Educação a distância reduz os riscos dos anjos da guarda na Ilha de Marajó
Autor: Renan Vasconcelos - Estagiário de JornalismoO acesso à formação superior impacta positivamente não só a vida de quem estuda, mas também das pessoas no seu entorno. Que o digam os missionários do projeto Anjo da Guarda, mantido desde 2012 pela Renovação Carismática Católica do Brasil em Afuá (PA), uma das 12 cidades da Ilha de Marajó, no estuário do Rio Amazonas.
Por meio do sistema de apadrinhamento e de voluntários que chegam de várias regiões do país, o projeto atende famílias carentes de Afuá. Enquanto os pais fazem cursos de capacitação para aumentar sua renda familiar, as crianças têm atividades educacionais e recreativas, como catequese, aulas de reforço e oficinas de recreação.
“O objetivo do projeto é gerar o ser humano integralmente através dos cuidados com os pequenos e com as famílias, afim de lhes trazer a dignidade de filhos de Deus”, diz Maristela Teixeira, uma carioca que coordena em Afuá as atividades do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil.
Ao instalar o primeiro polo de educação a distância em Afuá, a Uninter propiciou aos voluntários não apenas uma formação superior para aplicar novos conhecimentos ao projeto, permitiu também aos afuaenses uma redução dos custos para estudar e mais tempo para se dedicar ao voluntariado.
Antes, quem queria estudar tinha de encarar o Rio Amazonas, num trajeto de 80 km que leva duas horas de barco até Macapá (AP), a cidade mais próxima e que até então a única a dispor de cursos superiores mais acessíveis aos moradores de Afuá.
Há que se considerar, ainda, os riscos que implicam essas viagens pelo maior e mais caudaloso rio do mundo. Segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo, 1.160 pessoas morreram em naufrágios no Rio Amazonas entre 1981 e agosto de 2017.
Com a possibilidade de uma formação diretamente em Afuá, agora os alunos da educação a distância reduzem esses riscos e o tempo antes gasto em deslocamentos. Com isso, sobra mais tempo para participar como voluntários no Anjo da Guarda, aplicando o que aprendem com as crianças e fazendo com que o projeto tenha um alcance maior.
A voluntária Shewry Candido ressalta o impacto dessa mudança. “Acho importante, porque aqui os estudantes têm mais visibilidade, educação, e assim podem estar ajudando a comunidade”, comenta ela sobre a chegado do polo da Uninter na cidade.
Aluno do curso de Pedagogia da Uninter, Wallace de Lima conta que, antes da abertura do polo em Afuá, ele cruzava o Rio Amazonas de madrugada para chegar em Macapá de manhã a tempo de fazer as provas. Agora, trabalha como voluntário do projeto dando aulas de reforço para as crianças durante quatro horas por dia.
“Como missionário, a gente tem de se preparar com profissionalismo, para fazermos o melhor nas aulas de reforço. É bastante corrido, mas a gente tira um tempinho durante o dia para se adequar aos compromissos”, comenta Wallace.
Autor: Renan Vasconcelos - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay e Arquivo UN