Democracia e alteridade

Autor: Marcos Aurélio Silva Soares*

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A nossa democracia ainda é jovem, principalmente se levarmos em consideração que a nossa Constituição é datada de 1988 e é ela que contempla inúmeros mecanismos que fortalecem o exercício da cidadania em nosso país. A democracia e a cidadania vinham de um processo de fortalecimento crescente nas última três décadas, mesmo com todos os percalços vivenciados nesse período. No entanto, as duas últimas eleições presidenciais causaram um grande prejuízo ao processo de evolução da nossa democracia.

Notícias falsas sendo veiculadas por diversos meios de comunicação e pelas redes sociais trazem ao cidadão uma sensação de insegurança e de falta de credibilidade em assuntos de suma importância para a vida dos brasileiros. Chegamos ao ponto de desacreditar na ciência, nos políticos e sua rede de apoio (assessores) que espalham fake news. Podemos perceber facilmente que, para alguns (muitos), vale tudo na tentativa de se eleger ou reeleger.

Infelizmente, nossa democracia passa por uma de suas piores crises na atualidade e estamos muito próximos de mais um período eleitoral. Como poderemos superar essa crise? Minha humilde opinião é que precisamos acreditar muito na educação e nos processos de formação do atual e do futuro cidadão brasileiro.

Uma das iniciativas recentes é a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”. Nela, temos um importante reconhecimento das dificuldades sociais que necessitam ser superadas, mas um profundo respeito ao direito de o povo brasileiro escolher os seus governantes (representantes) em um processo eleitoral legítimo e saudável, que hoje é realizado por meio de urnas eletrônicas auditáveis e, mais do que isso, a garantia de que seja respeitado o resultado das urnas, independentemente de qual partido político ou seu representante tenha saído vencedor.

Uma importante reflexão é necessária de ser realizada no decorrer do processo eleitoral para todos: não podemos nos considerar donos de uma única verdade e, para o bem da nossa democracia, devemos exercitar e muito a alteridade. Tal pressuposto indica que devemos debater sobre ideias, mas sobretudo também ouvir posicionamentos contrários, entendendo que nem sempre a sua ideia prevalecerá, ou por falta de argumentos favoráveis ou em virtude de não conseguir demonstrar que os argumentos do outro não são válidos. Mas não é por isso que você deverá colecionar inimigos, terá apenas pessoas que pensam diferente de você, mas que também querem o melhor para a vida coletiva em nosso país.

* Marcos Aurélio Silva Soares é mestre em Educação e coordenador de cursos de pós-graduação na área de Educação da Uninter.

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Autor: Marcos Aurélio Silva Soares*


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