Ensino superior e os deslocamentos dos alunos da educação a distância

Autor: Renata Adriana Garbossa Silva*

O ensino superior a distância vem mudando expressivamente no Brasil, devido à grande oferta de instituições e também, à possibilidade de deslocamento e disponibilidade financeira da população para arcar com os gastos relacionados aos cursos. Dados divulgados pelo IBGE apontam que em todo o território nacional, no que tange à oferta, as alterações foram significativas devido ao espraiamento de universidades públicas e privadas para além das grandes capitais e metrópoles, abarcando cidades médias.

O estudo mostra que a atratividade também ocorreu em função da instalação de polos de Educação a Distância (EAD), ocasionando com isso uma nova modalidade responsável por deslocamento de frequência não diária na formação universitária. O que chama a atenção, são as distâncias percorridas pelos acadêmicos para acesso a cursos de nível superior, que apresenta comportamentos regionais distintos.

Desta forma, normalmente os deslocamentos na região norte são maiores, o Estado do Amazonas apresenta valores muito maiores que o segundo colocado. São 409 km, em média, o que destoa de outros Estados da região, como por exemplo, Acre, Pará, Mato Grosso e Roraima, que possuem médias muito semelhantes em torno de 180 km, segunda maior média de deslocamentos encontrados no País. A razão para deslocamentos maiores ocorre porque existem poucos destinos intermediários na busca por ensino superior naquele Estado.

Por outro lado, Sergipe, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas e até mesmo Rio de Janeiro, apresentaram as menores médias de deslocamentos, em torno de 50 km, além de Santa Catarina apresentar a menor média de deslocamento, com 45 km. Ou seja, as menores médias de deslocamentos podem ser explicadas devido à distribuição de centralidades intermediárias, evitando grandes deslocamentos em busca de cursos superiores.

Esses grandes deslocamentos a serem percorridos acarretam elevados custos reduzindo a efetivação do mesmo. Portanto, o estudo mostra que esse fato pode ser indicativo de limitação do ingresso em cursos superiores pela população residente em regiões onde o acesso exige distâncias maiores. O estabelecimento de polos educacionais EAD em diversos Municípios foi responsável pela desconcentração e interiorização do ensino, ampliando o acesso à educação formal em diferentes contextos espaciais, em face da diversidade regional brasileira. Assim, a expansão da educação superior foi impulsionada tanto pela criação de novas unidades de instituições de nível superior quanto pelo incentivo à educação a distância e a constituição de novos polos em centros urbanos, aumentando a oferta de matrículas nas instituições de ensino superior.

Concluo que outro fator considerado relevante e tido como significativo na última década, deve-se tanto ao crescimento quanto à valorização da modalidade EAD, que possui uma abrangência espacial maior que a da graduação presencial, indicando, portanto, uma tendência de maior capilaridade na oferta do serviço.

O processo de interiorização ampliou o acesso à educação formal em diferentes contextos espaciais, em face da diversidade regional brasileira, alcançando, diversos segmentos sociais.

* Renata Adriana Garbossa Silva é doutora em Geografia, professora e coordenadora da Área de Geociências da Escola Superior de Educação da Uninter.

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Autor: Renata Adriana Garbossa Silva*
Créditos do Fotógrafo: Kulik Stepan/Pexels


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