Cresce número de jovens e adultos que não trabalham e não estudam

Autor: Christiane Kaminski *

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego, do primeiro trimestre de 2024, apontam que hoje temos mais de 5,4 milhões de jovens e adultos que não trabalham, não procuram emprego e não estudam. E isto representa um grave problema social em países como o Brasil.  

O crescimento desta parcela da população dos jovens e adultos que não estudam e não trabalham, conta com cerca de 36% no Brasil, contra 15% e 20% nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).  

Esse grupo é composto majoritariamente por mulheres (60%), muitas das quais têm filhos pequenos, e por jovens negros (68%). Além disso, a taxa de participação dos jovens no mercado de trabalho caiu de 52,7%, em 2019, para 50,5%, em 2023.   

Podemos apontar diferentes variantes para esta condição, que também foram agravadas pelos dois anos de pandemia, que variam desde fatores econômicos, como desemprego e falta de oportunidades, até motivos pessoais, como gravidez precoce, cuidado de familiares ou desinteresse em trabalhar ou continuar estudando.  

Estes fatores atingem principalmente as famílias mais pobres, nas quais estes jovens e adultos, especialmente jovens mulheres, tiveram que deixar de estudar e trabalhar para poderem exercer tarefas domésticas, criar filhos, cuidar de idosos ou outros familiares. 

 Já nas famílias com melhor poder aquisitivo, os números dos jovens e adultos que não estudam ou trabalham é menor, se comparado aos de baixa renda, pois estes possuem maiores condições de se prepararem e conseguirem ingressar em uma faculdade.  

A educação, como uma das variantes frente a estes jovens e adultos que não estudam e não trabalham tem sua parcela de culpa, visto que ainda, enfrentamos a baixa qualidade da educação e a desconexão entre o currículo escolar, cidadania, projeto de vida e trabalho, fatores estes que contribuem para essa realidade.   

Tomando-se por base estas variantes, compreendemos o porquê muitos destes sujeitos não veem valor em continuar seus estudos e à falta do prosseguimento nos estudos. Em contrapartida, também impacta em suas perspectivas de emprego e futuro. É bastante comum que muitos destes jovens e adultos não tenham concluído o ensino fundamental, e tão pouco tenham perspectivas para a formação profissional.   

Como visto, os números são preocupantes e se faz necessário, enfrentar esse desafio. Neste sentido, é preciso repensar as políticas públicas com programas de aprendizagem, políticas de permanência e assistência estudantil, além de iniciativas que permitam a esta parcela da população vislumbrar o futuro por meio de formação e capacitação para o mercado de trabalho.   

O mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais exigente, demandando formação e experiência que muitos jovens e adultos não possuem. As rápidas mudanças tecnológicas e a necessidade de atualização constante, também dificultam a inserção desses jovens e adultos no mercado.   

Nesse contexto, iniciativas voltadas para a educação e formação profissional se tornam ferramentas importantes para que o futuro de jovens e adultos seja transformado, a fim de ampliar a inclusão socioprodutiva, melhorar a renda e gerar novas oportunidades de trabalho e emprego.  

Boas alternativas que se apresentam são a formação profissionalizante e a capacitação técnica, que podem transformar a vida destes jovens e adultos que não trabalham e não estudam, capacitando-os em profissionais empreendedores, criativos, éticos e inovadores. A profissionalização é o melhor passaporte para o futuro, concluindo com a sua empregabilidade, novas oportunidades, ingresso ao mercado de trabalho e uma mudança de vida!  

* Christiane Kaminski é Doutora em Educação pela Federal do Paraná, Membro Titular do Conselho de Educação do Paraná. Diretora da Escola de Formação Técnica e Profissional da Uninter.

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Autor: Christiane Kaminski *
Créditos do Fotógrafo: Manuel Alvarez/Pixabay


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