Dai a Marx o que é de Marx. Ou o deixe repousar em berço esplêndido

Autor: *Elizeu Barroso Alves

Toda vez que existe ‘eleições’ em países autoproclamados ou classificado como ‘comunistas’, como a Venezuela, a figura do Karl Marx (1818-1883), e do ‘bicho papão do comunismo’ volta à tona. Vamos tentar trazer luz a alguns fatos. Primeiro, Marx nunca foi o ‘inimigo ‘do capitalismo, visto que, em sua teoria, esse sistema é pré-requisito para o socialismo e posterior comunismo. 

Marx acreditava que o capitalismo, apesar de suas contribuições para o desenvolvimento econômico e tecnológico, era insustentável a longo prazo devido às suas contradições internas, como a exploração da classe trabalhadora, a tendência à concentração de riqueza, e as crises econômicas cíclicas. Essas contradições, segundo Marx, criariam as condições para a derrubada do capitalismo pela classe trabalhadora. 

Tendo em mente, em pleno 2024, que isso é cada vez mais utópico, pois não há uma consciência da classe trabalhadora, sendo o capitalismo o sistema perfeito ao aparente mal genético da humanidade. Em outras palavras, a natureza humana, me parece até então, nessas primeiras décadas do século XXI, como incompatível com uma sociedade sem classes e sem competição. 

Outra novidade para alguns: Karl Marx não defende a existência de ditadores em seu pensamento! Essa é uma confusão de leitores de rodapé do termo “ditadura do proletariado”, que muitos acreditam ter o mesmo sentido moderno do que conhecemos hoje. Não, não podemos ser anacrônicos. No século XIX, o sentido de ditadura não é o mesmo que conhecemos hoje, de Stalin, Lenin, Fidel, Chaves ou mesmo o Maduro. O termo “ditadura” aqui significa simplesmente o controle do poder estatal por uma classe, em contraste com a “ditadura da burguesia,” que Marx via como a situação sob o capitalismo, onde a classe capitalista controla o Estado. 

O que estamos vendo nas eleições da Venezuela é o oposto do pensamento Marxista, visto que, esse Governo de forma clara e aberta, desde Hugo Chávez, se tornou autoritário, suprimindo a dissidência e limitando liberdades democráticas. Isso vai contra a visão marxista de um governo que representa genuinamente os interesses da classe trabalhadora. O que ocorreu na URSS, em Cuba, na China…  

Outro ponto interessante, mesmo utópico, aliás, mesmo limitado ao Marx do Século XIX, é que no comunismo os recursos são de todos e administrados em benefício de toda a sociedade. Já na Venezuela, temos uma crise econômica, marcada por hiperinflação, escassez de bens essenciais e deterioração das condições de vida, fruto de má gestão e políticas econômicas equivocadas, que não se alinham com os ideais marxistas de planejamento racional e sustentado.  

Vemos essa história toda vez se repetir, quando Vladimir Putin se reelege na Rússia. Como o próprio Marx diz: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. 

Não, nunca houve um país comunista como teorizado por Karl Marx. Sim, a Venezuela tem muito a explicar sobre o seu processo eleitoral para a garantia de um Estado Democrático de Direito, que é o que se espera nessa altura da humanidade. A dica é: estude mais, principalmente no original dos autores, os coloque em suas épocas, não seja anacrônico e deixe de ter como verdade o que diz a ‘tia do Zap’. 

*Elizeu Barroso Alves é Doutor em Administração. Coordenador dos cursos de de Gestão Comercial, Gestão Estratégica Empresarial e Varejo Digital no Centro Universitário Internacional Uninter.  

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Autor: *Elizeu Barroso Alves
Créditos do Fotógrafo: Flickr


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