Curitiba é destaque no consumo de cafés especiais

Autor: *André Corradini

No panorama atual do mercado de café no Brasil e, especificamente, em Curitiba, notou-se um aumento significativo nos preços da bebida. Diversos fatores estão contribuindo para esta tendência, que vai além das variações econômicas habituais, mergulhando em aspectos culturais e produtivos.

Primeiramente, é imperativo considerar a natureza perene do café, que estabelece um ciclo longo entre o plantio e a colheita. Essa característica intrínseca ao cultivo do café estabelece uma base volátil para o seu preço no mercado, sujeita a influências externas como condições climáticas adversas. Geada, por exemplo, pode devastar plantações inteiras, reduzindo a oferta e elevando os preços em níveis locais e globais.

Além disso, a pandemia da Covid-19 teve um papel indiscutível na modificação dos hábitos de consumo e na logística de distribuição do café. Com restrições globais e alterações na demanda, o setor cafeeiro enfrentou desafios sem precedentes que refletiram nos preços ao consumidor final.

Outro aspecto relevante é o custo produtivo, que abrange desde o cultivo até a comercialização do café. Aumentos nos insumos, como fertilizantes e energia, impactam diretamente o preço final do produto. Além disso, a questão do café “parado”, ou seja, estoques retidos por diversos motivos, pode gerar escassez no mercado, impulsionando os preços.

A baixa produção mundial, influenciada por fatores climáticos e por problemas na cadeia produtiva, também se apresenta como um vetor importante nessa equação. O déficit na produção afeta diretamente o Brasil, um dos maiores produtores globais, pressionando os preços para cima.

Especificamente sobre Curitiba, a cidade emerge como um ícone no consumo de cafés especiais, segmento que cresceu exponencialmente nas últimas duas décadas. Representando hoje 12% do mercado internacional, os cafés especiais, mesmo custando entre 30 a 40% mais caros que os convencionais, têm encontrado espaço crescente na preferência dos consumidores.

Curitiba destaca-se por abraçar essa tendência, promovendo um ambiente rico para a experimentação e apreciação de cafés diferenciados. A paixão dos curitibanos pela bebida, aliada à busca por qualidade e inovação no preparo, justifica parte desse aumento. Segundo Leo Moço, barista renomado na capital paranaense, o aumento no consumo também se deve à excelência na preparação da bebida, que inicia com aprimoramentos no plantio e na colheita, seguindo para a qualificação dos profissionais e a diversidade de métodos de preparo.

Dessa forma, o cenário atual do mercado de café em Curitiba e no Brasil reflete uma combinação de fatores produtivos, econômicos e culturais. A valorização dos cafés especiais, junto aos desafios enfrentados na produção e distribuição, desenha um quadro de alta nos preços que, apesar dos desafios, revela uma crescente apreciação e demanda por parte dos consumidores.

*André Corradini é engenheiro agrônomo e mestre em Gestão do Conhecimento. Coordenador dos cursos de Graduação em Ciências Agrárias no Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: *André Corradini
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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