Diversidade engrandece a língua portuguesa
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - Estagiário de JornalismoOriginada do galego-português, idioma falado no Reino da Galícia e no norte de Portugal, a língua portuguesa se espalhou pelos continentes através do processo de expansão promovido pelo Reino de Portugal entre os séculos XI e XVI. Hoje, ela é a língua oficial em 9 países e a 5° mais falada do mundo.
Alcançando territórios na África, Ásia e nas Américas, a língua portuguesa passou por muitas mudanças ao longo do tempo, distanciando-se de sua forma original no velho continente. As mudanças são fruto da influência das culturas locais, além do contato com as línguas já existentes nos territórios que eram colonizados por Portugal na época. No caso do Brasil, a influência das línguas indígenas é inegável, o que dá ao português brasileiro uma série de vocábulos próprios.
Apesar da inevitabilidade dessa dinâmica da mudança da língua, ainda existe certa desconfiança, muitas vezes alinhada ao preconceito linguístico, em relação às variações do idioma. Há quem julgue que o português europeu é a forma mais correta de se falar, reproduzindo a visão de que a variação é uma espécie de “desvio”, no sentido pejorativo da palavra.
Helena Topa Valentim, doutora na área de linguística com especialidade em semântica, afirma que “não faz qualquer sentido diminuir a riqueza do português brasileiro”. Pertencente ao departamento de linguística da Universidade Nova de Lisboa, Helena explica que existem duas maneiras de se analisar as diferenças na língua portuguesa.
A primeira envolve percorrer as diferenças sintáticas, morfológicas e fonéticas de uma variação em relação à língua originária; e a segunda tem a ver com o olhar que projetamos sobre essa diferença e a capacidade de entender sua pluralidade.
“A língua é plural e a variação é uma forma dela ser viva”, explica a professora, citando a frase que é de autoria de Maria Helena Mira Mateus, uma importante linguista portuguesa. “Cada variante se manifesta de uma maneira a partir de suas próprias culturas”, completa Maristela Gripp, doutora em estudos linguísticos e professora de linguística da Uninter.
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
A CPLP é uma organização internacional fundada em 1996, formada por países falantes da língua portuguesa, que tem como objetivo apoiar e promover a língua portuguesa no mundo através de ações culturais e sociais.
Composta por Brasil, Portugal, Angola, Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, a comunidade representa aproximadamente 280 milhões de falantes e segue princípios como os de igualdade soberana dos Estados membros, respeito pela sua identidade nacional e respeito pela integridade territorial. Com sede em Lisboa, a organização atua no trabalho da preservação da língua portuguesa e na diplomacia entre os países falantes dela.
Combate ao preconceito
Para Maristela Gripp, a língua pode aproximar ou afastar as pessoas. Estudar a língua é também estudar a história e a sociedade de seus povos, buscando entender como o idioma se comporta em diferentes lugares. Cada nação se apropria da língua e deixa suas marcas através de sua cultura, unindo povos de diferentes lugares através de uma mesma origem linguística.
De acordo com as professoras, é importante acolher as diferenças da língua e apreciar essa diversidade, pois esse é um sinal de que ela continua viva e em evolução constante, com novos sotaques e significados.
O tema foi abordado no programa de extensão “Entre letras e histórias”, transmitido pelo canal de YouTube da Escola Superior de Educação da Uninter em 07.out.2021. Você pode assistir ao programa completo com participação das professoras Helena Topa Valentim e Maristela Gripp clicando aqui.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução