Entenda o transgênico e o agrotóxico que transbordam do nosso prato

Autor: Ariadne Körber - Estagiária de Jornalismo

Já estamos acostumados a ouvir os termos “transgênico” e “agrotóxico”. O primeiro se refere a uma transformação genética, enquanto o outro indica substâncias que fazem mal para a saúde. Essa dupla tem sido assunto de acalorados debates na atualidade. De janeiro a setembro, o Ministério da Agricultura liberou o registro de 325 agrotóxicos, superior aos 309 liberados no mesmo período de 2018.

Para ajudar a desvendar o assunto, os professores da Uninter Benisio Ferreira da Silva Filho e Rodrigo de Cassio da Silva promoveram no último dia 7 de outubro um debate no programa Estação Sustentável, que vai ao ar ao vivo na Rádio Uninter às segundas-feira, às 15h, com reprise às quartas, às 11h30.

Doutor em química e biotecnologia, Benisio salienta a necessidade de a academia e os jornalistas discutirem mais o assunto. “Esse tema é delicado, é importante e, sim, merece ser discutido, pois estamos numa época de sustentabilidade. Afinal de contas, é o nosso planeta, é a nossa casa”.

Para Rodrigo, que é coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Ambiental da Uninter, o que fez com que o movimento antitransgênico ganhasse tanta força, tanto no Brasil quanto na Europa, é a falta de divulgação de informações sobre o assunto. “Hoje entende-se que existe a necessidade do uso de defensivos agrícolas (agrotóxicos) para que se façam produções em larga escala, mas com pesquisas na área, pode-se achar outras formas para manter a saúde das plantações”, comenta o professor, destacando a importância dos estudos genéticos para esse desafio.

O que são os agrotóxicos?

Os agrotóxicos, ou defensivos agrícolas, são moléculas desenvolvidas com a função de inibir ou atrapalhar o metabolismo de uma célula específica. Se ingerirmos essas moléculas em grande quantidade ou por muito tempo, nossa bioquímica também sofre essas consequências, segundo a explicação do professor Benisio. No grupo de pesquisa em que ele participa na Universidade Federal do Paraná (UFPR), busca-se entender os efeitos de diferentes concentrações de defensivos e seus subprodutos nas células do corpo humano.

A quantidade de exposição do produto varia de produtor para produtor, sendo difícil para o consumidor controlar sua ingestão. “A intenção dos pesquisadores da indústria é produzir mais sem envenenar ninguém”, esclarece Benisio. Mas o professor relata que aqui no Brasil não há grandes investimentos em pesquisas focadas no melhoramento da produção sem agrotóxicos.

“O problema não são os pesquisadores brasileiros. A EMBRAPA, por exemplo, é reconhecidíssima lá fora. Como professores e pesquisadores, temos a responsabilidade de informar com qualidade”, defende Benisio.

Sobre os transgênicos

As plantas transgênicas são submetidas a uma alteração de DNA para se tornarem resistentes a alguma praga, doença ou condição climática. O processo envolve a adição de um gene, proveniente de outra planta, na planta que está sendo transformada, dando a ela a característica desejada.

Segundo o Conselho de Informações sobre Biotecnologia, os produtos transgênicos ajudam na preservação do meio ambiente, pois diminuem a necessidade do uso de defensivos agrícolas, além de serem vistos como uma forma mais saudável de se aumentar a produção, com perdas menores.

Benisio destaca que a agroindústria do Reino Unido, onde fez parte do seu doutorado, tem uma abordagem diferente da nossa em relação aos agrotóxicos. “Lá eles começam com a iniciativa de diminuir o uso de agrotóxicos e investir na green chemistry (química verde), que tem dentro dela os transgênicos, que são plantas naturalmente resistentes às suas pragas e por isso não precisariam tomar um banho de veneno”, explica.

Ambos os professores enxergam a necessidade de aprimorar o uso dos agrotóxicos no Brasil, ou criar novas formas de garantir a produção em larga escala sem precisar recorrer a eles, preservando a saúde tanto do meio ambiente quanto dos consumidores.

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Autor: Ariadne Körber - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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