Criações de Maike Moreira despontam no 26º Salão Jovem Arte

Maike Moreira é estudante do curso de bacharel em Artes Visuais, no polo da Uninter em Rondonópolis (MT), e é um dos três nomes da cidade selecionados para o 26º Salão Jovem Arte, a vitrine de artes visuais mais tradicional do estado de Mato Grosso, que acontece entre 6 de outubro e 10 de dezembro de 2021.

O artista foi selecionado entre 214 inscritos, na categoria objetos tridimensionais, com as obras “Transmutações da natureza – Boi” e “Transmutações da natureza – Porco”, desenvolvidas especialmente para esta exposição.

“Essas obras surgiram de uma conversa entre artistas com o grandioso Oscar D’Ambrósio como mediador. Ele estava dando algumas ideias a uma colega e aí ‘eureca’ surgiu na mente. Foram produzidas usando materiais naturais misturados com matérias industriais. Usei crânio de porco e de boi, galho de árvores, chifre de boi, tinta, papel, cola e verniz”, conta o criador.

A exposição é realizada pela Secretaria do Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) em parceria com o Instituto Kurâdomôdo e o Centro Audiovisual Luiz Marchetti (CALM). Este ano, o evento apresenta o conceito Discos Imaginais, e mostra que “toda pessoa tem um disco artístico como força geradora de cultura, humanidade e visão de mundo”.

Esta força, para Maike, é a família, que sempre o apoia a estudar temas sobre arte, desde que iniciou a carreira. “Essa ânsia em buscar experienciar todos os materiais para produção de arte sempre me trazem energia para produzir”, afirma.

“A minha ‘praia’ na verdade é a pintura. Mas, enquanto artista visual, experiencio de tudo e usar materiais naturais me deixou fascinado. Usar os restos mortais de animais para ele renascer é como se ele voltasse dos mortos em outro corpo, ou seja, reencarnado. Isso traz a ideia do espiritismo, meu lado espiritual”, salienta.

Temas sobre poética espiritual sempre cercam a inspiração do artista (conheça a trajetória do profissional com a arte em reportagem realizada pela CNU, neste link). No entanto, neste momento Maike está associando o espiritual com a poética sobre morte, algo que sempre quis produzir.

O mato-grossense acredita ser necessário levantar uma reflexão sobre a temática, pois “ninguém se prepara para partir”, já que o assunto é evitado por muitos. As obras criadas para o Salão Jovem Arte é um “pontapé inicial” dentro desta área.

“A inspiração foi lembrar da ‘necropoetica’, onde os restos mortais de animais que se foram serviram de objetos para recriar a ‘forma-formada’, como nos diz Pareyson. Quero que as pessoas reflitam no tema sobre cruzamento genético. A misturas de genes de plantas e animais pode se tornar perigoso daqui alguns anos. As obras que fiz representam os restos mortais de animais modificados nos laboratórios. Quem sabe, daqui uns anos, a obra se torna parte da realidade né”, explica.

Esta edição conta ainda com um programa educativo criado por artistas-educadores “a fim de formar profissionais da educação interessados em abordar temas das artes visuais e da cultura do Estado em sala de aula. Além das exposições, prevê realização de oficinas e bate-papos, bem como uma cerimônia de premiação”.

Maike, que também atua como professor de Arte na rede pública de MT, acredita que essa ideia é maravilhosa para fomentar as práticas artísticas para o estado. “Mato Grosso ainda tem temáticas e produções mais clássicas como pintura de boi, araras e caju. Essa nova vertente contemporânea e conceitual do 26º salão irá alavancar as artes e os artistas do estado a repensarem o lugar da arte por aqui”, conclui.

Os 64 artistas, selecionados dentro de 10 categorias, terão as obras expostas em três locais físicos da capital Cuiabá (MT): Galeria Lavapés, Museu de Artes e Cultural Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP-UFMT) e Sesc Arsenal, além da possibilidade de visitas virtuais. Os profissionais concorrem a 18 prêmios em dinheiro, com valores de 2 mil a 6 mil reais em cada categoria e dois prêmios aquisitivos de R$ 8 mil.

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