Escola Politécnica debate ações contra a mudança global do clima
Autor: Flávio Ducatti - Estagiário de JornalismoA ideia do Global Meeting da Uninter é promover a participação de todo o centro universitário na atuação e no debate de assuntos importantes de hoje e do nosso futuro, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Há algum tempo, a sociedade ampliou a discussão sobre o futuro do planeta e o que fazer para que as nações com capacidade de produzir ações possam contribuir para um futuro melhor.
Em setembro de 2015, os representantes dos 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram e perceberam a necessidade de começar a agir e enfrentar uma série de desafios para que o planeta possa ser um pouco melhor. Com a Agenda 2030, os países se comprometeram a tomar medidas que pudessem erradicar a pobreza e promover uma vida digna a todos, mas dentro dos limites de sustentabilidade do planeta.
Resíduos sólidos e as mudanças climáticas
A principal diretriz da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 10004/2004 diz respeito aos resíduos sólidos ou semissólidos resultantes de atividades industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e até mesmo de varrição. Também estão inclusos como resíduos aqueles lodos provenientes das estações de tratamento de água e esgoto e os lodos gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição.
Na norma 10004, os resíduos são classificados em:
- Classe 1: resíduos perigosos, que têm uma ou mais características de inflamabilidade, corrosividade, toxidade, reatividade ou patogenicidade contaminantes;
- Classe 2: resíduos não perigosos, distribuídos entre as classes 2A, os não inertes, e classe 2B, inertes.
Com resíduos inertes é possível fazer um teste tentando dissolvê-lo em água destilada e em temperatura ambiente. Se não for solúvel, são resíduos inertes, e nessa categoria estão incluso os entulhos. Outros resíduos podem ser os materiais recicláveis ou a matéria orgânica que tem combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água que são os resíduos da classe 2A
A Legislação Federal tem duas leis importantes: a lei 12.305, de agosto de 2010, que institui uma política nacional de resíduos sólidos. Nela estão os princípios, objetivos, instrumentos e todas as diretrizes relativas à gestão integrada no gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo resíduos perigosos e a responsabilidade de gerador do poder público e todos os instrumentos econômicos aplicáveis. A outra lei é a 14.026 de 2020, que atualiza o Marco Legal do Saneamento Básico, atribuindo à Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) a competência para instruir as normas de referência para regulação dos serviços públicos de saneamento e que inclui o manejo dos resíduos sólidos.
Com relação à geração de resíduos no Brasil, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), a região Norte produz 7,4%. Já a o Nordeste concentra 24,7%, seguido de Centro-Oeste, com 7,5%, Sul (10,8%) e 49,7% no Sudeste. Apenas em 2021, o Brasil produziu aproximadamente 77 milhões toneladas, equivalentes a 354,3 quilogramas por habitantes ao ano. Quando mal gerido, os resíduos sólidos causam poluição visual, do solo, ar e das águas subterrâneas.
Quando os resíduos vão aos lixões, seu acúmulo prejudica a saúde da população, além de produzir o biogás, uma mistura de gases produzida pela decomposição do lixo sem controle. Podemos classificar por emissões cinco importantes fontes: agropecuária, energia, mudanças de uso da terra, processos industriais e resíduos. É possível proteger o clima a partir da gestão de resíduos sólidos urbanos, mas não é uma tarefa fácil, necessitando de ajuda do setor público e a participação da população para uma coleta seletiva e triagem do material.
“O setor de resíduos tem uma capacidade única de deixar de ser uma fonte de gás de efeito estufa e se transformar no principal setor apto a poupar essas emissões por ter um potencial de curto a médio prazo para implementação de medidas que reduz as emissões de gás estufa”, explica o engenheiro agrônomo Denis Luiz Vieira.
Segundo ele, com a abordagem de gestão integrada de resíduos, as emissões de gases podem ser poupadas em toda a cadeia produtiva, desde a extração de matérias-primas, passando por manufatura e transporte, até chegar ao consumidor.
“Se todo mundo contribuir e não ficar jogando a culpa em governo e outras situações, a gente consegue fazer essas mudanças. Cada um tem que fazer a sua parte, a gente faz a nossa parte como instituição e tentamos fazer com que todos os nossos alunos que participam dessas atividades mudem essa consciência e ajudem a ser multiplicadores”, conclui o professor do curso de Engenharia de Produção Everton Vieira.
Energias renováveis e o mercado financeiro
É fundamental entender que a evolução da humanidade está interligada com a revolução das fontes de energias. Em alguns momentos do passado, o uso dessas fontes de energias e dos tipos de energias não tinham um efeito imediato que impactasse no clima ou em qualquer outra forma que pudéssemos perceber os impactos negativos na sociedade. Hoje, é impossível falar em evolução humana sem falar da evolução da energia e os seus benefícios e malefícios causados à toda a sociedade.
Com o início da industrialização, a exploração de minérios e o tratamento desses, começa o domínio de outros tipos de materiais que impactam também na parte de construção civil e outras áreas, principalmente nas máquinas a vapor que trouxeram os efeitos das primeiras revoluções industriais. Novos pontos de vista surgem a partir daí, quando a energia passa a ser fundamental para a vida humana e todo o processo de industrialização acaba tornando o ser humano dependente dessas fontes de energias.
O ser humano evolui ainda mais com o domínio do petróleo e o uso da energia elétrica que nos trouxe à realidade atual. Isso também teve impacto na área da saúde com o aumento da tecnologia, influenciando na expectativa de vida, por exemplo. Pensando no cotidiano atual, conseguimos perceber os efeitos dessas escolhas de consumo de energia. Podemos dividir a energia em dois segmentos: energias não renováveis e energias renováveis.
“Conseguimos perceber a diminuição dos recursos e a busca por fontes renováveis e limpas e todos os efeitos climáticos que estão chamando atenção nesse momento”, destaca o professor de Engenharia Elétrica Eduardo da Silva.
Das principais fontes de energias, 86% do consumido vem de fontes não renováveis como de carvão mineral, petróleo, seus derivados e o gás natural. Os três maiores consumidores dessas fontes são as indústrias, o transporte e residências.
“A gente às vezes não se liga nisso, mas nós, como cidadãos, consumimos energias e muita das vezes não renováveis, como o gás de cozinha e aquecimento a gás. Esses tipos de escolhas estão aí, nessas contas dentro das residências. Nós [residências] somos o terceiro maior impactante, quem sabe apenas com a conscientização da população já conseguiríamos reduzir essa parcela das residências. Isso não vai resolver cem porcento do problema, mas vai contribuir para a solução”, ressalta Eduardo.
“Nós temos um programa social voltado para energia renovável, destinado para financiar as instalações de outras fontes renováveis justamente para consumidores de baixa renda. É só pesquisar pelo programa de eficiência energética focada para esse programa social”, finaliza o professor e engenheiro mecânico Gabriel Vergara.
O tema Ação contra a Mudança Global do Clima (ODS13) foi ao ar nos dias 19, 20 e 21 de julho de 2022. A íntegra do evento pode ser conferida no canal do Grupo Uninter, no YouTube.
Autor: Flávio Ducatti - Estagiário de JornalismoEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Chokniti Khongchum/Pexels e reprodução YouTube