É possível construir um outro capitalismo?

Autor: Vitor Diniz - Estagiário de Jornalismo

Em um cenário econômico marcado pelo desemprego, alta competitividade entre empresas e dificuldade de se gerar lucro a partir de modelos tradicionais de negócios, a economia solidária oferece um novo conceito de empreendedorismo, gerando oportunidades de trabalho e renda. O objetivo dessa proposta de modelo econômico é focado no desenvolvimento sustentável da sociedade. Apesar de o nome ter sido criado no Brasil, esse é um movimento presente em vários países.

Nesse assunto, Curitiba é um exemplo a ser seguido. A cidade tem uma rede de Padarias Comunitárias (foto), um Banco de Desenvolvimento Comunitário, a Natur All moda & consciência, uma Associação da Feira Permanente de Economia Popular Solidária, entre outros empreendimentos que partilham de uma mesma ideologia econômica.

Com o objetivo de promover um debate para discutir a possibilidade de vivermos em outros modelos de economia, o curso de Serviço Social da Uninter reuniu o professor Rodolfo Silva e o fundador da empresa Sinergia Alimentos Saudáveis de Curitiba (PR), Luis Alves Pequeno, no dia 10.set.2020.

O professor do curso de Serviço Social destacou que na Uninter há um grupo de pesquisa que estuda a participação popular na economia solidária. O grupo se reúne aos sábados, com participantes de diversos lugares do Brasil, e estuda maneiras de colocar em prática esse modelo econômico.

Se observarmos o sistema econômico capitalista, vemos que o seu objetivo é o lucro, e os seus princípios são a propriedade privada e a divisão de classes na sociedade. De acordo com Rodolfo, o capitalismo não agrega benefícios à maioria dos cidadãos, colocando uma quantidade pequena de pessoas dentro da acumulação do capital econômico, e excluindo as classes desfavorecidas. Ele ainda aponta a economia solidária como um importante movimento social que resiste ao capitalismo.

“Economia solidária é muito simples e importante, faz frente a um modelo de capitalismo que gera exclusão social”, afirma.

Luis enfatiza que defender a economia solidária e colocá-la em prática não é uma tentativa de “reinventar a roda”, e sim de fazer com que a roda gire a favor da vida, da humanidade, e não do lucro. Segundo ele a reforma agrária é um exemplo concreto de economia solidária. Esse movimento social foi usado como exemplo durante o debate, mostrando como o compartilhamento de terras antes improdutivas, que estavam em posse de um único dono, proporciona a ocupação por produtores rurais que passam a ter uma fonte de subsistência para suas famílias.

“Numa sociedade capitalista, essa partilha de terra para pessoas que querem nela trabalhar, e que se torna propriedade coletiva, é uma expressão viva de economia solidária e do bem viver”, explica.

A Sinergia Alimentos Saudáveis comercializa produtos de uma rede colaborativa, que inclui cooperativas agroecológicas e empreendimentos da economia solidária. O objetivo é apoiar a reforma agrária, a agricultura familiar e a agroecologia em Curitiba e região.

O fundador dessa iniciativa enfatizou que é muito difícil construir uma sociedade baseada na economia solidária, mas que a transformação da atual realidade é feita com as pequenas atitudes do dia a dia.

“Não existe mágica, existe construção. Se tudo fosse fácil, tudo já estaria transformado. Nós, trabalhadores, com ousadia vamos transformar a sociedade”, afirma.

Na conclusão, Luis deixou claro que ele entende como ato político toda a ação do ser humano. “Todo ato do ser humano, é uma ação política. O ato de defender e praticar a economia solidária é um movimento de resistência política, um movimento de enfrentamento ao capitalismo”.

Se você quer saber mais sobre a economia solidária e assistir à live completa, acesse a página de Tutoria Serviço Social – Uninter.

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Autor: Vitor Diniz - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Cefuria e reprodução Facebook


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