Em São Paulo, polo Vila Constança aposta em ações sociais para enfrentar a pandemia
Autor: Arthur Salles - estagiário de jornalismoA pandemia de Covid-19 agravou diversos problemas de ordem social no mundo inteiro. No Brasil, o vírus não tardou a se alastrar nas regiões mais carentes dos municípios. Famílias separadas, alunos fora das escolas, trabalhadores desamparados e a doença se espalhando cada vez mais, superando as 120 mil mortes. Foi nesse cenário que um grupo de amigos se uniu e somou esforços para fazer a diferença no distrito de Cidade Ademar, na Zona Sul de São Paulo.
Alvira Soares Rêis, 55 anos, é professora estadual há 25 anos. Nascida em Varzelândia (MG), chegou à capital paulista ainda criança com os pais. Em 2012, ela assumiu dois compromissos com a educação e a comunidade de Cidade Ademar: a fundação do polo de apoio presencial Uninter Vila Constança e a direção da Escola Estadual Joanna Abrahão.
A educadora vem, desde então, promovendo atividades solidárias na região. Todas envolvem os 1.180 alunos da escola que dirige, com crianças de 6 a 12 anos. Dentre exercícios artísticos e atuações sociais, a doação de alimentos foi a ação que permaneceu e se intensificou durante a crise de saúde deste ano.
Em meio à pandemia, mais de 1.500 cestas básicas já foram entregues às famílias matriculadas na escola. Embora a preferência de doações seja a alunos, a professora revela que tenta ajudar qualquer pessoa que a procure. “O coração não aguenta”, conta ela, ao emendar um pequeno riso à fala.
Ao final de abril, a colaboração com a iniciativa União São Paulo distribuiu 700 cestas. Outro destaque é o auxílio da empresa de consultoria Level Group, que negocia cestas básicas a preços menores com redes de supermercados. Como prevenção ao coronavírus, parte das entregas foi feita com kits de higiene, máscaras e escudos faciais.
Além da alimentação, Alvira faz questão de providenciar o que quer que seja. Geladeira, fogão, televisor, guarda-roupas, cobertores: o pedido que ela fizer nas redes sociais gera movimentação entre os conhecidos dispostos a ajudar.
A arrecadação é feita com o apoio de diferentes pessoas e entidades. O grupo musical paulistano Trovadores Urbanos faz lives e vídeos pelo Facebook com pedidos de doação todas as semanas. Maída Novaes, fundadora do conjunto em 1990, é uma das responsáveis em reunir parceiros. “As pessoas têm muita dificuldade em doar. Não é fácil conseguir doações. Tem que fazer uma grande corrente, sensibilizar as pessoas”, destaca.
A parceria com Alvira data de 2012, quando a trupe fez da escola Joanna Abrahão o seu principal centro de musicalização infantil. O projeto Escola de Trovadores reúne hoje cerca de 50 alunos, mas está suspenso por causa da pandemia.
Foi por meio da companhia que Eduardo Suplicy Forbes teve contato com Alvira. O publicitário de São Paulo, ligado a causas sociais há pelo menos 20 anos, atua como um “facilitador”. Usando a experiência profissional e o conhecimento em projetos comunitários, Forbes planeja estratégias de comunicação que tragam resultados às ações lideradas pela professora. “É um trabalho de conexão, de buscar os empresários que tenham a disposição e o interesse de ajudar e de ter uma atuação social, não importa onde estejam. Como todo mundo hoje está na internet, a gente faz a ponte”, explica.
Em suas ações voluntárias, que começaram com a preparação e distribuição de marmitas, o publicitário já chegou a distribuir tablets a 14 alunos do Joanna Abrahão. A rede varejista Magalu ofertou os aparelhos a preço de custo, e Forbes mobilizou amigos para comprar os equipamentos e distribuí-los às crianças. Alvira acrescenta que cerca de 200 famílias da escola puderam comprar os próprios tablets graças à parceria com a loja, o que facilitou o acesso dos jovens às aulas remotas.
Aos olhos de Vani, aluna do curso de Pedagogia da Uninter e colaboradora do polo Vila Constança, as ações da equipe são cruciais à comunidade. A confiança em Alvira vem desde 2012, quando se conheceram na escola Joanna Abrahão, onde Vani trabalha há três décadas. Aos 53 anos, ela comenta que o incentivo da gestora a fez retomar os estudos no ano passado, sem ter medo da idade.
A estudante lembra que a região, que já era carente, sofreu intensamente os efeitos da Covid-19. “A pandemia pegou todo mundo de surpresa. Atrapalhou a vida de todos”, relata. De acordo com levantamento da prefeitura local, o distrito é o sétimo mais atingido pelo coronavírus na capital: foram 360 mortes, entre confirmadas e suspeitas, de 11.mar.20 a 31.ago.20.
Dos 96 distritos da capital, Cidade Ademar tem o 14º menor salário médio da cidade. Segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo, publicada em 2017, o distrito tem remuneração média de R$ 1.814, bem abaixo dos R$ 2.657 médios do município inteiro.
Mesmo com o impacto da doença, os laços criados por Alvira com a população da região deram certa resistência ao polo de Vila Constança no combate à crise. “No atendimento da Uninter, nós não tivemos prejuízo com os alunos que já estavam [matriculados] lá, porque a gente intensificou essa questão de ligar, de ter contato pelo WhatsApp. A gente trabalhou o tempo inteiro. A gente se ajudou”, conclui a diretora.
* A foto que ilustra esta matéria foi tirada antes da pandemia.
Autor: Arthur Salles - estagiário de jornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Ajudar quem precisa e o mínimo que faço a Deus. Unindo trabalho, prosperidade e sucesso em tempos de covid19.
Gestora Uninter Alvira, muito orgulho em conhece seu trabalho e fazer parte dessa história,uma mulher que não mede esforços pra ajudar as pessoas carentes de comunidades , sucesso guerreira estou aqui para ajuda lá no que precisar,bjs
Muito obrigada minha linda. Continuamos no polo uninter vila Constança a inteira disposição.