Criminalidade rouba 3,7% das riquezas do Brasil

 

Heloisa Alves Ribas – Estagiária de Jornalismo

O crime e a violência consomem a cada ano 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Isso representa o desperdício anual de R$ 282 bilhões de todas as riquezas do país em um ano. Os cálculos são do estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o custo direto do crime e da violência na América Latina e Caribe. Em 17 países estudados, a perda chega a US$ 171 bilhões (R$ 530 bilhões no câmbio atual). O Brasil responde por 53% do custo total da criminalidade na região.

As causas e os custos dos crimes e da violência para a economia brasileira foram tratados em artigo publicado na revista científica Saúde e Desenvolvimento da UninterDe autoria das professoras e pesquisadoras Vera Lucia Pereira dos Santos, Ivana de França Garcia e Izabelle Cristina Garcia Rodrigues, o estudo demonstra que a violência urbana é um problema social que atinge principalmente pessoas com idade entre 20 e 39 anos. Hoje, a maior causa de mortes entre jovens é a violência. A pesquisa mostra que para cada mil brasileiros entre 12 e 18 anos, 2,98 são assassinados.

No artigo, as autoras salientam que os impactos da violência na saúde da sociedade são devastadores, pois para cada vítima será designado uma equipe de atendimento, uma estrutura física para recebê-la. Esses impactos são financeiros, de estrutura logística e pessoal especializado, como médicos e equipe de enfermagem, além de uma série de outros serviços demandados para dar atendimento às vítimas da violência. Isso traz ainda o impacto cultural, devido a forma como a sociedade passa a se comportar diante dessas ocorrências.

Embora seja um problema em si e pareça paradoxal, a criminalidade pode trazer um aspecto positivo do ponto de vista estritamente econômico para um setor da sociedade. “Analisando as várias vertentes da violência, pode-se afirmar que existem aspectos negativos, como o caso da saúde, e os aspectos positivos que abrangem questões econômicas”, explica o artigo. Na busca por se sentirem mais seguras, as pessoas investem em proteção para si e para suas casas. E há um setor da economia que ganha com isso.

Contudo, obviamente a criminalidade traz mais danos do que ganhos. O Ministério da Saúde reconhece a violência como um problema social que impacta diretamente na saúde pública. “As sequelas (físicas ou emocionais) deixadas pela violência acarretam em altos custos para o país, seja pela falta do trabalhador ao seu trabalho, pela baixa produtividade do acidentado devido ao dano físico ou emocional ou mesmo para a emergência hospitalar, assistência e a reabilitação desta pessoa à sociedade”, dizem as autoras em seu artigo científico.

Os resultados obtidos pela pesquisadora mostram que moradores pardos da região Sudeste estão mais suscetíveis à violência, principalmente a violência no trânsito, que é uma das formas que mais acometem os jovens. A região Sul apresenta os maiores índices de violência contra pessoas desconhecidas, sem necessidade de internação, e as principais vítimas são jovens negros (72,6%). Já a região Nordeste apresenta os menores índices de violência ou agressão por pessoa desconhecida, sem necessidade de internação (6,1%). Porém, os negros são os mais atingidos (15,8%).

No artigo, as autoras concluem que a educação e mudança cultural apresentaram-se como algumas das principais formas de minimizar a violência.

Clique aqui para acessar este e outros artigos da revista Científica Saúde e Desenvolvimento.

 

Edição: Mauri König

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