Eleição de Trump fortalece guinada à direita e ao conservadorismo, avalia professora
Mauri König – Jornalista
A eleição de Donald Trump como o 45º presidente dos Estados Unidos contrariou todas as previsões que indicavam a vitória de Hillary Clinton. Tão imprevisível quanto o triunfo de Trump será a sua postura em relação a temas que podem mexer com a geopolítica global. Os rumos do novo governo só começarão a ficar mais claros a partir da posse, dia 20 de janeiro.
Tutora dos cursos de Ciências Políticas e Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional UNINTER, a professora de Geopolítica e de Direitos Humanos Andréa Benetti diz que a vitória de Trump fortalece a guinada à direita e ao conservadorismo no mundo. Essa tendência vem ganhando força na Europa continental, fortalecida por um discurso de protecionismo dos interesses locais.
Na avaliação de Andréa, a eleição de Trump sinalizou mais uma desaprovação à política do presidente Barack Obama e à continuidade por meio de Hillary do que uma simpatia a Trump.
Andréa acredita que pela linha do partido Republicano e pelos discursos de campanha, tudo indica que Trump será mais assertivo e protecionista ao país nas relações internacionais. Os interesses dos Estados Unidos estarão em primeiro lugar. Ele tende a não ser tão flexível e diplomático como Obama.
Em seus discursos, Trump propôs negociar os acordos comerciais firmados pelos EUA para reservar os empregos no país e reduzir o déficit americano nas transações com o resto do mundo. Neste caso, o Brasil poderá sofrer um duplo impacto. Primeiro, porque hoje os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China. Segundo, porque estima-se que um milhão de brasileiros vivam no país, grande parte indocumentados.
A imigração é outro campo ainda incógnito no governo. Trump anunciou na campanha eleitoral que fecharia as portas para os estrangeiros, mas recuou aos poucos diante das repercussões negativas. No discurso da vitória, falou em receber bem o estrangeiro que representar um ganho econômico para os EUA.
Grande parte dos imigrantes, no entanto, está em situação irregular no país, ou vive em condições de subemprego. Para eles, nada indica que Trump terá uma política acolhedora. Para Andréa Benetti, os americanos saem perdendo no campo dos direitos humanos, e não só por causa da questão dos imigrantes.
Essa perda se daria não que esses direitos poderiam vir a ser suprimidos, mas porque não serão ampliados. Se tentar rever direitos já conquistados, Trump encontrará dificuldades na Suprema Corte em razão do Princípio da Vedação ao Retrocesso Social, garantia prevista na Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia, uma das treze colônias que levaram os EUA à independência.
que bela matéria.