ARTES VISUAIS

Da África para o Brasil, bonecas abayomi cativam a imaginação dos adultos

Autor: Vitor Diniz - Estagiário de Jornalismo

Bonecas são uma parte muito importante da vida das crianças, elas são as amigas sempre prontas para  qualquer brincadeira ou voo da imaginação. Já que nos aproximamos do dia das crianças, o polo América da Uninter, em Joinville (SC), ofereceu para seus alunos uma oficina de confecção de bonecas de pano, no último dia três de outubro. Uma oportunidade gratuita de aprendizado, ministrada pela artista plástica Gilmara Farias, que é aluna do curso de Artes Visuais.

Mas boneca não é coisa de criança? Esse é um paradigma quebrado na oficina de confecção das bonecas abayomi, pois o público participante é adulto. A palavra significa ‘encontro precioso’ na língua iorubá, um dos maiores grupos étnicos linguísticos da África Ocidental.

No tempo dos navios negreiros, as mulheres escravas, no intuito de acalmar as crianças, que ficavam naturalmente agitadas durante as viagens nos porões dos navios, teciam pequenas bonecas de pano feitas com retalhos rasgados da aba das saias. De lá pra cá, a confecção de bonecas ficou muito mais sofisticada. Hoje elas são fabricadas com tecido, pedrarias e adornos, como miçangas, fitas coloridas, bordados, entre outros adereços. E as bonecas abayomi também evoluíram.

A oficina abordou os aspectos culturais da história africana e a influência que ela exerceu na cultura brasileira. Falou também do respeito pela diversidade e da valorização do protagonismo artístico e cultural das diferentes etnias.

Para a coordenadora do polo, Ana Maris Beda, o evento foi uma ótima oportunidade de trazer os estudantes para dentro da Uninter. “A oficina, além de uma oportunidade de adquirir horas complementares no currículo acadêmico, ofereceu aos alunos uma chance de experimentar o que é estar dentro de um curso superior, já que são alunos da modalidade de educação a distância”, diz.

Ana Maris destaca que seu objetivo enquanto coordenadora é tornar possível que os alunos estreitem relacionamento com os colegas e que se sintam integrados à Uninter. Por fim, ela comenta que as oficinas de 2019 já se encerraram no polo, e que a oficina de bonecas abayomi terá uma próxima edição no começo de 2020.

 

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Autor: Vitor Diniz - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo PAP América/Joinville


4 thoughts on “Da África para o Brasil, bonecas abayomi cativam a imaginação dos adultos

  1. Um quesito importante referente a boneca Abayomi é a preservação estrutural da modelagem da mesma, ou seja, sua forma de fazer, suas amarrações, seu “estilo”, tudo isto é considerado e aplicado na oficina para que esses conhecimentos sejam replicados com o mesmo referencial e ideal. Vale destacar também que a Abayomi é um importante símbolo da resistência e do empoderamento feminino desde a sua associação pela educadora popular e militante do Movimento das Mulheres Negras Lena Martins , ela liderou a confecção das bonecas no Brasil no final dos anos 1980, ao mesmo tempo em que o Movimento Negro organizava uma marcha para lembrar os 100 anos da abolição. Desde então a boneca de nó ficou conhecida e popularizou-se em todos os cantos do Brasil e no exterior.

    Gilmara Farias
    Arte-educadora, Empreendedora Sociocultural, Artista Plástica (Independente) e Acadêmica do Curso de Licenciatura em Artes Visuais UNINTER – Joinville/SC.

  2. O projwto é lindo e também já fiz uso das oficinas de bonecas abay para resgatar a cultura a fricana mas a verdade é que essas bonecas são criação de uma brasileira nos anos oitenta. Nada tem de origina nelas além do nome, a cor e a intencionalidade. Negras não usavam vestidos nos navios negreiros e essas bonecas não existiam. E bom esclarecer que essa lenda nova e urbana foi criada por uma brasileira, maranhense inclusive.

  3. Gente a boneca é brasileira e muito atual!!! Por favor se informem melhor! Procurem no Google LenaAbayomiMartins!!!! Vejam no Programa Cultine!!! Lena Martins é a Criadora da Boneca!!! Por favor vamos limpar e exclarecer as informações!!!
    Muito Grata!

    1. Olá! Segue esclarecimento obtido do responsável pela reportagem:

      “Segundo o portal GELEDÉS, do Instituto da Mulher Negra, sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros: A origem da Abayomi vem dos navios tumbeiros que transportavam escravos da África ao Brasil.
      “Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim”, (Geledés, 2015)
      O portal do instituto ainda afirma que Waldilena Martins é a pioneira da confecção no Brasil:
      “Waldilena Martins, ou Lena Martins para os mais chegados, educadora popular e militante do Movimento das Mulheres, ela liderou a confecção das bonecas no Brasil no final dos anos 1980, ao mesmo tempo em que o Movimento Negro organizava uma marcha para lembrar os 100 anos da abolição”, (Geledés, 2015)”.

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