Dia Internacional das Pessoas com Deficiência deve ser um chamado para a ação

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado anualmente em 3 de dezembro, serve como um importante marco para refletir sobre as conquistas e os desafios persistentes na luta por uma sociedade mais inclusiva. Embora tenhamos avançado significativamente nas últimas décadas, a realidade é que ainda há muito a ser feito. No Brasil, onde cerca de 18,6 milhões de pessoas vivem com algum tipo de deficiência, a inclusão continua sendo um desafio complexo e multifacetado.  

A inclusão das pessoas com deficiência envolve aspectos complexos que vão desde a acessibilidade nos espaços físicos até a eliminação de barreiras atitudinais e culturais. As barreiras físicas, por exemplo, são aquelas que impedem a mobilidade ou o acesso aos locais públicos e privados. Rampas, elevadores, banheiros adaptados e outras medidas de acessibilidade são fundamentais para garantir que pessoas com deficiência possam exercer sua cidadania de forma plena. Entretanto, é importante lembrar que a acessibilidade não se limita ao ambiente físico; ela inclui também o acesso à comunicação e à informação, que devem estar disponíveis em formatos adequados, como audiodescrição, legendas e linguagem de sinais, entre outros. 

Outro ponto essencial é a empregabilidade. Os números falam por si só enquanto quase 61% da população brasileira está ocupada, apenas 26,6% das pessoas com deficiência conseguem encontrar seu lugar no mercado de trabalho. Essa disparidade gritante revela uma realidade cruel e injusta. A informalidade, que atinge mais da metade dos trabalhadores com deficiência, agrava ainda mais a situação, expondo-os a condições de trabalho precárias e à falta de direitos trabalhistas. É urgente que o país adote medidas mais eficazes para garantir a inclusão dessas pessoas no mercado formal, promovendo a acessibilidade, combatendo o preconceito e oferecendo oportunidades de qualificação profissional. 

A educação inclusiva é outro elemento crucial para a plena participação social das pessoas com deficiência. As escolas devem ser preparadas para acolher e atender estudantes com diferentes tipos de deficiência, garantindo que todos tenham acesso aos mesmos conteúdos e oportunidades de aprendizado. A inclusão escolar ultrapassa a adaptação curricular e da acessibilidade física, sendo necessário capacitar professores e profissionais para lidar com as necessidades educacionais de cada aluno, promovendo uma educação que valorize a diversidade e respeite o ritmo e as habilidades de cada um. 

O avanço da tecnologia também tem auxiliado na inclusão das pessoas com deficiência. Dispositivos de acessibilidade, como leitores de tela, softwares de reconhecimento de voz e ferramentas de comunicação assistiva, ampliam as possibilidades de participação dessas pessoas em diversas atividades do cotidiano. Porém, o acesso a essas tecnologias ainda é restrito para muitas pessoas, especialmente em países em desenvolvimento, o que reforça a importância de políticas que ampliem o acesso às inovações assistivas. 

Celebrar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é, portanto, um chamado à ação. É uma oportunidade para que governos, organizações, empresas e cidadãos reflitam sobre o papel de cada um na construção de um mundo mais justo e acessível para todos. A construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva exige esforços coletivos e uma mudança de mentalidade que reconheça a deficiência não como uma limitação, mas como uma característica que faz parte da diversidade humana.  

*Paloma Herginzer é licenciada em Educação Física, especialista em Educação Especial e Inclusiva e tutora dos cursos de pós-graduação na área de educação no Centro Universitário Internacional – UNINTER.  

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Autor: *Paloma Herginzer
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