Diagnóstico e o tratamento da Fibromialgia

Autor: *Fernanda Maria Cercal Eduardo

A fibromialgia é atualmente vista como uma síndrome, e não uma doença, pois se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas presentes na grande maioria dos casos, além da inexistência de marcadores laboratoriais ou alterações de imagem em exames tradicionais. Os sintomas mais prevalentes são a dor – de início insidiosa e que vai se tornando generalizada – a fadiga, com alterações do sono, e sintomas cognitivos que afetam a memória, concentração e atenção. 

Mesmo após inúmeros estudos, ainda não se sabe ao certo qual é a origem da Fibromialgia encontrando-se na literatura científica algumas relações hormonais, neurológicas, genéticas, inflamatórias e até mesmo, alterações do metabolismo celular.  

Sua etiologia desconhecida, ou ao menos não bem definida, e a inespecificidade e negatividade de marcadores laboratoriais geram uma série de problemas para o diagnóstico e tratamento dessa condição. O primeiro deles está relacionado ao tempo dispensado pelo paciente em inúmeras consultadas médicas, que sobrecarregam o sistema de saúde e, por muitas vezes, não são capazes de efetuar o diagnóstico preciso necessário, levando anos para isso. Estudos sugerem que a síndrome permanece sem diagnóstico em cerca de 75% das pessoas com o distúrbio. Além disso, mesmo após o diagnóstico, a síndrome acaba sendo tratada de forma sintomática, o que, por vezes, pode levar ao agravamento do distúrbio pelos efeitos colaterais de medicamentos para dor. 

Apesar de haver muitos estudos voltados ao tratamento da Fibromialgia, há poucos estudos envolvendo a avaliação e o desenvolver de novas ferramentas diagnósticas capazes de captar variáveis físicas dos processos existentes na Fibromialgia. Isso poderia alcançar médicos, profissionais da saúde em geral e pacientes, ajudando a todos no enfrentamento dessa condição de forma mais informada e eficaz, o que também contribuiria com a redução de gastos em saúde pública.   

E é pela importância desse tema que criamos um grupo de pesquisa junto ao Comitê de Ética e Pesquisa da Uninter, para estudar mais sobre a Fibromialgia e contribuir com a avaliação e tratamento por meio de nosso Projeto de Iniciação Científica. 

Além disso, como coordenadora desse Projeto desenvolvo também uma tese de doutorado junto ao Programa de Pós-graduação de Tecnologias em Saúde da PUC-PR, voltado à testes com novas tecnologias biomédicas aplicadas à avaliação desta síndrome.  

O diagnóstico precoce reduz os atrasos no tratamento de agravos e permite o manejo adequado da condição de forma mais precoce possível, reduzindo o impacto negativo da doença no dia a dia e evitando o uso desnecessário de recursos médicos: como exames repetitivos e visitas a diferentes especialistas, que podem ocorrer quando os sintomas são mal compreendidos. 

Um avanço no diagnóstico da Fibromialgia levaria também a uma maior conscientização sobre a síndrome e as suas implicações, reduzindo o estigma atual associado à doença que gera descrédito pela maioria e até mesmo, entre profissionais de saúde onde ainda acredita-se que a Fibromialgia esteja relacionada a quadros de saúde mental. 

A Fibromialgia ainda é uma síndrome invisível que, pela sua dificuldade de diagnóstico, maltrata e impacta negativamente a vida das pessoas, causando várias incapacidades e impossibilidades profissionais, de vida diária e de sociabilidade também. 

Os resultados de nossas pesquisas têm sido promissores, e assim, dentro dos próximos anos, poderemos proporcionar uma abordagem mais eficaz para o diagnóstico e tratamento da fibromialgia, ao integrar novas tecnologias biomédicas e desenvolver métodos diagnósticos mais precisos, reduzindo significativamente o tempo de diagnóstico e oferecendo tratamentos personalizados. Com essas inovações, não apenas melhoraremos a qualidade de vida dos pacientes, mas também contribuiremos para a desestigmatização da síndrome, promovendo uma compreensão mais profunda entre os profissionais de saúde e a sociedade em geral. Dessa forma, poderemos, enfim, avançar em direção a um cuidado mais humanizado e eficiente para aqueles que sofrem dessa condição tão debilitante. 

*Fernanda Maria Cercal Eduardo é Fisioterapeuta, Mestre e Doutoranda em Tecnologias em saúde pela PUCPR. Coordenadora do Curso de Bacharelado em Fisioterapia – UNINTER 

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Autor: *Fernanda Maria Cercal Eduardo
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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