Dia da mulher: comemorar o quê?

Autor: Maristela R. S. Gripp (*)

Na semana em que se comemora o Dia da Mulher, fomos surpreendidos pelo estupro coletivo sofrido por uma mulher na Índia. Fernanda Santos e o marido são viajantes e seguiam até o Nepal, quando decidiram acampar num local próximo a um vilarejo. Conforme o noticiário, Fernanda é brasileira, natural de Goiânia (GO), casada com um espanhol de nome Vicente. Os dois viajam de moto e já passaram por mais de 60 países. Eles compartilham imagens das aventuras em uma rede social, com mais de 250 mil seguidores.

Infelizmente, esse não é um fato isolado e comprova o fato de que uma mulher, esteja ela sozinha ou acompanhada, não está segura em lugar nenhum do mundo! No Brasil, as mulheres vêm sofrendo com a violência, o descaso da justiça e dos governos. Em 2022, o poder judiciário se comprometeu a julgar os 19.684 processos de feminicídio e de violência doméstica contra a mulher, que tramitavam na justiça sem terem sido julgados. Enquanto isso, meninas e mulheres são expostas à violência dentro e fora de suas casas.

De acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, os estados do Rio de Janeiro, Rondônia e Amazonas são as regiões onde as mulheres mais sofrem com a violência doméstica ou familiar provocada por homem. O levantamento nacional mostra que 68% das brasileiras têm uma amiga, familiar ou conhecida que já sofreu violência doméstica. Além disso, a pesquisa revela que existe uma percepção social de que a violência doméstica aumentou muito nos últimos 12 meses.

A Lei Maria da Penha foi um grande avanço na proteção da mulher, mas a maioria das mulheres brasileiras acredita que ela protege apenas em parte contra a violência doméstica e familiar, pois a falta de um atendimento personalizado acaba expondo a vítima a mais violência. O ano mal começou e o estado de Santa Catarina já contabiliza mais de dois mil casos de violência contra a mulher. São casos que vão se amontoando na Justiça, aguardando uma solução urgente que, muitas vezes, chega tarde para a vítima. Isso demonstra que o combate à violência doméstica exige medidas sociais, legais e educacionais urgentes!

O quadro da violência contra a mulher poderia ser minimizado se algumas atitudes fossem tomadas pelos órgãos públicos do nosso país. A violência contra a mulher atinge toda a sociedade e coloca em risco a vida de centenas de meninas e mulheres.

Nesse sentido, algumas medidas podem ser tomadas pelos estados e o poder judiciário do nosso país. Em primeiro lugar, promover a implementação efetiva da Lei Maria da Penha e o acesso jurídico às mulheres vítima de violência é uma das medidas urgente a ser tomada para proteger as mulheres. Além disso, a expansão das redes de atendimento às mulheres, criando locais de abrigo e atendimento médico e psicológico às vítimas; campanhas educativas em escolas, universidades, fábricas e empresas, promovendo o combate à cultura machista e patriarcal; e, finalmente, investir em programas de prevenção à violência doméstica, que incluam ações de conscientização sobre relações saudáveis, resolução pacífica de conflitos e educação emocional.

Os direitos das mulheres já avançaram muito, nas últimas décadas, mas ainda precisamos garantir que todas as mulheres no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, possam comemorar o seu dia em segurança e liberdade para viver.

* Maristela R. S. Gripp é Doutora em Estudos Linguísticos. Psicopedagoga e Profa. do Curso de Letras no Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Maristela R. S. Gripp (*)


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