Enem 2021: insegurança e questões reflexivas

Autor: Edna Gambôa Chimenes*

Estudantes chegam para o primeiro dia de prova do Enem 2021.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), já conhecido por muitos, traz a possibilidade de ingresso em universidades públicas e privadas em seus processos seletivos, utilizando a nota obtida pelos candidatos nos programas Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e Prouni (Programa Universidade para Todos). Este ano, as provas ocorreram nos dias 21 e 28 de novembro – últimos dois domingos – e mais uma vez, além da tradicional avaliação impressa, tivemos a aplicação do Enem Digital.

Atualmente, o Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil, pois muitas universidades aboliram os vestibulares e passaram a utilizar apenas a nota do Enem no processo seletivo. E, ao pensarmos em todas as possibilidades e importância deste exame, podemos entender que grande parte dos alunos estavam inscritos e compareceram para realizar as avaliações, certo? Errado!

Insegurança foi a palavra que definiu o Enem 2021. Iniciando pelas aulas remotas, ocasionadas pela pandemia, que trouxe importante acentuação na diferença social e de acesso às tecnologias, ocasionando defasagem no ensino e formação dos alunos. O resultado de todo esse medo, falta de preparo e compreensão dos conteúdos, além de novos critérios para isenção de taxa, refletiu no número de inscritos que foi o menor dos últimos anos – pouco mais de 4 milhões de pessoas nas duas versões do exame, impressa e digital.

Dos 3,1 milhões de inscritos no Enem 2021, 26% não compareceram à prova no primeiro domingo (21/11). Vale ressaltar que esta ausência de inscrições e percentual de abstenções tiram a possibilidade de muitos alunos de ingressar no ensino superior e obter a formação e diploma tão sonhado.

Além desses fatores, mantendo o “ar” de insegurança na realização do Enem 2021, dias antes da aplicação da prova, um grupo de funcionários do Inep entregou um documento ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria Geral da União (CGU) no qual pedem investigação contra a alta gestão do órgão, acusando possível intervenção e risco ao sigilo da prova do Enem, a partir de supostas situações enfrentadas pelos funcionários.

Porém, apesar de toda essa situação, as avaliações realizadas nos últimos dois domingos mostraram que os professores conseguiram trazer, de forma direta ou indireta, temáticas sociais e históricas de extrema relevância e atuais, cobrando conhecimentos sobre escravidão, racismo, questão indígena, de gêneros, população carcerária, refugiados, entre outros.

No segundo dia de prova, os alunos, mais uma vez, encontraram questões que geraram polêmicas, como a do campeonato brasileiro e assuntos recentes como o impacto ambiental causado pelo acidente em Mariana e a importância do Pantanal. Porém, ficando de fora a pandemia – tema que era esperado por todos.

Essas questões apareceram em charges, publicidades, trechos de músicas e textos filosóficos, problematizando temas importantes e conseguindo trazer a interdisciplinaridade, além de fazer uma “ponte” entre momentos históricos e a sociedade atual. Lógico que alguns assuntos ficaram de fora, mas, considerando que a aplicação ocorreu em meio a uma crise no Inep, com uma série de polêmicas, a estrutura da prova conseguiu se manter intrigante e bastante reflexiva.

* Edna Gambôa Chimenes é mestre em estudos de linguagens e tutora dos cursos de pós-graduação na área de comunicação da Uninter.

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Autor: Edna Gambôa Chimenes*
Créditos do Fotógrafo: Agência Brasil


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