Desafios e possibilidades de ser protagonista num cenário de recuperação da educação
Autor: Jucimara de Barros Bandeira*Há uma crescente discussão sobre o protagonismo do estudante no processo de aprendizagem, mas a temática não é novidade, apenas retorna com uma nova roupagem diante das novas necessidades de ensinar na contemporaneidade.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), “um ano após o início da pandemia Covid-19, quase metade dos alunos do mundo ainda é afetada pelo fechamento parcial ou total das escolas, e mais de 100 milhões de crianças adicionais caíram abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura como resultado da crise de saúde. Priorizar a recuperação da educação é crucial para evitar uma catástrofe geracional, conforme destacado em uma reunião ministerial de alto nível em março de 2021”.
Para ensinar no século XXI não basta apenas a transmissão de conhecimentos em que o professor era o centro do processo educacional. Como fazer para que as aulas possibilitem o protagonismo do aluno em tempos em que a escola não é mais a mesma e as aulas não acontecem somente de maneira formal?
O protagonismo é entendido como alavanca para o processo de aprender e cada vez mais o papel do professor é fundamental para inserir o aluno como personagem central no cenário educacional. A direção a ser tomada para a garantia de protagonismo precisa extrapolar a ação do querer ensinar e caminhar para a busca de consensos do que é importante ensinar e aí todo cuidado é pouco para que os papeis professor e aluno não sejam invertidos.
A promessa de novos tempos, de novas aprendizagens, depende primeiramente de ações coletivas, de elaboração, reorganização de propostas curriculares, de investimento e, sobretudo, de valorização dos professores para que eles cumpram o desafio que a eles tem sido atribuído: o de colocar o aluno como protagonista de sua própria história.
Ser protagonista não é ser responsável por seu próprio conhecimento, mas ter voz de fala, aprender a argumentar a agir diante de dificuldades, quer sejam de ordem individual, quanto coletivas. E quem pode conduzir este processo é o professor na sua tarefa primordial que é o de mediar o conhecimento, sobretudo de agir para que as transformações sejam realmente efetivas.
O caminho pode ser menos tortuoso quando o professor utiliza, por exemplo, metodologias inovadoras, faz da tecnologia uma aliada em suas aulas, mostrando aos estudantes as possibilidades de acessos às informações de maneira eficiente e segura e, ainda, possa transformar os conhecimentos em prol de sua formação para agir no mando de forma crítica e autônoma.
As mudanças de toda ordem, sociais, econômicas e culturais, impelem para que o conhecimento aconteça de maneira significativa e a aprendizagem seja transformadora, que os caminhos a serem trilhados sejam pensados coletivamente. O momento atual só traz à realidade uma urgência que há muito se anunciava. O futuro chegou e para evitar que a recuperação da educação seja uma catástrofe, o protagonismo é uma das possibilidades para superar os desafios que enfrentaremos.
* Jucimara de Barros Bandeira é mestre em educação e professora da Área de Educação, da Escola Superior de Educação da Uninter.
Créditos do Fotógrafo: Lucilia Guimarães/SMCS