Emprego e profissão: é importante saber a diferença?
Autor: Alessandra de Paula*Você conhece alguém que, mesmo com formação acadêmica, registro profissional e currículo que confirma sua competência para o exercício das funções pertinentes à sua formação, e apesar de se habilitar a diversas vagas em diferentes anúncios de emprego, não consegue passar do momento inicial de qualificação numa seleção de trabalho, normalmente representado pela análise de currículo?
Refletindo sobre essa questão, que é mais frequente do que se pode imaginar, encontramos uma resposta simples, atrelada às questões do avanço tecnológico. Atualmente, com os ambientes profissionais dominados pelas tecnologias digitais, não basta apenas o diploma acadêmico para o exercício da profissão. Se para esse exercício, o profissional precisa de um emprego, a situação do candidato em busca de uma colocação no mercado de trabalho começa a tomar contornos diferenciados, que não são discutidos em muitos espaços acadêmicos de formação.
Podemos citar um exemplo: você está cursando ou já concluiu o curso de formação em Logística e está em busca de um emprego para exercer suas habilidades profissionais. Durante o período de formação, preocupou-se apenas em aprender o básico de outras línguas, manteve-se distante das tecnologias digitais e recusou-se a aprender o que chamamos de informática básica, informações essas que estão, no caso, ausentes de seu currículo.
Considerando-se que seu desempenho acadêmico tenha sido extremamente satisfatório, apesar das ressalvas acima descritas, você é chamado para uma entrevista.
Quais serão suas perspectivas em uma entrevista de emprego quando, inevitavelmente, duas perguntas serão feitas: “Qual o seu domínio de línguas estrangeiras? Domina inglês?” ou ainda: “Quais são as ferramentas digitais voltadas ao gerenciamento de processos logísticos que você conhece?”
Nessa situação, podemos empregar uma expressão popular bastante conhecida e pertinente à situação: “Bateu na trave!”
Isso acontece porque a maioria das pessoas confunde o significado das duas palavras – profissão e emprego.
Segundo o site Guia da Carreira, “a profissão é uma atividade específica exercida por pessoas que detêm conhecimentos técnicos e práticos sobre determinada área”.
Já a palavra emprego, de acordo com o dicionário Michaelis On-line, significa a ação ou o efeito de se empregar ou, ainda, o exercício de um trabalho ou ocupação que é realizado em troca de uma remuneração, podendo estar relacionado a empresas do setor industrial ou de serviços, ou ainda a instituições do setor agrícola ou de terceiro setor.
O aumento da utilização de novas tecnologias em vários setores de produção, assim como a utilização de novas fontes de energia e avanços em inteligência artificial, facilita a compreensão do descompasso atual em relação à profissionalização e à busca de empregos.
Um administrador rural que não saiba manter os registros de seu plantel, o mapeamento da localização do rebanho e o consumo de adubos e fertilizantes por hectare de sua propriedade em arquivos digitais e um advogado que não tenha domínio de ferramentas digitais para acompanhamento de processos eletrônicos estão perdendo espaço frente à concorrência.
Assim, o profissional de logística que não domine as ferramentas digitais ou tenha a comunicação limitada à língua materna perde espaço na busca por um emprego, embora tenha uma profissão.
Resumindo, ter uma profissão, sem atualização às demandas do mercado, não é requisito para a conquista de um emprego.
* Alessandra de Paula é mestre e doutora em Engenharia de Produção e Sistemas. É professora e coordenadora dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos da Uninter.
Revisão Textual: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Tiger Lily/Pexels