Esporte e solidariedade: uma dobradinha de sucesso durante a pandemia de Covid-19
Autor: Fernanda Letícia de Souza*O esporte sempre foi palco de conquistas que enchem de orgulho suas nações e um espaço importante na fomentação de mudanças na sociedade. Afetados diretamente pelas paralisações e orientações de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, atletas e esportistas de todo o mundo decidiram utilizar sua força e influência para mobilizar recursos em prol dos mais afetados.
Não faltam exemplos no Brasil e no mundo de ações que viralizaram, preenchendo os noticiários e as redes sociais com um pouco de esperança em meio a tanta tristeza e desespero.
O jogador de futebol Marcus Rashford, do Manchester United, virou símbolo do combate à fome na Inglaterra ao pressionar o governo inglês, por meio de carta aberta nas redes sociais, a manter a distribuição de vales refeição para crianças de famílias com menor poder aquisitivo, por conta do fechamento das escolas em razão da pandemia.
O governo havia decidido suspender o recurso, mas foi sensibilizado pelas palavras de Rashford e pelo apoio maciço da população e de várias celebridades. “Quando você for à geladeira pegar o leite, pare e reconheça que os pais de pelo menos 200 mil crianças em todo o país nesta manhã estão olhando para prateleiras vazias.”, escreveu o jogador em sua carta.
O futebol brasileiro não ficou de fora da onda de solidariedade. Vários clubes e jogadores fizeram doações e campanhas para ajudar famílias afetadas pela pandemia. A dupla Gre-Nal (Grêmio e Internacional) deixou de lado a rivalidade clássica de dentro dos campos para se unir na arrecadação de recursos para a abertura de mais 80 leitos de UTI no Hospital Santa Casa de Porto Alegre.
Diversos jogadores também realizaram doações individuais de cestas básicas e kits de limpeza e higiene para a população mais carente e muitos clubes cederam seus campos e instalações para a implantação de leitos hospitalares em caso de superlotação dos hospitais.
Voltando para a Inglaterra, o veterano militar Thomas Moore, do alto dos seus 102 anos de idade, resolveu desafiar os próprios limites numa campanha para arrecadar doações em dinheiro para associações vinculadas ao serviço público de saúde britânico. A ideia inicial era juntar mil libras caminhando cem vezes o percurso de 25 metros do seu jardim com a ajuda de um andador.
A população britânica ficou tão comovida com a atitude que surpreendeu o coronel com a doação de 33 milhões de libras (o equivalente a mais de 232 milhões de reais), muito além da singela meta inicial de mil libras. O capitão Tom ficou tão famoso ao levar inspiração e luz ao povo em meio ao caos da pandemia, que foi nomeado Cavaleiro pela Rainha Elizabeth II.
Em meio a uma situação de calamidade pública mundial, provocada por um vírus, o esporte, que sempre foi apontado como uma prática para o aprimoramento em diversos sentidos, inclusive de saúde, se unem para levar bem-estar em forma de solidariedade, esperança e amor ao próximo.
* Fernanda Letícia de Souza é especialista em Fisiologia e Prescrição do Exercício Físico; é professora dos cursos de bacharelado e licenciatura em Educação Física da Uninter.
Créditos do Fotógrafo: Lucas Ninno/Creative Commons