Dia de reflexão e luta contra a discriminação racial no Brasil
Autor: *Maristela R. S. GrippO dia 3 de julho carrega um significado profundo na luta contra a discriminação racial, marcando uma data crucial na história dos direitos das pessoas negras no Brasil. Foi nesse dia, em 1951, que foi sancionada a primeira lei brasileira que criminaliza práticas discriminatórias baseadas em raça ou cor. Neste ano, essa lei completa 73 anos de existência, e mais do que ser um dia de comemoração, é uma oportunidade para toda a sociedade discutir e refletir sobre o caminho percorrido até aqui e a discriminação racial ainda tão presente no nosso país.
Mas será que precisamos mesmo de um dia para falar sobre a discriminação racial no Brasil?
O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão! Foram mais de 300 anos de trabalho escravo que terminou sem nenhuma forma de compensação para a população negra. Eram milhares de homens, mulheres, crianças e velhos que após anos de exploração se viram sem trabalho e sem moradia. Como não tinham direito à educação, a maioria era analfabeta. Como afirma Abdias do Nascimento no seu livro “O genocídio do negro brasileiro”, o objetivo do projeto era eliminar os negros pelo abandono ou pela morte e branquear o país, trazendo os imigrantes europeus para cá. A única ação do governo após a abolição foi criar a lei da vadiagem para encarcerar os negros sem ocupação que eram encontrados vagando pelas ruas.
Os libertos possuíam várias habilidades que foram largamente exploradas na mineração, na pecuária e na agricultura durante o período da escravidão. Trouxeram conhecimentos tecnológicos que foram trazidos da África e que permitiram o desenvolvimento do Brasil em várias áreas. Entretanto, após a abolição, os negros foram proibidos por lei de adquirir terras para cultivar.
Nesse sentido, fica claro que a nossa sociedade criou um aparato jurídico/social que reforça o racismo estrutural e impede o negro de ser reconhecido como um cidadão de direitos. Mesmo a população negra sendo a maioria no Brasil, cerca de 57%, ela ainda não está representada nos espaços de poder do país e sofre com o preconceito, a discriminação e a falta de acesso às mesmas oportunidades e benefícios que a população branca do nosso país.
Sendo assim, que o dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, nos ajude a pensar formas de vencer o racismo e a discriminação no Brasil, a partir da construção de uma sociedade mais igualitária e justa para todos.
*Maristela R. S. Gripp é Doutora em Estudos Linguísticos, psicopedagoga e professora do Curso de letras no centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: *Maristela R. S. Gripp