possibilidade de que as estrelas escuras, ao envelhecerem, colapsem em buracos negros supermassivos. Essa hipótese poderia explicar a abundância de buracos negros no universo e oferece uma nova perspectiva sobre a evolução estelar. É importante ressaltar que a detecção das estrelas escuras foi possível graças à tecnologia avançada do Telescópio Espacial James Webb. Esse instrumento tem permitido dados interessantes, nos levando a explorar o cosmos com uma precisão e sensibilidade sem precedentes, revelando fenômenos cósmicos que antes estavam além de nossa compreensão.
Estes são resultados preliminares interessantes, sendo necessárias mais observações e estudos para confirmar a existência das estrelas escuras e compreender melhor suas características. A astronomia continua a nos surpreender com suas revelações e, sem dúvida, muitas descobertas fascinantes ainda estão por vir.
Finalizando, esta descoberta de estrelas escuras pelo Telescópio Espacial James Webb representa mais um marco emocionante na exploração do universo e mais uma “estrelinha” no currículo do James Webb. No fim das contas, a beleza cósmica parece que está sempre além de nossa compreensão completa. Somos meros observadores, admirando as maravilhas celestiais e nos deixando levar por suas nuances. As estrelas escuras, em toda a sua grandiosidade enigmática, nos lembram da vastidão e da magia do universo, convidando-nos a mergulhar em sua obscuridade resplandecente e a sonhar com o infinito além do céu estrelado.
*Daniel Guimarães Tedesco é Doutor em Física pela UERJ e professor de Matemática e Física dos cursos de Exatas da Escola Superior de Educação no Centro Universitário Internacional Uninter
Créditos do Fotógrafo: NASA, ESA, CSA, Brant Robertson (UC Santa Cruz), Ben Johnson (CfA), Sandro Tacchella (Cambridge), Marcia Rieke (Universidade do Arizona), Daniel Eisenstein (CfA), STScI)